eu sou um completo estranho em meu próprio peito
pois mesmo sem saber agi como
se sombras consumissem e me afogassem
e busquei e encontrei
acalento nas solidões de dentro
e de foranado n'um oceano de águas escuras
e a água está entrando
eu sinto às vezes
a água enchendo o meu estômagosuplico aos escritores, aos poetas, aos músicos que já sentiram as mesmas borboletas que eu...
suplico a eles para que me dêem
alguma força
algum afago
mas a poesia sempre me afagou
quando tudo parecia me afogar...talvez eu esteja agredindo o moço que está dentro de mim
um moço feito de vidro
que corre para não tornar-se caco
ou algo além do imaginado
ou algo bisonhamente solitárioeu declamo ao espírito reciclado
eu declamo ao espírito reciclado
eu clamo ao espírito recicladoe mesmo quando os ventos ventavam à toa
meus poemas seriam o meu reflexo e o tal seria
algo tão mais real que eu
ah! pobre de minha essência...
e no meu peito há um móvel; um armário
que é tão fundo e empoeirado
quanto o oceano onde
temo afogar-me
e
me
concedo
imóveleu preciso de luz
eu preciso de luz
eu preciso de luz
eu preciso de luz
tudo em mim está quase vazio
mas anseio coisas além das águas escuras
além da fragilidade vile meus poemas sempre estarão aqui
sempre serão minhas toalhas
que enxugam lágrimas
os meus poemas são minha armadura
ora são minha espada
e se em meu coração vive
um Caio muito além
de todo o oceano
e além de todo o vazio
meus versos são o fogo
eu sou o dragão.que haja luz, então!
e uma hora engulo todos os versos
não escritos
e afogo.