XVI

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O carro estava com os vidros baixos e o vento entrava bagunçando meu cabelo e trazendo novamente meu sonho persistente a tona, estávamos próximos a uma fazenda afastada da cidade. As horas de avião foram as melhores já que eu finalmente consegui dormir um pouco. Eles não eram barulhentos mas ele era, Issei tornou a viagem de carro um inferno e tudo que eu queria era mandar ele ir apertar a mão de Hades pessoalmente. Suas piadas eram as piores e seu comportamento infantil perto das garotas eram terríveis, perdi as contas de quantas vezes vi Hermet molhar o rosto com a água do cantil e fitar os olhos na estrada.

- Finalmente chegamos... - Lucca saiu correndo do carro e tirou o boné para analisar melhor o lugar, as duas garotas desceram e levaram sua própria bagagem para dentro da casa, Hermet pegou sua sacola e a minha atirando ambas no chão enquanto examinava o perímetro, Issei pegou sua mochila e correu para pegar um quarto vazio sendo seguido por mais dois soldados.

- No dia que eu descobrir o que ele esta tramando eu o mato. - as palavras foram sibiladas por Hermet quase imperceptível.

- Primeiro vamos descobrir o que esta acontecendo e depois você mata ele, o.k? - eles assentiram e os seguranças nos levaram em direção ao que parecia o porão da casa, era espaçoso e digno de um drama policial. - Sou a comandante da força, qual a situação?

- Acho melhor irem para casa, isso aqui não é para iniciantes... - uma garota um pouco mais alta que eu com cabelos cacheados se virou para nós com olhar de desdem, seus olhos eram azuis chamativos demais para uma humana comum e parece que instantaneamente percebi que ela era uma semideusa.

- Concordo, então o que esta fazendo aqui ligeirinha? - Hermet cruzou os braços a encarando serio e ela sorriu.

- É bom vê-lo de novo esquentadinho, quem são seus amigos? - ela apontou para mim e para Lucca como se não tivesse notado quem somos.

- Digamos que são ótimos guerreiros, podemos conversar sem intrusos? - ele apontou para o garoto sentado de costas para nós que verificava a tela do computador sem piscar os olhos.

- Claro, vamos subir. - tornamos a subir as escadas em direção a parte de trás da casa onde estávamos livres de olhares alheios.

- Achei que era uma coisa natural e não um evento mitológico. - Hermet cruzou novamente os braços me olhando rapidamente de soslaio.

- Filhos de Ares não é? a garota parece ser uma... -

- Sim ela é, mas não mude de assunto Tory. - ele a interrompeu como se não quisesse que ela se quer notasse nossa presença aqui, ela estalou a língua no céu da boca e bufou entregando o celular a ele.

- Parece que alguém esta querendo brincar de ceifeiro aqui. São mortes sem explicação e por coisas sem nexo, acontece que isso já esta ficando muito visível. - ele parecia olhar fotos e me passou o celular, as imagens não eram das melhores.

- Já procuraram ligação entre as vitimas? - perguntei lhe entregando o celular.

- Sim ruivinha, já fizemos isso mas não tem nada que ligue uma a outra. Falei com um dos meus contatos, estão suspeitando de um roubo na cidade de Atlântida mas para ter certeza precisamos ir lá verificar. - pensativos nos sentamos no chão tentando pensar em algo que os computadores não poderiam.

- Podemos comprar a passagem. - brincou Lucca tentando descontrair o que não deu muito certo.

- Se fosse assim tão fácil eu mesmo já estaria lá. - Issei apareceu de repente e sorrio de forma estranha e preocupada. - Dizem que o próprio Poseidon destruiu a cidade por causa do coração impuro e ganancioso dos seus moradores. Até hoje ninguém encontra a cidade, apenas Poseidon sabe onde ela está. Comprar uma passagem seria barato demais para essa viagem temos que conseguir a confiança de um deus.

- E quem te chamou na conversa cobrinha? - Tory parecia ter um apelido para todos os semideuses.

- Sou Issei, eu acabei ouvindo a conversa de vocês. Na verdade eu estava espiando de longe mas isso realmente não importa, filha de Kairos. - ele rio e se sentou ao lado dela.

- E como fazemos isso? Estamos dentro da lei e de ordens superiores não podemos simplesmente abandonar tudo aqui e ir atras de coisas que nem sabemos ser verdade, afinal se alguém quisesse chegar lá teria que ter ajuda do mesmo deus estou certa e se conseguiu isso deve ser seu filho ou ter algum aliado. - falei disparando meu olhar para o topo das arvores.

- Para fazer isso teremos que esquecer a lei humana e agir conforme filhos de deuses. mas antes temos que dar um jeito nessa situação. - sugerio Tory e se levantou voltando ao porão.

- Como a conheceu? - perguntei a Hermet.

- Uma antiga missão, muito antiga. Ela também é especial mas não como você. - sua boca se fechou rapidamente como se tivesse falado algo proibido e se levantou indo embora em silencio.

- Tem que se acostumar, ele nunca vai dizer o que quer ouvir. - Issei jogou a cabeça para trás enquanto falava e esticou as pernas desleixadamente.

- Não sabe nada sobre o Hermet, e outra não te dei liberdade de estar intervindo em minhas conversas ou dando sua opinião. - Lucca riu da situação e se levantou saindo de fininho. Fiz o mesmo e sai em direção as arvores olhando o céu escurecer depressa demais para o fuso horário que eu estava acostumada. Em meio as arvores eu achei ter visto alguma coisa e mergulhei floresta a dentro correndo atras do quer que esteja fugindo de mim desesperadamente, passo por baixo de alguns galhos grossos e pulo troncos caídos em busca do fugitivo, de repente ele parou de fugir e me encarou com seus olhos vermelho sangue. Passei de caçadora a presa em segundos.

Relíquias Do Olímpo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora