Por favor, não se aproxime

Capítulo 22 - Por que?

                [Narrado por Luan]

"Em meu coração eu sei que falhei, mas você me deixou aqui sozinho." — Remember everything // Five Finger Death Punch

     O calor que se fazia naquela noite era quase insuportável. A brisa também estava quente e não ajudava em nada. Eu estava muito cansado, mas depois da conversa que eu havia tido com Enya, tudo que eu queria era conversar com Kell e declarar todo o amor que eu tinha por ela. Mais que isso, eu queria ficar com ela. Para sempre se fosse possível. Eu não esperaria até o sábado.

     Tomei um banho para aliviar o calor e vesti a primeira roupa que encontrei no armário. Eu não ligava muito para minha aparência naquele momento, por isso apenas me preocupei em vestir uma roupa e secar meu cabelo com uma toalha. Tudo que eu queria era encontrar Kell o quanto antes.

     Depois disso, saí em minha moto na direção da casa de Kell.
Cheguei em menos de dez minutos e parei a moto com o coração disparado. O que eu ia dizer? Não havia ensaiado as palavras. Subi os degraus até a entrada da casa com um sorriso bobo no rosto e toquei a campainha. A mãe dela abriu a porta, com a testa franzida.

— Pois não?

— Eu gostaria de falar com a Kell — falei, nervoso.

     A mulher sorriu para mim.

— Kell saiu, querido. Gostaria de esperá-la?

— Ela vai demorar? — indaguei.

— Geralmente ela chega às 22h:00 horas — declarou a mulher.

     Olhei a hora em meu relógio de pulso e segurei um suspiro. Ainda eram 20h30m. Eu não ia esperar por tanto tempo.

— Sabe pra onde ela foi? — A ansiedade era evidente em minha voz.

     A mãe de Kell balançou a cabeça negativamente.

— Não.

— Tudo bem, eu volto mais tarde. — Sorri para ela, mas meu sorriso era de decepção.

— Você quem sabe.

     Concordei com ela e saí pilotando minha moto de novo, dessa vez para a casa de Enya. Em pouco tempo cheguei ao meu destino e me peguei surpreso ao ver Kell em frente a porta de Enya. As ruas estavam meio escuras, mas eu reconheceria Kell em qualquer lugar do mundo, mesmo com pouca iluminação. Ela não estava sozinha. Havia um garoto com ela. Eu nunca havia falado com ele, entretanto sabia quem ele era. Oliver Barker. Um dos admiradores de Kell. Eles estavam escrevendo alguma coisa na porta de Enya. Me aproximei devagar e subi na calçada. Eles estavam tão concentrados no que estavam fazendo que não me viram chegar.

— O que estão fazendo?

    Kell recuou assustada e o garoto fez o mesmo ao me ouvirem. Com isso ambos saíram da frente da porta e contemplei o que haviam escrito.

    "Foi suicídio!"

— Que merda é essa, Kell? — perguntei, alto o suficiente para que Enya pudesse ouvir.

— Luan, por favor...

    Enya estava no quarto. Olhei para sua janela e ela nos olhou confusa. Karla abriu a porta logo em seguida.

— O quê... — Ela parou subitamente de falar quando leu o que estava escrito em sua porta, agora aberta.

— Só me deixa explicar, Luan — pediu Kell.

    Balancei a cabeça negativamente.

— Não é a minha porta que você está banalizando com uma frase idiota, Kell.