Carregaram-me no colo.

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É exatamente duas da manhã d'uma sexta-feira de julho demasiadamente fria
E eu sei sobre os cafés, sobre os poemas
e sobre os cobertores
mas mesmo que eu ame o frio
invernos são tempos que não são bons com todos
O frio sabe ser egoísta quando quer
e agia feito alguns desamores que um dia
esperei colher
Como colhias algo no jardim de flores melancólicas
e ervas plantadas exclusivamente para a comida

O Brasil não ganhou a Copa de 2018 e temo
que perca outras coisas mais...
O que poderei fazer quando meus cafés
não coarem mais? O que farei quando
não venderem mais os livros?
O que farei quando ainda sinto medo
de que a poesia extingua-se...
Acredite, eu morreria com isto e
os poemas não iriam mais voar
as músicas não soariam mais
meus cafés e o dos outros iriam esfriar
e corações também esfriariam, desta vez...

ainda é madrugada de julho e ainda há tempo
e, desta vez
todas as composições e seres das madrugadas me carregaram no colo. Façam-me o café!

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