Maio de 1956.

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Charles Payne se encontrava com ciúmes.

Jamil estava usando uma camisa branca enrolada até os cotovelos, suspensórios e calças bege, quando aquele alemão e seu sotaque engasgado se debruçou no balcão, falando com ele, algo que o fez corar.

O bar estava lotado, sem sinal que iria fechar. Os garçons trabalhavam furiosamente, servindo mesas e recolhendo pratos. Jamil agora não ficava sozinho, pois contava com mais seis homens e um chef de cozinha, que servia petiscos maravilhosos que o apetite abria.

Genevieve estava no colo de um brasileiro, que entoava odes pela beleza dela, em um sotaque engraçado abrasileirado. Fermín estava encostado na mesa, com Rita. Ambos os dois flertavam descaradamente com um casal em outra mesa.

Fermín por mais cafajeste que fosse, era uma pessoa boa. Nascido na década de 40, criado por uma mãe amorosa e um pai criativo, Fermín também teve de companhia, seus avôs. Gays, os homens protegiam o único neto durante as ameças e tristezas que viam. Os Estados Unidos não era um país receptivo com gente como os avôs de Fermín. Por isso, eles viviam em uma fazenda em Vermont, perto apenas de uma cidade pequena.

Fermín amava damas e cavalheiros. Embora, seu coração era mais apartidário com rapazes. Seu cigarro pendia da boca, enquanto ele olhava para um italiano no canto do salão.

Rita Edwards era britânica. Tudo o que se sabia era que estava ocupando um quarto no Le Trous, após fugir com a carreata de músicos do John Coltrane. Ela tinha dezessete anos, e uma maleta de sonhos. Não falava tanto sobre a família e nem de onde viria.

O alemão deu uma risada bruta, fazendo Charles virar a bebida em um gole e observar que Jamil ficou vermelho com algum comentário dele.

 — Que babaca — Ele murmurou.

Em prumo silêncio, Boris se aproximou dele.

— Vou subir ao palco em breve. Ora, o que faz nesse canto?

Charles elevou os olhos para ele.

— Me sinto tentado a ir embora.

Boris riu. Seu terno risca-giz e seus cabelos penteados de lado, sua altura e seu porte de homem bem educado, faziam Charles se sentir um pouco deslocado. Mas Boris tinha um bom coração, além de ser engraçado e comunicativo. 

— Nada eu penso, mas posso opinar que não é uma coisa boa ir embora. Sabe, porque quer ir?

— Uma visão me incomoda.

— Visão de Genevieve caindo nas graças daquele tupiniquim de araque ou de Jamil sendo cortejado discretamente pelo meu bom colega, Hans Fitzeman?

Charles engasgou-se.

— Eu não estou com ciúmes e incômodo de nenhum dos dois — Charles zangou-se — Nada eu tenho a temer.

Boris riu, em uma gargalhada discreta e delicada.

— Se contravém muito rápido. Vamos, Charles. Confesse.

— Nada tenho á confessar.

— Estamos entre amigos.

— Boris...

— Se me permite, Jamil é um homem de dotes e virtudes que fariam qualquer um se deleitar com ele. 

— Está colocando lenha na fogueira?

— Eu só fiz tal comentário. Mas se lhe coube...

— Nada me coube. Vou fumar um cigarro.

Zangado, ele se retirou rapidamente. Boris se encostou na pilastra, quando Rita surgiu.

Alabama Song (HISTÓRIA OFICIAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora