Capítulo 24 - Seu mundo

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A nave Imperatriz estava sendo mantida em um galpão que servia apenas para a manutenção das naves de combate e naves comuns da Margosha. Era um lugar imenso com maquinários por toda volta e trabalhadores por toda parte. Ouvia-se o barulho alto das vozes, das máquinas trabalhando e também do motor da nave-mãe que estava próximo dali.

Aquantis estava sobre a ponte, um caminho com um corrimão de aço que tomava metade da única janela daquele lugar. Era um vitral em forma oval que tomava parte do casco da nave. Era incrível.

Era possível ver as constelações brilhantes das mais variadas cores. Planetas estranhos orbitavam uma estrela maior e asteroides flutuavam ao redor sem representarem ameaça.

No entanto, apesar de estar com a testa e mãos coladas contra o vidro, sua mente estava perdida em outro lugar.

As alucinações que teve naquele dia em Epsulum38.

Foi horrível contemplar as feições malignas da Rainha, pois se pudesse, desejava esquecer o seu rosto. Descobrir que na verdade sabia como eram os seus pais, foi uma surpresa bem grande, pois não se lembrava em nada da sua família ou o que houve antes de ser levado para a Federação quando criança. Mas a imagem clara deles sendo mortos na sua frente trouxe um pânico diferente de tudo o que já sentiu para dentro dele, o fez tremer e seu estômago se contorcer.

Eles estavam vivos. Tinha que acreditar nisso. Não importa o que acontecesse, os encontraria e os protegeria.

Não, primeiro teria que destruir a Federação, porque... e se fossem para Lost Blue e a Federação encontrasse uma maneira de segui-los até lá? Não queria arriscar perder ninguém e muito menos levar a ameaça até onde o seu povo estava vivendo.

Eles... realmente viviam em paz?

— Você parece profundamente pensativo, Blue. — A voz de barítono do comandante Gavrel o assustou.

— Comandante.

— Suas alucinações te deixaram aflito, não é? — Ele voltou a dizer. — As minhas também não foram as melhores, não saem da minha mente. — Ele fez uma pausa para olhar para ele com aquele único olho dourado, o outro coberto pelo tapa-olho. Então fez a coisa mais estranha, descobriu o outro olho que tinha uma tonalidade diferente, mais escura, e um estranho brilho, sem falar das cicatrizes em torno dele que levavam a testa e a bochecha. — Está surpreso?

— Um pouco. — Queria perguntar o que tinha lhe acontecido para gerar aquelas cicatrizes e um olho estranho, mas era melhor se calar. Gavrel tinha a reputação de ser temido, portanto confrontá-lo em seu território não seria nada inteligente, por mais simples que o assunto parecesse.

— Esse olho me garante ver se o seu coração é sincero enquanto me responde.

— Mas por que o esconde?

— Por que você acha? — Ele ergueu uma sobrancelha e Aquantis encolheu os ombros. — Mantê-lo escondido me faz mais... normal. Se eu sempre ver o que há no coração de quem está ao meu redor, estaria decepcionado o tempo todo. — Ele suspirou. Suas palavras lhe chamaram a atenção.

— E o que sobre mim?

— Sobre você? — Um sorriso medonho repuxou seus lábios quando ele colocou de volta o tapa-olho. — Seu coração lembra um pouco o de Keesa, é sincero, cheio de sentimentos bons, mas também carrega um peso enorme que é quase insuportável. O peso de um passado ruim. — Ele voltou a observar o espaço.

— Por isso que você trata o Keesa bem? Porque ele é sincero quando está com você?

Gavrel lhe deu um olhar e o desviou novamente para o espaço, sem responder.

Lost Blue [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora