~ Louis POV ~
– Esse é Louis Tomlinson pessoal! – Ron grita e a plateia aplaude, me deixando mais nervoso – Ele é um artista impressionante, como podem ver. E já que conseguiu terceiro lugar, está sendo premiado com 1.500 dólares, tudo graças aos nossos patrocinadores. – Guelik diz e eu entro mais em choque ainda.
Enquanto todos aplaudem e assobiam, eu só consigo pensar em como tudo isso é inacreditável. Eu não tinha nada a pouco tempo, agora estou em Londres ganhando um prêmio absurdo por uma obra minha.
Porém, por mais que eu me sinta o garoto mais feliz de todos, não consigo deixar de lado o fato de que meus pais não estão aqui pra ver isso, eu não tive a chance de deixá-los orgulhosos.
– E então? – Zayn diz me tirando dos meus pensamentos.
– E então o que? – pergunto confuso.
– O discurso! – ele diz com um olhar óbvio.
Eu não sei nada sobre discurso algum, ninguém me avisou que eu teria que fazer um. Meu deus o que eu faço agora?
– Bem... eu... eu só... – eu não sou nenhum expert em improviso de discursos. Não tenho experiência alguma com essa coisa – Eu só tenho a agradecer, especialmente ao Niall por ter tornado isso realidade, e também ao Ron por ter me aceitado e a todos que me apoiaram! – digo o melhor que consigo formular.
– Só isso? Qual é, faz um discurso aí! – Ron diz enquanto me da tapinhas no ombro esquerdo.
Eu mal tenho tempo de respondê-lo, pois toda a plateia começa a gritar "discurso" sem parar.
Sinto uma leve tontura e tento focar no rosto de alguém como uma forma de me concentrar, porém a luz forte do refletor me impede de achar a face de qualquer um. Olho para o lado e até mesmo Zayn grita com a plateia.
Antes mesmo de tentar formular algo novamente, eu vejo o que parece ser a sombra de uma mulher, parada na frente do refletor junto a um homem. Ambos tampavam a luz ofuscante com os seus corpos, mas não era possível ver exatamente quem eles eram.
Desvio minha atenção para Zayn que toca meu ombro como forma de me apressar, porém não ligo muito e volto a olhar para as duas figuras na frente do refletor, finalmente conseguindo ver suas feições.~ Harry POV ~
– Ele... ele tá chorando? – pergunto tentando enxergar o rosto de Louis em meio as luzes.
– Acho que sim, mas deve ser de alegria. – Liam me responde alto enquanto aplaude.
Todos não paravam de gritar "discurso", seus aplausos eram altos e vários soltavam assobios, porém Louis não parecia reagir ao que estava acontecendo.
– Ele não me parece alegre! – digo quando finalmente consigo ver o rosto pálido de Louis.
Ele olhava fixamente para cima, como se algo assustasse ele. Parando para perceber, o seu olhar era petrificado e suas lágrimas pareciam de tristeza. Tentei seguir seus olhos, que apontavam em direção ao refletor principal, mas não tinha nada e nem ninguém lá em cima. Quando voltei minha atenção para frente, todos tinham parado de aplaudir e gritar, o ambiente foi preenchido por sussurros e todos encaravam Louis, que corria desesperadamente em direção à saída.
– O que houve? – Liam perguntou surpreso e preocupado.
– Eu não sei, mas vou lá ver! – respondi correndo na direção por onde Louis tinha seguido.~ Louis POV ~
Respira, respira Louis. Tá tudo bem, você só saiu correndo feito um doido.
– O que aconteceu? – alguém grita atrás de mim.
Me viro e vejo um Harry cansado se encostando em um carro qualquer.
– Eu... eu não sei. – respondo ainda não acreditando no que acabou de acontecer.
– Não precisava disso tudo, era só um discurso Louis. – Harry diz rindo.
– Não foi isso. – digo enquanto as imagens voltam na minha mente.
– Então o que foi? – Harry pergunta me olhando fixamente.
– Bem, eu... eu acho que... acho que vi... – não consigo nem descrever a merda que aconteceu.
– Louis você tá bem mesmo? – Harry se aproxima – Sei que é muita emoção e tals, mas você não pode sair correndo como uma noiva que não quer mais casar. – Harry sorri com a própria analogia.
– Eu vi meus pais! – digo de uma vez enquanto seu sorriso desaparece rapidamente.
– Oi? Eles não estão... você sabe... descansando?
