Ela amou o meu bolo de laranja

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pessoas reais não morrem
pessoas reais não morrem
pessoas reais não morrem
pessoas reais não morrem
pessoas reais não morrem, é o que
sempre repito para a Eternidade.
Ô moça misteriosa e cheia de poesia!

Depois sento-me, tímido, ao lado dela
passo-lhe um café, leio um ou dois poemas
sirvo-lhe um pedaço de bolo de laranja
e ela sorri
tudo é bonito nela, dos olhos aos dedos; sua maneira de dizer adeus e a sua maneira de acolher-nos
e, serena, me diz: sim, pessoas reais não morrem...

ela termina de comer o bolo e derruba o resto do café em minha calça
digo-lhe que está tudo bem e começamos
a dar risada

e quando eu já havia me esquecido
ela fita as nuvens e diz em calmaria:
é, pessoas reais não morrem.

e um pássaro sobrevoa e caga em nossas cabeças.

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