2 - Basta ✅

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Hello! Como perceberão, esse capítulo é a visão do Kirishima dos acontecimentos.

Não vou dizer muito, porque estou ansiosa. AllMight me salve de andar pela terra do ooc, estou realmente lutando contra isso.

Não foi fácil sair de casa e deixar o Katsuki para trás

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Não foi fácil sair de casa e deixar o Katsuki para trás. Na verdade, acho que foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a minha vida.

Protelei essa decisão por meses, sempre desistindo no último momento, crente de que eu podia continuar aceitando o comportamento intempestivo dele, que julgava ser apenas uma fase quando eu certamente sabia que não é.

Eu amo o meu estressado e sempre o aceitei do jeito que é, relevando a maioria das suas grosserias desnecessárias para evitar brigas entre nós. Também entendo que ele tem essa personalidade turrona e bruta (que eu acho sexy e linda), mas chega uma hora que cansa, principalmente quando ele resolve explodir de ciúmes e assim explodir literalmente tudo ao redor.

Pra mim realmente já deu. Esse lado possessivo e dominador do Katsuki vem me sufocando há anos, e eu aceitei que simplesmente não dá pra conviver com uma pessoa que não confia em mim. Estávamos ficando doentes com a nossa relação, e foi por isso que eu fiz das tripas coração e saí de casa.

Queria ter me despedido pessoalmente, mas eu sei que não conseguiria. Olhar para aquele rosto emburrado seria o meu maior erro, pois eu ia acabar desistindo no momento em que fizesse isso, como aconteceu tantas vezes antes, e continuaríamos em um relacionamento pouco saudável que só faria mal a nós dois.

Se ao menos o Katsuki me ouvisse e buscasse um tratamento pra esse descontrole emocional dele, talvez eu não precisasse chegar ao extremo de sair de casa para nos poupar de um mágoa maior e irreversível.

Contar à ele por telefone foi ainda mais difícil. Uma parte de mim quis voltar e abraçar aquele idiota teimoso, e eu precisei de muita força para não ceder. Sei preciso ser forte. Por mim. Por nós dois.

— Quando você vai voltar para casa?

Como supus, a pergunta foi seca e direta, bem ao estilo da personalidade dele.

Respirei fundo, reunindo toda a coragem dentro de mim. Era chegado o momento, eu precisava ser forte.

— Eu não vou Katsuki, acabou. — Dizer aquelas palavras foi tão doloroso que senti que podia partir ao meio.

Será que ele se sente da mesma maneira? No fundo eu quero acreditar que sim, que ele finalmente irá entender o que está errado no nosso relacionamento e mudar. Não apenas com palavras, mas também com ações, procurando um tratamento.

— Para de brincadeira Eijirou, isso não tem graça — senti a voz dele trepidar anunciando certo nervosismo. Não o de ira, mas de tristeza. Katsuki pode esconder de todos os seus sentimentos, menos de mim. Fica difícil disfarçar algo assim quando se mora com a pessoa.

— Eu não estou brincando, Katsuki. — Por sorte estava conseguindo manter a postura. Eu não ia ceder. Não mais.

— Hã?! Que merda é essa, Eijiro, pare já com essa teimosia e volta de uma vez! — aquela ordem mexeu comigo de um jeito diferente.

Por que ele sempre tem que ser tão áspero? Custa admitir que está com saudades, que errou e queria recomeçar? Tem que ser sempre desse jeito turrão de quem não dá o braço a torcer?

— Eu só liguei mesmo pra avisar, já que nos nos últimos dias você não ligou pra mim pra gente conversar. — lembrar disso me magoa. Sempre soube que tinha casado com um dos homens mais teimosos e orgulhosos de todo a galáxia, quiçá do cosmos, agora ter certeza de que o amor dele por mim é menor que esse sentimento mesquinho me destruiu.

— Por que que eu ia ligar? Acha mesmo que estou levando a sério esse seu joguinho de garoto birrento? — ele esconde bem o que sente. Foi assim toda a vida, só que dessa vez eu não vou aceitar passivamente e ignorar o que está destruindo nosso relacionamento.

— Pense como quiser; eu preciso trabalhar, até mais.

Antes que eu pudesse desligar a voz dele soou intempestiva e alta, berrada a plenos pulmões.

— Não pode desligar na minha cara, Kirishima! — ele só me chama pelo sobrenome quando está muito nervoso — Eu não sei o você estava planejando quando saiu de casa, mas é melhor voltar logo, porque eu não vou atrás de você.

Aquilo doeu muito. Talvez eu tenha realmente dado o passo definitivo ao sair de casa. Seria tolice imaginar que uma atitude dessa o faria repensar, não enquanto o sagrado orgulho dele for maior que o amor que diz sentir por mim.

Isso me fez questionar se estava vivendo um amor unilateral. Talvez ele tenha confundindo o sentimento de posse com amor.

Não importa, pois eu cansei de sempre ceder aos caprichos dele. Aquelas palavras secas conseguiram arrancar de mim o pouco de esperança que ainda tinha. Se ele não me considera importante ao ponto de vir atrás de mim, então que assim seja.

— É tudo o que tem pra me dizer? — segurei as lágrimas como pude, embora minha voz tenha me traído ao sair embargada.

Se tudo o que ele tem a me oferecer são palavras rudes e cheias de fel, então não há mais o que tratar entre nós.

— E o que você queria depois de fugir de casa como um covarde? Achou que eu ia me arrastar atrás de você, que ia me sujeitar aos seus caprichos? — as lágrimas que eu tentava esconder escaparam sem que eu pudesse controlá-las — Eu sou o Dynamight, o herói número um, não preciso implorar pelo amor e companhia de ninguém, está ouvindo? De ninguém!

Não consegui dizer mais nada depois disso. As emoções formaram um bolo doloroso na minha garganta, e tenho certeza de que ele ouviu o som do meu choro antes que eu encerrasse a ligação na sua cara. É a primeira vez que eu abro mão de tentar acalmá-lo, oferecendo uma possibilidade de reconciliação - onde eu sou sempre a parte que cede, o que o contêm e aceita sua raiva, seu descontrole e ofensas sem revidar, sempre calmo e compreensivo.

Não. Dessa vez eu vou me amar e ignorar a presença tóxica dele. Chega uma hora em que o oprimido se cansa de apanhar, e já estava sendo torturante viver desse jeito.

Durante as próximas horas ele retornou a ligação diversas vezes, provavelmente furioso pelo meu descontrole emocional. Não atendi a nenhuma delas.

Talvez o melhor seja aceitar que Katsuki, o homem que amei e ainda amo, nunca me amou de verdade e que tudo o que acreditei que havia entre nós é fruto de uma má interpretação da minha parte. Afinal, onde estaria a reciprocidade se ele realmente me amasse? Ele não recua com aquele maldito orgulho nem diante da possibilidade de me perder.

Como posso saber se ele me ama ou se apenas está comigo por conveniência? Melhor dar um basta antes de me magoar ainda mais.

Eu te amo Katsuki, mas chegou a hora de me amar também.

>>>><<<<

Vamos nos abraçar e mandar amor pro nosso nenê, pois ele está precisando.

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