– Pode usar a palavra mortos Harry, tá tudo bem. – digo, sentindo meu peito apertar – Eles... eles morreram. – reafirmo enquanto sinto as lágrimas virem.~ Harry POV ~
– Eu não queria usar essa palavra. – confesso.
Eu não sei qual a posição do Louis nesse assunto, ele perdeu os pais a pouco tempo, não sei como ele tá lidando com isso.
– Tá tudo bem em usar ela. – Louis diz com a voz rouca – É só que veio tudo de uma vez. – ele diz olhando para o céu.
– Você quer falar sobre isso? – pergunto me aproximando e encostando na traseira de uma camionete vermelha ao seu lado.
– Eu sei lá. Acho que eu não tive a chance de parar pra pensar sobre tudo. – algumas lágrimas escorreram enquanto ele ainda olhava para o céu.
– Bem... eu não tenho muita experiência com esse tipo de coisa, mas acho que o melhor é aceitar o vazio sem dor.
– Como assim? – Louis me olha.
– É como se você tivesse uma planta preferida e você guardasse ela no vaso mais especial que tem. Como tudo na vida, nada é pra sempre, então um dia ela vai... não estar mais lá. – tento formular melhor minha ideia – E bem, quando isso acontecer, vai ser chato, triste, doloroso... e vazio. Mas você vai perceber que aquele lugar, o vazio que ela deixou no seu vaso preferido, esse vazio não precisa ser chato ou triste. Você percebe que depois de um tempo, aquela planta gerou frutos incríveis durante a sua vida e após a sua morte, e esse frutos, sejam eles quais forem, podem tornar esse vazio menos vazio.
– A resposta é substituir?
– Não.
– Então qual é?
– Bem, não tem somente uma resposta. Existem varias formas de se lidar com esse tal vazio, mas pra mim a melhor delas é a recordação. Não é lembrar do momento em que a planta se foi ou de como ela estava fraca antes de ir, mas sim lembrar de como ela era quando saudável, qual o sentimento que ela te passava, a beleza que ela trazia na sua vida. – desvio meu olhar para o céu – Acho que o melhor a se fazer é pegar o vaso especial e torná-lo mais especial ainda, deixando que os bons frutos da planta tomem lugar. Claro que eles não vão roubar o lugar da planta, não vão substituí-la. Eles vão tornar o vazio menos vazio, fazendo com que cada vez que você olhe para eles, você veja o melhor que a planta pôde gerar.
– Acho que entendo. – Louis diz e deita sua cabeça no meu ombro.
– Sei que eles se foram, e sei que é muito doloroso, mas olha o que aconteceu. – digo enquanto abraço Louis de lado – Você está aqui agora, recebendo o reconhecimento que merece, tendo a chance de conhecer um lugar novo, fazendo novas amizades. Tudo bem que você poderia ter tido isso sem a morte deles, ou até melhor. Não da pra saber exatamente, mas a questão é que infelizmente aconteceu o que aconteceu e não podemos mudar o passado. Então veja os frutos bons dessa despedida. Acredito que eles iriam querer que aproveitasse sua vida independente de tudo.
Louis não diz nada, apenas me abraça forte e eu retribuo da melhor forma possível.
– Muito obrigado Hazza. – a voz de Louis soa abafada contra o meu peito.
– Não precisa me agradecer, estou aqui pro que precisar. – digo apertando ele nos meus braços.
Após alguns segundos cortamos o abraço e Louis olha fixamente na direção da galeria.
– Você quer voltar pra lá?
– Não, eu to sem cabeça pra comemoração agora! – Louis responde com uma careta.
– Então vamos pra outro lugar. – digo enquanto pego as minhas chaves.
– Pra onde?
– Quer ir pra casa? – pergunto enquanto vou em direção ao meu carro.
– Acho melhor não, os meninos vão querer uma explicação e eu não sei se estou preparado para falar sobre isso agora. – Louis diz enquanto me segue.
– Então acho que tenho um lugar em mente. – destra as portas do veículo assim que o encontro.
– Que lugar? – Louis pergunta confuso enquanto entramos no carro.
– Você vai ver! – digo sorrindo e dou partida.

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Call It What You Want • l.s
FanfictionApós ser expulso de casa pelo seu irmão, Louis Tomlinson, um jovem de 19 anos sem rumo, decide aceitar a proposta de seu amigo para ir morar em Londres. Mas ao chegar na Inglaterra Louis acaba por descobrir que não dividirá uma casa somente com seu...