Luca: quando vai se tocar que aqui não é Nova York, Alicia?
Alicia: e você acha que eu penso que esse fim de mundo é Nova York?
Luca: deveria pensare duas vezes, quando for chamar a cidade que te acolheu de braços abertos, de fim do mundo, princesi...
Sabe aquelas pessoas, que acordam cedo, para cuidar do jardim ou até mesmo praticar algum esporte? Então... João é esse tipo de pessoa.
Alicia: o que você faz com toda esses legumes e frutas?_ perguntei ponto repolho roxo na cesta que ele me entregou assim que eu acordei.
João: alguns permanecem aqui, na nossa comida ou na comida dos cavalos e cachorros. E a outra parte eu doo para a igreja, que distribui para os moradores da cidade mais necessitados._ explicou.
Alicia: entendi._ disse quase num murmuro enquanto colocava mais um repolho na cesta.
Luca: o que será que a diaba de Nova York diria ao ver a filha mexendo na terra? _ perguntou Luca assim que se aproximou de mim, olhei para cima vendo a figura de Luca contra o Sol forte.
Alicia: o que esta fazendo aqui?_ perguntei limpando a minha mão suja de terra no pano que eu recebi junto com a cesta.
Luca: Alves não disse que eu vou te levar na cidade ?_ perguntou.
João: nem vem colocar a culpa em mim, porque eu falei sim que você ia leva-la para a cidade._ falou enquanto eu me levantava, João estava bebendo um copo de limonada, ele estava pingando de suor._ E é melhor vocês irem logo, parece que vai chover._ disse analisando o céu.
Luca: vou sair daqui a exatos cinco minutos, vou estar esperando na sala. Melhor você se arrumar o princesinha._ fala, arregalo os olhos e saio correndo. Não sei se o que Luca falou é verdade ou não, porém eu não quero nem descobrir.
Corro igual uma louca atrás de promoção, tropeço algumas vezes na escada mas chego no meu quarto a tempo, tomo o banho mais rápido da minha vida inteira, e coloco uma roupa que eu normalmente usaria para ficar em casa. Prendo o meu cabelo num rabo de cavalo e desço as escadas pondo os meus sapatos.
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E como a vida está de bom humor comigo, eu acabo caindo e rolo até o pé da escada. Gemo de dor.
João: você está bem Ali?_ pergunta preocupado comigo e me ajuda a me levantar. João me coloca sentada no sofá, Luca estava com um sorriso no rosto e com o meu outro sapato na mão.
Alicia: mais ou menos._ falo massageando o meu braço que bateu durante a queda. João tira a minha camisa, e vê o lindo ralado que ganhei.
João: Luca fique com Ali aqui, vou pegar a caixa de remédios._ fala saindo da sala.
Olho para o ralado, não era grande e nem está sangrando, mas para uma garota como eu, que nunca tinha se machucado é uma coisa fora do comum.
Mal percebo que Luca se agachou, apenas percebi quando ele puxou o meu pé descalço para ele.
Alicia: o que está fazendo?
Luca: pondo o seu tênis, ou você desistiu de sair por causa de uma queda?_ falou num tom zombeteiro.
Alicia: mais é claro que não!
Luca: então, acho que você precisa estar usando os dois sapatos não é mesmo?_ Não o respondo, me levanto assim que ele termina de dar o nó, e o puxo para fora da sala e com a minha camisa na mão dele.
Alicia: João estamos indo, não foi nada, e obrigada!_ grito e saio da casa já entrando na caminhonete. Ponho o sinto e vejo Luca rindo._ Vamos logo.
Luca: ok madame._ fala ligando o carro.
Ligo o rádio e está tocando uma música meio estranha. A batida é legal porem as letras um tanto que ofensiva, Luca fez questão de mudar de rádio, e estava tocando uma das minhas musicas favoritas. Sweater Weather - The Neaghbourhood.
Comecei a cantarolar uns pedacinhos durante o caminho. Luca permanecia em silêncio total.
Luca: por que você veio para cá?_ me surpreendo com a sua pergunta.
Alicia: minha mãe mandou eu vir para cá, para eu ficar um pouco com o João._ falei.
Luca: você veio para ficar mais tempo com o seu pai sendo que você nem ao menos o chama de pai.
Luca: só acho estranho isso._ fala dando de ombros. O restante do caminho foi no mais puro silêncio.
A cidade para mim estava quase desértica, apenas algumas pessoas na rua, Luca estacionou o carro no meio fio na frente de uma lojinha, e então começamos a andar.
As lojas da cidade eram pequenas e com produtos até que interessantes, comprei algumas coisinhas como: chocolate, chá, sucos, uns quadros que irei usar como decoração, pisca-pisca.
Luca apenas observava tudo em silêncio.
Alicia: o que é aqui?_ perguntei apontando para uma lojinha preta a qual estávamos passando.
Luca: uma lojinha de bugigangas. Não sei ao certo, nunca fui aí._ fala vindo até mim._ vai querer entrar?
Alicia: sim, gosto de bugigangas._ falei entrando na loja, Luca veio logo atrás de mim.
A lojinha em si era bastante escura, pouca iluminação e com varias prateleiras de produtos variados. Acabo por me separar de Luca, já que eu me enfiei num dos corredores onde encontrei várias pulseiras, anéis artesanais; brinquedos antigos; alguns discos de vinil; dvd's de bandas antigas. Essas coisas que só encontramos nas lojas mais estranhas que se poderia achar.
– Posso ajudar em algo?_ pergunta uma moça loira, olhos verdes, magra e alta. Daria uma ótima modelo.
Luca: Princesinha!_ me chama logo parecendo atrás de mim, me viro para olhá-lo e o vejo paralisado. Seu olhar está preso na loira na minha frente.
Ambos se olhavam como se conhecessem a tempo, o que eu não duvido que seja o caso.
Alicia: se conhecem?_ perguntei numa tentativa de acabar com o clima tenso.
Os olhares fixos de ambos estava começando a me incomodar, me sentia numa intrusa no meio dos dois.
Luca: ahm, sim._ fala com o olhar ainda preso na menina loira._ Princesinha essa é a Patrícia. Patrícia essa é a filha do Alves._ nos apresenta, apenas acenamos com a cabeça uma para a outra._ Achou o que precisava?_ perguntou desta vez olhando para mim.
Apenas confirmei com a cabeça, Luca pegou as coisas que eu estava segurando e foi em direção ao caixa pagar, e a vendedora loira foi junto.
Me senti sobrando então sai da loja, o vento gélido bateu em mim assim que sai. Acolhi-me em meus braços, o vento bagunçava os meus cabelos de uma forma que sabia que depois seria complicado de retirar os nós formados.
Fiquei desse jeito até que Luca chegasse, o que não demorou muito.