O céu ainda estava em um brilho entardecido onde eles estavam dentro de um táxi, rumo ao hotel.
Durante o caminho, Liam rodava a chave entre seus dedos, enquanto Zayn escrevia no caderno, ambos calados. Nada mais falaram desde que saíram da casa de Genevieve.
Para Liam, era complicado não imaginar como seria o amor á primeira vista de seu avô com Jamil. Imaginou ele sentado em uma mesa, com seus cigarros e conhaque, vendo o rapaz limpar o balcão, rindo e servindo, enquanto Charles e seu caderno, escrevia coisas sobre o par de olhos de Jamil.
Olhando de relance para Zayn, tentou um pequeno contato.
— Sabe, Zayn...
Mas o telefone dele tocou. Zayn o ignorou.
— Ah? Pierre! — Ele sorriu — Ah, sim... Eu estou indo para o hotel agora. Sim, claro. Só vou tomar um banho, é claro que eu quero! Te vejo em vinte minutos.
Ele desligou.
— Zayn?
— Eu estou saindo nessa noite — Zayn fechou o caderno, rapidamente.
— Com quem?
— Uns amigos da faculdade, eles estão morando aqui em Paris e eu mandei mensagem para eles. Vamos sair para um bar.
— Mas...
— O quê?
— Estamos aqui para resolver um mistério. Não para ficar bebendo com franceses. Eu estava pensando... Da gente... Sabe, jantar. Juntos e depois ir ao Le Trous...
— Olhe — Zayn estava vendo a fachada do hotel — Nosso último jantar foi desastroso. E ainda mais, está tarde demais para ir naquele bairro e abrir aquele prédio. É só uma noite. Estou precisando de sexo, de beber e de fumar um pouco.
— Mas Zayn...
Zayn pagou o taxista e saiu do carro, antes que Liam falasse mais alguma coisa.
Ele subiu correndo para seu quarto e bateu a porta, sem olhar para trás. Ver Liam lhe doía o coração, ver qualquer coisa relacionada a Liam estava o machucando.
Sentia-se apaixonado cada vez mais por ele. Seu moleskine que escorregou dos seus dedos assim que entrou no quarto, abriu-se no desenho inacabado de Liam, na janela do táxi. Assim como os outros que ele fizera, se espalharam pelo carpete fino e macio do quarto. Em um tórrido momento, ele foi até as coisas de seu avô e encontrou os desenhos feitos de Charles. As folhas amareladas e velhas, cheirando a poeira e passado, se mesclaram com as folhas brancas e novas de Zayn.
Por minutos, ele apreciou toda aquela bagunça. A bagunça que o amor causava, a zona de sentimentos, a lamúria de uma paixão mal feita.
Por Deus, ele tinha que esquecer Liam! Ele não era teu, jamais seria. Nunca em sua vida, Liam o amaria, do jeito que ele estava amando.
Estavam ali por seus avôs, apenas isso. Depois disso, só o futuro poderia saber.
Escorregou até o chão, encostando suas costas na porta.
— Maldito sentimento — Ele murmurou — Maldito Liam!
Passava das sete e meia, quando Liam escutou a porta de Zayn se fechar e ele sair em passos rápidos. Zayn demorou quase duas horas para sair do quarto, depois que subiu correndo feito um fantasma com medo da luz.
Liam estava deitado na cama, imaginando o que ele poderia fazer. Na sua mesa, ao canto, a foto de Charles e a chave do Le Trous, intactas. O velho diário rasgado de Charles, cheio de rascunho de poesias e mensagens amorosas á Jamil.
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Alabama Song (HISTÓRIA OFICIAL)
FanfictionNa década de 50, na idade do ouro no cinema, Elvis reinava na terra da música e o jazz ainda tocava nas ruas de Paris. Charles Payne tomava conhaque no Le Trous e Jamil Malik era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho dos dois foi selad...