Capítulo 40 - Abandonado

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Consternado, Sully estava sentado em um canto qualquer, apenas olhando para suas mãos enquanto lágrimas verteram de seus olhos, uma após a outra, trilhando caminhos por sua face e gotejando em seus braços.

Este era o fim. Toda a sua luta, todo o seu trabalho, tudo pelo que acreditava, tinha morrido ali, na visão de Lost Blue, o planeta que antes tinha sido repleto de uma luz benéfica e maravilhosa, sendo capaz de ser visto de longe, era agora uma estrela morta, apagada.

Depois de sua decepção, não tinha mais olhado para o painel principal, não tinha mais falado com ninguém, mesmo que Aquantis e os outros tentassem consolá-lo. Só... não acreditava.

Claro que tinha pensado na possibilidade das coisas darem errado, de chegar tarde demais ao seu planeta natal, mas teve tanta esperança por causa de seus amigos, ainda mais com Aquantis ao seu lado.

- Dói muito... - Disse quando Austin o abraçou de lado, deixando o controle da nave ser assumido por Trey e Gavrel. - Dói demais... - Colocou a mão sobre o coração, apertando sobre as roupas, fechando os olhos com força, tentando fazer aquilo passar. Era uma sensação horrível e estava o destruindo.

- Eu sinto muito, meu amor. - Austin falou baixinho, apertando-o em seu abraço, beijando sua testa. - Sei o quanto é importante para você.

- Meus pais... devem estar mortos. Todos devem estar. Não tem mais luz, como podem viver sem luz...?

- Sully, você não tinha dito que eles estavam se preparando? Não pode perder a esperança. Além do mais, se você vive sem luz, eles podem viver também.

Isso é verdade... Sully olhou em seus olhos e então enxugou suas lágrimas abruptamente.

- Acha que... será?

- Bem, não custa tentar entrar em contato e verificar o que aconteceu. Eles podem ter fugido em naves, antes que o planeta ficasse impróprio para a vida. Seu pai era um homem muito inteligente, você mesmo disse isso. Então vamos confiar que ele deu um jeito nas coisas.

- Mas... - Não entendia por que seu cérebro ainda queria encontrar uma resposta negativa para o que seu amante estava falando. Como os cientistas diziam, o cérebro era viciado em encontrar coisas ruins e se aferrar a elas, ignorando o que havia de bom. Mas ao contrário de sua ignorância, o coração era onde a esperança estava enraizada, onde brotava a expectativa de que Austin estivesse certo.

Seu amante lhe deu aquele sorriso fofo de menino e alisou suas costas. Seu olhar cheio de amor fez Sully mais calmo e sorriu de volta, ainda que um pouco triste.

- Você está certo.

- É isso aí. Agora vamos levantar e ver o que vamos fazer, okay?

Aquiesceu aliviado. Era tão bom ter pessoas que se importavam de verdade com ele.

A nave Imperatriz adentrou a atmosfera de Lost Blue. A escuridão era apenas quebrada pelo brilho das lanternas mais potentes da nave. O planeta era muito peculiar, com ilhas flutuantes, grandes montanhas, construções gigantescas e abismos profundos. Infelizmente não era possível se ver muitos detalhes e cores. Mas uma certeza tinha, estava vazio, completamente abandonado.

Todos pareciam preocupados e ficaram em silêncio enquanto a Imperatriz mapeava as cidades e procurava dicas do que havia acontecido.

- Não seria melhor nós sairmos? - Indagou Trey.

- Não sei se é seguro, comandante. - Respondeu Gavrel, com olhos avaliadores para a tela. - Vocês já pousaram em um planeta abandonado antes, cuja energia foi dizimada?

Lost Blue [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora