9 - Despedida ✅

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O coração vai como? Em pedaços? Eu sei... o meu também... Kirishima é meu filho, parido por mim e mesmo assim eu não perdoei. Vamos então, vida que segue ( para alguns).

A última coisa que eu imaginaria que veria na minha vida seria o Eijiro em cima de uma moto, pilotando-a, até porque ele detesta motos

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A última coisa que eu imaginaria que veria na minha vida seria o Eijiro em cima de uma moto, pilotando-a, até porque ele detesta motos.

Todavia ali estava aquele idiota, em cima de uma fodendo Kawasaki de mil cilindradas correndo para me alcançar, ainda mais sem capacete e na chuva.

Tem merda na cabeça, só pode.

Logo ele que vive reclamando que eu sou inconsequente e me arrisco demais, estava ali, totalmente exposto.

Eu não vou deixar esse idiota me parar, não posso, simplesmente não conseguiria olhar nos olhos dele e admitir a minha fraqueza. Admitir que na realidade eu não passo da porra de um frouxo e inútil.

Acelerei e o deixei para trás, supondo que ele entenderia que eu desejava ficar sozinho naquele momento, afinal ele sempre entende as minhas necessidades mesmo que eu não as externe por meio de palavras. É o melhor leitor que eu tenho de mim mesmo.

Mas ele não parou, pelo contrário acelerou ainda mais. Ouvi o motor potente se aproximando com um rugido estrondoso e violento, somando ao som do meu. Tentei acelerar mais, porém a minha moto só tem seiscentas e cinquenta cilindradas, era impossível me afastar com aquela potência sendo inferior a da que ele pilotava.

Eijiro emparelhou comigo novamente e dessa vez eu percebi que ele não somente tencionava me ultrapassar, como o estava fazendo. Aquela merda de chuva estava tornando tudo mais difícil: visão, controle de direção, tudo era fodidamente mais tosco, precário.

Mesmo assim eu vi, segundos antes de chegar de fato. Míseros segundos que não me permitiam nada mais do que apenas assistir de camarote enquanto o meu mundo desmoronava ao meu redor com um ruído alto e ensurdecedor. Nem mesmo o meu grito foi rápido o suficiente para alcançá-lo a tempo.

O tempo e o meu coração pararam quando eu vi o caminhão colidir de frente com a moto do Eijiro, arremessando-o para o alto.

Era como um pesadelo, um maldito pesadelo.

O som do impacto violento foi tão alto e estrondoso que eu tenho certeza de que vai zunir na minha mente e ouvidos por toda a vida, ecoando e me obrigando a reviver a cena como uma penitência.

Freei a moto que gingou em resposta, deslizando sobre o asfalto e rodopiando até parar de lado.

Eu tremia sentindo o sangue faltar a todos os meus membros, em estado de puro choque. Aterrorizado como nunca estive em toda a minha vida.

Incrédulo, sem querer acreditar no que tinha acontecido, tirei lentamente o capacete sem sentir os dedos, ou me dar conta da ação, procurando o Eijirou de maneira aflita antes de encontrá-lo, metros a frente, em uma poça do sangue que esvaia dele em profusão descontrolada, misturando-se a chuva.

Winter (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora