Desde que ele partiu minha vida se tornou inverno. todos os dias são frios e cinzas, sem cor ou vida. Tudo me faz falta, o som de sua risada, a cara de idiota...
Contudo, eu me recuso a ir atrás dele, afinal, tenho meu orgulho e reputação a zelar.
...
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Como ele ousou fazer isso comigo? Com mil demônios, eu poderia esperar isso de qualquer um, menos dele! Estou tão puto que sou capaz de matar o primeiro que se aproximar de mim! Tenho vontade de explodir tudo ao meu redor. Na verdade nem consigo me conter, meu corpo todo está tremendo de ódio enquanto avanço pelo pátio esbarrando em alguns idiotas que insistem em ficar no meu caminho.
Eijiro porquê me testa desse jeito?! Está me punindo por acaso?
Enguli a vontade de chorar à força. Eu não vou ceder, nem me sujeitar a nada. Foi ele quem começou com isso, que saiu de casa e me deixou sozinho, e agora está aí, saindo com outras pessoas, bem debaixo no meu nariz, descaradamente.
Há quanto tempo será que ele faz isso? Será que...
Balançei a cabeça em negativa, afastando os pensamentos. Não. Definitivamente não. Eijiro pode ser tudo, mas não esse tipo de pessoa. Isso é coisa da minha cabeça, apenas isso. Estou fantasiando, surtando por nada.
Mas então porquê ele estava conversando com aquele cara de maneira tão desinibida, sorrindo para ele daquele jeito que deveria sorrir apenas para mim? Inferno! Aquele era o meu marido saindo com outro cara, conversando com ele, rindo e interagindo como não faz comigo a duas malditas semanas?
Sem outra opção eu tentei entrar na porra do carro para ir embora, e na minha fúria e descontrole, acabei explodindo a porta quando a chave emperrou momentaneamente.
— MERDA! — berrei, revoltado, chutando a lateral do carro e ativando o alarme que passou a fazer um maldito som estridente.
Estava no meu limite, cansado, estressado e com uma dor desgraçada no coração que insiste em me machucar. Gritei furioso mais algumas vezes, socando o capô do carro. Eu não queria chorar, não ia. Eu sou o herói mais forte, um ícone, não um fracote idiota como o Deku que chora por tudo como uma mocinha.
A cada porrada, o metal retorcia um pouco mais. O alarme continuava a apitar incessantemente atraindo atenções desnecessárias, e me deixando ainda mais irritado. Algumas pessoas passaram me encarando, mas acho que, na pouca iluminação do estacionamento, não me reconheceram, e por sorte o tom da minha voz estava mantendo-as afastadas. Eu tenho esse dom de afastar gente inconveniente, principalmente quando tudo o que preciso é de privacidade para desforrar a minha raiva.
Droga, eu não queria chorar, mas foi mais forte do que eu. Como impedir as lágrimas, caralho?! Doi tanto, mas tanto que a dor quer sair de algum jeito, e eu não consigo conter.
Será que eu o tinha afastado definitivamente? Que ele estava falando sério quando disse que não voltaria? Foi o meu jeito ignorante, as minhas explosões de fúria e ciúmes, ou o meu maldito costume de destratar a todos? Eu já tentei ser diferente, porra, mas não consigo. Tenho vergonha de que vejam o meu lado fraco, de ceder. Eu sei que disse que não iria atrás dele, não imploraria por atenção, mas por mais que eu lute contra isso, estou realmente tentado a ceder.
