"Meu nome é Lucy.
Eu tenho 22 anos, moro na Califórnia com a mulher que me adotou chamada Maria."É isso que tenho que repetir todas as vezes que vou ao médico fazer uma "revisão".
Fui diagnosticada desde pequena com transtorno de personalidade, eu sou diferente das outras garotas, eu sou diferente de qualquer ser humano.
Meu problema de verdade?
É a RAIVA.Quando uma garota de 7 anos vê seus país serem esquartejados na sua frente, ela nunca mais será a mesma, o mundo nunca mais será visto com os mesmos olhos por ela. Ninguém acredita em uma criança encontrada suja na rua, aos prantos e sozinha, dizendo que seus pais foram comidos por um monstro.
Essa garotinha sou eu.
Desde aquele dia, eu tenho surtos de raiva fora do normal quando sou provocada, mas ninguém acredita quando eu conto o que aconteceu naquele dia.
Não é uma raiva normal, ela só acaba quando eu sinto o osso quebrar, quando vejo o sangue escorrer, a pessoa chorar ou gritar de dor.
Quando me jogaram no orfanato apenas uma pessoa no mundo me quis, ela se chama Maria, de 45 anos, tem uma floricultura muito procurada na região e é de lá que sai o nosso sustento, não é fácil pra ela eu sei...
Enfrentamos vários processos por minha causa, pessoas que denunciam quando eu quebro um braço ou uma perna delas, ou pessoas que agredi quando eu era pequena.
Depois dos meus 10 anos eu entrei em uma processo forte de isolamento, eu prefiro ficar distante de tudo e de todos, aprendi a ouvir todas as provocações sem sentir nada, assim eu não machuco mais ninguém
E quando se é adolescente, isolada, sem amigos você é o alvo número 1, mas quando eles percebem que você não liga, eles acabam te deixando de lado...as vezes.
Talvez se nada de mal tivesse acontecido comigo, se eu não fosse estranha as pessoas iriam gostar de mim, as garotas não me zoariam, e talvez algum garoto gostasse de mim, era o que eu pensava quando era mais nova, mas agora eu só aguardo o dia em que tudo isso vai acabar. Ou seja, quando eu vou morrer.◇
Maria: chegou cedo em casa.
Lucy: o professor teve que resolver um problema familiar.
Eu estava fazendo um tipo de curso para recuperar os estudos perdido do ensino médio, já que não conseguia me relacionar com os outros, Maria me levava para a floricultura, mas agora ela gostaria de me ver em uma faculdade, exercendo uma profissão, então estou fazendo isso por ela.
Maria: bom a janta está quase pronta. O que a médica disse?
Lucy: que estou respondendo bem aos remédios, e estou mais passiva.
Maria: entendi.
Lucy: eu vou tomar um banho, já desço para te ajudar.
Maria: Lucy.
Lucy: sim.
Maria: o que é esse roxo em seu braço.
Droga ela viu. Voltei os degraus que eu tinha subido na escada, e ela estava me olhando preocupada.
Maria: você se meteu em encrenca de novo?
Lucy: hoje de manhã quando fui abrir a floricultura, um homem bêbado estava urinando nas rosas que iriamos colher hoje de manhã, eu disse que era proibido e que iria chamar a polícia.
Maria: ele bateu em você?
Lucy: ele me chamou de prostituta, e tentou me agarrar e eu...eu atravessei o corpo dele pela janela do carro...fechada.
Maria: LUCY! você matou este homem?
Lucy: eu liguei para o socorro, o desgraçado sobreviveu.
Maria: Lucy...
Lucy: Maria não, eu sei que errei, foi só um deslize, eu estou tomando os remédios. Eu só quero tomar um banho.
Dei as costas e fui para o banho, eu não gostava de falar assim com ela, mas depois de tanto tempo ouvindo o que devo ou não fazer, eu só quero paz.
Joguei minhas roupas no chão e coloquei a banheira para encher, sentei-me no chão de roupa intima para esperar.Lucy: sem brigas, sem discussões, sem sangue, sem raiva. Você prometeu a si mesma.
Entrei na água quente e fechei os olhos, meu corpo começou a relaxar lentamente.
Mas sempre atenta, dormir era complicado, quando o remédio não me dopa eu tenho pesadelos, e acordo muito agitada, isso me faz sair de madrugada, sentir o frio no corpo ficar sozinha, me acalma.Maria: Lucy!! Querida, está tudo bem?
Pulei da banheira, não acredito que apaguei aqui, estou muito exausta.
Lucy: estou, está tudo bem, já estou saindo.
Maria: fiz um prato para você comer aqui no quarto, não esqueça de tomar seus remédios, e amanhã eu vou abrir a floricultura, não se preocupe.
Lucy: ok, entendi, boa noite.
Maria: boa noite princesa.
Ouvi os passos dela descendo se afastando, me levantei fui para frente do espelho e apoiei meus braços na pia. Hoje estranhamente eu estava muito cansada, meu corpo precisava descansar.
Me olhei novamente no espelho, joguei o cabelo para o lado, ele não era muito grande, chegava até meus ombros e eram bem pretos, meus olhos eram castanhos bem escuro quase preto, não tenho nada de especial. Sou apenas eu. Eu e meus problemas.
Comi, arrumei meu quarto, tomei meus remédios e me joguei na cama, e antes que meus olhos se fechassem, a sensação de que alguma coisa estava acontecendo tomou conta do meu coração, mas como sempre faço com todos os meus outros sentimentos, ignorei e fui dormir.◇
- Ela mora aqui?
- Sim, pelo menos é o que nos foi passado.
- Então vamos?
- Espera até amanhecer. Não podemos perder ela.
- E se tivermos que usar a força?
- Não sabemos a classe dela.
- Para morar aqui tanto tempo sem incidentes, deve ser uma classe 1 ou 2.
- Veremos amanhã.
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BRUTAL-Enquanto Eu Sobreviver
ActionA RAIVA. Sentimento que te motiva ou te destrói. Sentimento que te mantém vivo ou te mata. Sentimento que quando menos se espera vira amor. Sentimento que tira o sono, da insônia e leva a paz. A RAIVA...é o combustível dos BRUTAIS.