O Dono do Morro

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Rafael On

Levo Stella para o morro, onde havia um cara que estudava para ser medicina. Bem, agora vocês sabem que nem todo médico estuda pra ser exatamente médico.
Thales vinha logo atrás e eu juro que estou tentando me conter para não dar um tiro no meio do pipoco desse imbecil.
Marco, o ""médico"", resolve a facada. Fecha a ferida e espera Stella acordar.
R: Qual é o seu problema?
T: E-eu estava tentando ajudar. -Fala,chorando.
R: AJUDAR ESFAQUEANDO A MINHA IRMÃ? -o empurro.
T: EU NUNCA USEI UMA FACA COMO DEFESA. NN SABIA COMO SEGURAR.
R: NUNCA ASSISTIU FILME DE AÇÃO? TERROR? SEU INÚTIL.
T: PARA DE ME XINGAR
S: CALEM A BOCA OS DOIS -Stella nos assusta e viramos rapidamente em sua direção.
A raiva só crescia em mim, mas naquele momento, tudo pareceu estar incrivelmente e drasticamente mudado. Minha expressão mudara e eu me sentia completamente aliviado.
R: Como se sente.
S: Estou bem.
Simplesmente levanta, se troca e sai do hospital.
Simples assim.
Mas claro, vou atrás.
R: Você precisa descansar.
S: Vou pra casa.
Apenas concordo. Thales vem atrás.
Vacilão.

Stella on
Assim que chego em casa, subo as escadas correndo.
Edu: Como foi?? STELLA?
Bato a porta do quarto e então começo a ouvir meu irmão gritar com o Thales. Ouço vidro quebrando, Priscilla tentando separar, e tento apenas manter a calma.
Sinceramente?
Meus pais foram mortos. NA MINHA FRENTE. Eu convivi grande parte da minha vida com eles. Eu estou destruída. Ambos eram psicopatas e agora..... eu..... eu tenho nojo de mim.
Eu....
Eu nem sei mais o que falar.

Começo a chorar. Sem parar.
Tanto tempo sem fazer isso, engolindo cada lágrima.
Mas hoje eu quero uma exceção.
Eu PRECISO de uma.

Não me importo se estou gritando tanto quanto choro.
Não me importo se meu irmão está nos murros com o Thales.
Não me importo se eu estou deixando a dor me vencer.

Quantas pessoas eles mataram?
Quantas pessoas lhe deram sorrisos e estiveram sempre à disposição achando que eles faziam o bem?
E eu sou filha deles.
E eu estava me tornando igual a ambos.

Quem eu quero enganar? A dor que eu sinto, todo esse remorso guardado por meses e meses e agora eu estou aqui.
Chorando, gritando desesperada. Procurando por uma saída onde não há.

Edu: Ei, calma -Entra no meu quarto e fecha a porta. Me abraça.
S: Vai embora.
Edu: Está tudo bem. -Me encosta em seu peito e acaricia minha bochacha. -Estou aqui.
Eu não conseguia dizer nada. Nenhuma palavra surgia em minha mente. Nada favorável àquele momento. Nada que valha a pena dizer. Eu só queria gritar. Eu preciso esbanjar toda a minha dor, porque não aguento mais guardar isso pra mim. Denny me ensinou a ser tão fria e a engolir tantas "moscas e sapos" que eles mesmos me mataram. E dói.
Ele não me calou. Apenas me abraçou mais, não deixando-me sair.
Por mais que eu tente negar, meus gritos silenciaram a casa. Apartaram a briga que de modo algum nem conseguiam tocar nos dois. E eu o abracei. Não por falta do que fazer, não por precisar abraçar alguém,  apesar de eu precisar mesmo.

Mas sim porque ele me entendia.
Não meu gêmeo.
Nem minha irmã.
Nem meus amigos.
Apenas o rapaz que eu tanto odiava 5 minutos atrás.

Meus gritos cessaram e eu amoleci em seus braços. Cansada. Esgotada. Sem fôlego algum.
Ele me deitou, tirou meu tênis e puxou a coberta. Cobriu-me e logo deitou-se junto. Me puxou pra si e colocou sua mão em minhas costas, fazendo carinho. Lentamente, acalmava, arrepiava. E eu não queria sair dali. Pra mim, já chega.

Edu: Melhor?

Se deixasse meu orgulho ir em frente, eu continuaria a deixa-lo bater contra um muro e se machucar sem dó. Sem me conhecer de verdade. E eu estou tão cansada. Droga. Tenho que ser verdadeira. Eu preciso ser.

Nego.

E: Eu também não. -Ouço seu suspiro. Ele me envolve mais e eu fecho os olhos, retribuindo.

Eu não precisava perguntar o porquê.
Seus olhos já diziam muito.
Como eu disse, ele me entendia. E isso o afetou também.
Não sei como.

Em minutos meu coração desacelerou, minhas pálpebras pesaram e eu sussurrei para mim mesma: Chega.

Me aconcheguei mais e suspirei.

Edu: Descanse bem.