— Venha para a cama. — Disse o comandante Gavrel da nave pirata Margosha. Sua voz era rouca e denunciava que estava sonolento.
Keesa não sabia o que raios esperar dessa ordem. Talvez seu dono queria fazer "coisas" com ele que provavelmente fossem machucar. Ele lembrou-se da última vez em que Gavrel o mordeu em seu pescoço e sugou freneticamente seu sangue. Era para ter doído e ele gritado aos quatro ventos por sentir-se ser devorado por uma criatura horrenda, mas não, a sensação tinha sido a melhor de sua vida e por mais medo que sentisse, não iria negar sentir aquilo de novo.
Kimm, a mulher loira e com o semblante perigoso que trabalhava para Gavrel, tinha lhe dito que o comandante era seu melhor amigo, e para Keesa não confiar no que as outras pessoas diziam a respeito dele.
Askell, por outro lado, disse logo quando o pegou em Exórdio, que o líder pirata era violento e que Keesa poderia não durar nas mãos dele.
Pensou em conversar com os gêmeos, que agora eram pets de Askell, mas ele ainda não tinha recebido permissão para sair do quarto.
Levantou-se um pouco trêmulo, a roupa que vestia - uma camisola que mais parecia um vestido meio transparente até as coxas - não o protegia do frio. E mesmo que a lareira estava acesa, ele ainda podia sentir os pés e as mãos geladas.
Quando chegou à cama, Gavrel puxou os cobertores e deu espaço para Keesa se deitar. O colchão era tão maravilhoso, era o melhor que já tinha sentido contra o seu corpo em muito tempo. Ele afundou na maciez. Queria se cobrir para se manter mais quente e confortável, porém Gavrel empurrou as cobertas para trás. Ele estava deitado de lado, olhando-o sem reservas. Não havia o tapa olho para atrapalhá-lo, por isso Keesa identificou a diferença de tons de cores em ambos os olhos.
Ele era tão lindo.
Quando notou que estava olhando demais para o seu dono, e sabia que não era permitido fazer isso no mundo pet, abaixou seu olhar e se remexeu nervoso.
— Há algo em você, pet, que o torna muito diferente dos demais.
A mão de Gavrel tocou sobre o peito de Keesa e descansou lá por um momento. Sua respiração se tornou um pouco mais errática.
— O-O quê? O que há de diferente em mim? — Perguntou em um fio de voz.
— Por que está com medo? — Gavrel indagou ignorando a pergunta de Keesa.
— Porque... — Tornando-se ainda mais nervoso, ele olhou nos olhos de seu amo e não viu nada lá que fosse ameaçador, na verdade, parecia haver uma máscara que não lhe permitia ver quaisquer emoções no rosto do comandante. — E-Eu não sei.
Se ele dissesse que estava com medo de Gavrel bater nele, bem... não fazia ideia do que poderia acontecer. Talvez o pirata riria dele e o xingaria de nomes horríveis, ou talvez ele realmente provasse a Keesa que pode bater bem forte.
Não imaginava um dia ver o homem revirar os olhos.
— Foi Askell não é? — Gavrel sentou-se na cama, passando as mãos por seus cabelos revoltos. Eles pareciam ser macios, de cor castanho e um pouco abaixo dos ombros. Eram volumosos e meio ondulados, Keesa queria um dia tocar neles, se fosse possível.
— O quê? — Saiu de seus devaneios.
— Foi ele que te disse coisas sobre mim, não é?
Bem... não é como se Keesa pudesse negar isso. Askell dizia ser o melhor amigo do líder.
Ele assentiu.
Gavrel fez um som como o grunhido de um animal, era quase fofo.
— Disse que eu sou violento?
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Lost Blue [Romance Gay]
RomanceQuando Trey Scarlet, um caçador de recompensas muito interessado em dinheiro, é recrutado juntamente com seus tripulantes para resgatar o maior tesouro da Rainha da Federação dos Planetas, ele nunca imaginou que ficaria tão impressionado com o que e...