OS LADOS DA CAMA

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morrendo, morrendo
morrendo por dentro

estou esvaindo

dentro de mim
há pó e desamores

eu queria que a minha aorta
se entrelaçasse com a tua aorta

cigarros, devaneios
cafés e poemas
tristes afagos
e geladas camas
quando o céu se abrir
feito gaveta de meias reviradas
talvez o amor seja encontrado
encolhido, desconfiado
e é bem possível
que ele não suporte o peso
que este ar carrega
pois depois que tu partiste
a melancolia e a solidão
ganharam cheiro
tensão
aroma
e densidade
e há quatrocentos
lados vazios
na cama!
e ter alguém
é pura vaidade.

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