Capítulo 23 - Victor

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"Ai, eu me perdi de novo.
Me perdi e não há lugar nenhum pra me encontrar. É, eu acho que eu poderia desmoronar..." — Breathe-me // Sia

     Eu entrei no meu quarto sentindo uma necessidade extrema de me machucar, mas me controlei de repente, lembrando que não tinha mais minhas lâminas. Se eu fosse me cortar seria com algo maior e talvez mais perigoso. Quem sabe uma faca ou uma tesoura... Mas eu não ia fazer isso. Não podia.

     Deitei em minha cama lembrando de tudo que me deixava mal e chorei até não conseguir mais. Chorei pelo que pareceram horas e quando por fim parei, meu rosto estava manchado pelas lágrimas e meus olhos ardiam.

     Eram 1h30m da manhã quando recebi uma mensagem de Luan.

"Estou namorando sério com Kell. Sinto muito, mas eu amo ela Enya..."

     Deixei o celular de lado por um tempo e refleti se eu podia ficar brava por isso, mas me dei conta de que não. Luan era apaixonado por Kell, e se ela também gostava dele não havia razão para não ficarem juntos. Respondi a mensagem apenas com um coração e me permiti chorar de novo até as 2h00 da manhã, quando finalmente dormir.

     Acordei quase na hora de ir para à escola e mandei uma mensagem para Luan dizendo que ele não precisava me levar naquela tarde. Claro que ele me ligou logo em seguida.

— Está brava comigo? — perguntou, assim que atendi.

     Eu quase ri dele. Precisava disso?

— Vou pra escola com uma amiga. É só isso.

— Que amiga, senhorita Enya Betim? — indagou.

— Cassandra.

     Na verdade eu não tinha falado nada com Cassandra, mas a ideia veio de imediato. Eu não queria dizer a Luan que eu simplesmente não queria ir com ele. Afinal, por que eu não queria ir com ele mesmo, hein? Nem eu sabia.

— De onde surgiu essa amiga, Enya? — perguntou ele.

— É uma menina da escola, Luan. Ela vai passar por aqui. Não custa me dar uma carona.

— Tudo bem, então eu falo com você mais tarde.

— Tchau, seu idiota! — respondi. — Amo você — completei e desliguei, dando por encerrada aquela ligação.

     Claro que eu liguei para Cassandra logo depois disso. Eu não queria ser uma completa mentirosa.

— Enya! — ela disse assim que atendeu no segundo toque. Devo confessar que a animação dela me irritava um pouquinho demais.

— Oi, pois é, sou eu. Como vai?

— Melhor agora e você? — respondeu.

— Estou bem. Pode me dar uma carona? — perguntei, indo direto ao ponto.

— Claro! — ela respondeu imediatamente. — Passo aí daqui a pouco.

     E ela realmente passou. Quando dei por mim, eu já estava dentro do carro de Victor com ele no volante e Cassandra no banco do passageiro, sorrindo como se ir à escola fosse a coisa mais incrível do mundo.

— Como vai, Enya? — Victor perguntou.

— Bem — respondi e tentei sorrir para parecer simpática.

— E aí, vamos sair depois da escola? — ele perguntou. Ergui a sobrancelha em incredulidade e ele sorriu, para logo depois responder: — É só um cinema. Tô sem amigos e a Cass vai sair com o namorado hoje.

Por favor, não se aproximeOnde histórias criam vida. Descubra agora