XVII

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A fazenda ficava distante da cidade mas seria perigoso demais ir de carro e revelar de onde viemos, por esse motivo decidimos tomar uma rota alternativa a pé. Rodeamos as proximidades da cidade sem deixar rastros e encobrindo nossas pegadas andando apenas por cima das raízes e tentando sair da floresta o mais distante possível da nossa localização original.

- Issei, antes de chegarmos na cidade eu gostaria de te agradecer... - falei meio sem pensar e com o ego levemente machucado. Sua expressão não mudou e seu sorriso irônico não apareceu me deixando preocupada. 

 - Não ande desarmada. - foi o que ele disse antes de acelerar o passo sem ao menos olhar para mim.

- Achei que eu te dava ordens... - brinquei sorrindo sem graça mas ele parou em minha frente, seu olhar petrificado quase da cor de gelo analisaram meu rosto e ele o revelou tirando minha franja e a prendendo atras da orelha.

- Não estou brincando Allegra, você poderia ter morrido e eu não estou falando da fúria. - sua voz estava baixa e pesarosa.

- Então do que esta falando? - perguntei incerta.

- Estou falando que ande armada porque da próxima vez que estiver perto de mim quando eu estiver me transformando crave a espada no meu coração ou uma simples furria não irá ser o seu único problema a diferença é que eu vou gostar muito. - sua voz ficou grave e seus olhos flamejaram em ódio, virou-se da mesma forma brusca que havia parado e no silencio congelante continuamos seguindo para a cidade. 


As pessoas esbarravam na gente como se fossemos invisíveis as ruas de Tóquio estavam amarrotadas de feirantes e fumaça, as casas do subúrbio ficavam uma em cima das outras fazendo com que se formassem fileiras de pessoas nas escadas e para a nossa limitada visão todos eram quase totalmente iguais.

- Vamos precisar do seu faro. - toquei em seu braço chamando a sua atenção.

- Não sou seu cachorro de guarda Allegra, meu nariz não funciona assim. - ele reclamou revirando os olhos e usando sua altura para olhar por cima da maioria das pessoas.

- Como vamos encontrar ele nessa multidão? - pela primeira vez nessa viagem ele sorriu de lado.

- Aprenda. - subiu em uma mesa chamando a atenção das pessoas que passavam. - Kouta! Não adianta fugir nós já te vimos! 

De inicio fiquei furiosa mas um garoto começou a correr desesperado entre as pessoas derrubando alguns bancos no chão e deixando alguns machucados pelo caminho. Eu e Issei nos encaramos e não demorou para irmos atrás dele mantendo a mesma velocidade e tentando não machucar ninguém. O garoto entrou em uma das aglomerações de casas altas e nós acabamos entrando também, o seguimos até um dos apartamentos e quando o Issei entrou o garoto ia pulando a janela mas ele o segurou pela blusa e o jogou no chão, entrei em seguida e tranquei a porta.

- Não, por favor eu não tenho nada eu juro que não fui eu. Nem hacker eu sou apenas gosto de jogos é só isso. - revirei os olhos e Issei clareou a garganta estrondosamente fazendo cara de tédio mas o garoto não se calou. - Tudo bem!! Tudo bem! Fui eu mas foi só um pouco eu só dei uma olhadinha...

- Cala a boca ! Que garoto irritante. - reclamou Issei se jogando no sofá.

- Kouta, me chamo Allegra e não estamos aqui para prender você por ser um hacker se é isso que pensa. Sabemos que é filho de Poseidon e precisamos da sua ajuda. - falei devagar esperando que ele se acalmasse primeiro.

- Vocês realmente acreditam que existe isso? - riu tentando disfarçar. - Estão enganados isso é só mitologia. - Issei colocou sua melhor meia transformação em ação mostrando sua língua de cobra para ele.

- Por tudo que é mais sagrados vocês também são semideuses? - gritou, revirei os olhos trocando meu apoio e Issei limpou o ouvido.

- Semiprimordial para você mas isso não importa muito certo? Temos que ir porque... - Issei não terminou de falar, batidas na porta chamaram nossa atenção. - Fúrias.

- Corram para cima... Agora! - gritou Issei colocando os sofás na frente da porta enquanto nós corríamos pelas escadas dos fundos, não demorou para que ele nos acompanhasse. - Corram! Vamos!  

O barulho de destruição por onde passavam era auto o suficiente para acordar a vizinhança completa. Kouta gritava escandalosamente tendo que ser empurrado para continuar subindo, as fúrias vinham não muito abaixo de nós usando nevoa para disfarçar suas formas eram três no total. Quando chegamos no telhado descobrimos que os outros prédios eram muito distantes para um salto normal.

- Vamos morrer. - disse Kouta tapando os olhos após olhar para baixo. Issei bufou.

- Filhos de Poseidon não podem voar com água não? - brincou ele calculando o pulo para o prédio mais próximo.

- Quem dera pudêssemos. - assoviou Kouta desabando no chão.

- Issei, suas escamas aguentam uma queda de cinco andares? - perguntei, mesmo confuso ele acabou respondendo.

- É bem provável, mas porque a pergunta? - se aproximou obviamente sentindo as fúrias chegando.

- Segure Kouta e pule de costas eu me viro com as fúrias. - respirei fundo.

- Me dê apenas um motivo para deixar você aqui sozinha com três fúrias. - antes de sairmos eu havia pego a espada de Lucca e de Lucien.

- Porque dessa vez eu vim armada. - tirei dois pequenos punhos de espada do bolso da jaqueta e eles se transformaram nas espadas dos gêmeos.

- Sim senhora. Vamos peixinho. - Issei segurou as costas de Kouta e pulou.

As fúrias surgiram se transformando em sua verdadeira forma horrenda. Avancei em uma antes que ela pudesse voar e atravessei seu corpo o rasgando com as espadas, meus olhos formigaram e um grito ecoou em minha garganta, o sangue ferveu e meus músculos enrijeceram, os pés se moveram rápidos e sozinhos indo de encontro a batalha. A segunda fúria que encarou meus olhos recuou e tentou voar mas segurando a espada pelo pomo eu a lancei em sua asa fazendo com que ela caísse de costas no chão, corri em sua direção e rasguei seu peito de auto a baixo vendo ela virar cinzas. Me abaixei para pegar a outra espada e senti garras perfurarem meus ombros e me levantarem do chão sacudindo meu corpo por completo eu sabia que não podia feri-la enquanto não estivesse em um lugar seguro mas eu tinha que tentar escapar. Perfurei sua barriga com uma das espadas e ela me soltou de sorte em um prédio pouco mais de quatro metros do teto, aterrissei em pé e acabei torcendo o tornozelo, me sentei e guardei as espadas vendo a fúria ir embora.

- Que bom que filhos de Ares não voam, aterrissagem não é o seu forte. - Issei chegava correndo subindo os degraus daquele pequeno prédio e parando ao meu lado com seu sorriso irônico.

- Cala a boca Issei, idiota. - resmunguei. Ele apoiou meu braço em seu ombro e me ajudou a levantar com cuidado.

- Aquilo foi incrível! Vocês foram incríveis eu achei que iria morrer eu realmente achei que iria morrer. - Issei rosnou em meu ouvido. 

- Se não tivesse que carregar você eu já tinha desmaiado ele e sairia arrastando. - sussurrou irritado.

Relíquias Do Olímpo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora