Capítulo 50

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Mary: Lucy?

Abri os olhos.
E a doutora estava na porta sorrindo.
Já fazia algumas horas que eu tinha acordado, porém todos repetiam a mesma coisa" você deve repousar", mas a saudade de todos estava me deixando brava.
E quando eu definisse que iria atrás deles, nada me seguraria.

Lucy: sim?

Mary: você tem visitas.

No mesmo momento saltei da cama, meu coração me disparou realmente queria ver alguém da minha família.
Então os longos cabelos roxos apareceram no batente da porta, com o rosto vermelho de quem tinha acabado de chorar, e ela adentrou no quarto.

Alice: tínhamos prometido cuidar uma da outra lembra?

Lucy: Alice...

E em segundos nós já estávamos abraçadas, Alice começou a chorar alto, ela sabia que eu poderia realmente ter morrido.

Alice: eu sabia que você iria conseguir, sempre soube.

Lucy: desculpe...desculpe não ter ficado com você esse tempo.

Alice: você estava Lucy, no meu coração.

A realidade era bem mais complicada do que parecia, eu fiquei em coma por quatro meses.
Mary disse que me colocou em coma, pois meu organismo mesmo lutando, precisava de mais tempo para conseguir regenerar meu coração, antes estraçalhado por um cristal.
Mas a pergunta era, se Alice está aqui...cadê o Jack?

Alice: tenho que te mostrar alguém.

Ela soltou minhas mãos e Carlos entrou no quarto com um sorriso emocionado, e um bebê no colo.
Era o bebê deles, era o bebê da Alice.

Alice: essa é sua sobrinha Lucy...

Alice foi até Carlos, pegou o bebê e colocou no meu colo.
Era leve e quentinho, com um cheirinho muito doce e delicado, eu uma brutal como eu, acostumada a arrancar cabeça e quebrar membros, segurando o começo de uma vida nos braços, a sensação era incrível.

Lucy: é uma menina.

Carlos: sim.

Lucy: como é o nome dela?

Eu olhava aquela bebezinha dormindo, tão calma e delicada, como um anjo repousando nas nuvens.
Mas decidi olhar para Alice pois ela demorava para responder, e quando a vi ela estava totalmente emocionada chorando muito, olhei para Carlos preocupada, mas ele parecia calmo.

Carlos: o nome dela .... é Lola.

Eu olhei para Alice segurando o choro e toda a emoção do momento, foi como se todos meus sentimentos tivessem se atropelado na garganta, e eu os engoli deixando que eles escorrerem pelos olhos.
Pois lá no fundo, eu e Alice ainda sentíamos a morte da Lola, era um buraco que não podia ser tapado.
Então de repente senti algo envolver meu dedo indicador, e ouvi um murmuro de sono. Lola estava segurando meu dedo, me olhando com aqueles enormes olhos cristalinos.

Lucy: bem-vinda ao mundo pequena Lola...

E ela abriu um enorme sorriso sem dentes para mim, me fazendo pela primeira vez, depois de quatro meses em coma, sorrir para a vida.

Alice: ele vem aqui todos os dias, no primeiro mês ele morou aqui, ele falava com você mesmo dormindo, e como ele se culpa amiga, essa foi a única semana que ele não veio.

Lucy: mas..., mas não foi culpa dele. Não foi Alice. Afinal como ele foi parar lá?

Alice: Crizar invadiu nossa casa naquela madrugada, bombardeou Jack com dardos de tranquilizante, e o levou, então você ligou para mim...Lucy o que você estava fazendo àquela hora no laboratório?

Lucy: já ouviu falar sobre os originais?

Alice: sim...você é?...

Lucy: sim, e pelo que me falaram. Sou a última.

Alice: por isso Crizar te queria...agora tudo faz sentido, então quando ele viu que poderia usar o sangue de Jack para fazer outros originais, ele te descartaria.

Lucy: estava com a doutora porque eu queria saber mais sobre mim, queria saber a verdade, e descobri que tive uma irmã que não sobreviveu, que eu sou uma original e que agora tenho novos poderes.

Alice: que tipo de poder?

Lucy: bom eu posso fazer...isso.

Então as luzes do quarto acenderam e apagaram, fiz a teve ligar e desligar, estiquei a mão na direção de um vaso e o acertei com um raio.
Alice ficou impressionada e sorriu para mim tentando entender.

Alice: mas como?

Lucy: Angel...

Alice: sua irmã?

Lucy: sim, esse era o poder dela, então ela o deu para mim. Já que os originais de alguma forma, tem uma conexão com seus antepassados.

Alice: isso e incrível.

Lucy: sim...

Respirei fundo e olhei para a janela, onde pequenos e macios flocos de neve batiam.

Alice: você quer ver ele, não é?

Lucy: quero...muito, eu não vou conseguir ficar aqui.

Alice: olha Lucy...você não vai encontrar o Jack de quatro meses atrás, a culpa foi deixando-o sombrio, amargo, isolado, ele não saiu mais do quarto essa última semana, não comia não bebia água, não fazia nada.

Lucy: ele precisa de mim...eu preciso dele Alice eu voltei porque prometemos ficar juntos...

Alice: eu estou tentando ligar, mas ele não atende...estranho.

Lucy: me leva até ele.

Alice: a doutora disse que suas artérias ainda estão finas...acha que aguenta a emoção de ver ele?

Lucy: eu já aguentei muita coisa, não vai ser um coração acelerado que vai me matar.

Alice: então vamos...

Coloquei uma roupa quentinha.
Amarrei o cabelo que estava na cintura, nunca tinha visto ele nesse comprimento.
E sai escondida, entrei no carro do Carlos e Lola estava acordada brincado com os pés.

Lucy: esse é nosso segredo em lolinha.

Alice: vamos amor.

Carlos: você está bem para sair desse hospital?

Alice: amor eu disse VAMOS.

Alice começou a explicar tudo para Carlos enquanto eu só conseguia ver as luzes, as luzes que passavam pelo vidro do carro a noite.

Eu estou indo Jack.
Eu estou voltando meu amor.

BRUTAL-Enquanto  Eu SobreviverOnde histórias criam vida. Descubra agora