Capítulo 7 | Selvagem

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"Sem um pensamento, sem uma voz, 
sem uma alma. Traga-me a vida."

— Brig Me To Life

Senti minhas pernas travarem no chão. Percebi nesse momento que, o sentimento de coragem, nada mais é do que a ausência de lucidez da mente humana. É o otimismo e a esperança de que tudo o que fizer, vai dar certo. Mas o universo conspira contra você o tempo inteiro. O destino joga, e se diverte com a sua destraça, porque sua vida não passa de uma partida fodida num jogo de azar. E embora não me sentisse pronta para morrer, consegui ver a minha vida passar como um filme nos olhos de vidro dede. Travis estava bravo. Na verdade, ele estava muito mais do que isso. Ele estava puto da vida comigo. O meu olhar oscilou das mãos ainda erguidas empunhando a arma e seu rosto sombrio, enquanto esgueirava no ambiente escuro até estar diante de mim. A arma apontada diretamente em minha direção me fazia vacilar ao imaginar que a qualquer momento ele poderia descarregá-la em mim.

Alguns feixes de luz alcançavam e iluminavam fracamente o seu rosto, permitindo que eu visse a expressão sombria e mortal com que me encarava. O maxilar estava travado e os olhos mais frios do que pedras de gelo lhe rendiam uma expressão perturbadora que me assombraria pelo resto da vida e fazia um arrepio aterrador percorreu a minha espinha, arrepiando a minha pele. Naquele momento, a única coisa que passou pela minha cabeça foi: eu estava completamente e irrevogavelmente fodida. Eu estava morta e não tinha a menor dúvida sobre disso.

— Droga! — Sua voz trovejou ao praguejar, fazendo-me estatalar os olhos e recuar assustada para trás. — Você não tem medo de morrer? — Berrou irritadamente, abaixando a arma e guardando-a.

Aquilo definitivamente não havia soado como uma pergunta. Meu estômago deu um nó e meu coração parou por um segundo.

A fúria crescente que lavava os seus olhos fez com que minhas pernas bambeassem. Tentei de todas as formas me prender a ideia que ele estava apenas tentando me intimidar, tentando mostrar quem é que manda, mas a falta de tolerância em seu rosto estava me levando a acreditar que aquilo não terminaria nada bem para mim.

Arquejei, coagida, abaixando os meus braços com um sentimento doloroso de frustração. Meu único e fino fio de esperança havia sido roubado.

Estava nas mãos dos criminosos e provavelmente vivendo os meus instantes finais.

— Essa vadia está com passagem direta pro inferno! — A voz enfurecida de Ernest surgiu de repente por trás de mim, preenchendo o ambiente e me fazendo sobressaltar a cada nota que parecia estar mais próxima.

Oh, meu Deus!

Eles estavam nitidamente furiosos comigo.

Soltei um gemido engasgado quando fui surpreendida por uma pancada dolorosa na cabeça. Lembro apenas da escuridão que tomou rapidamente os meus olhos, fazendo-me apagar no momento seguinte, caindo mole para frente, nos braços de Travis.

✦✦✦

Travis estava de frente para mim. A distância era consideravelmente boa entre nós.

Seu traje casual fora substituído por bermudas de moletom cinza e camiseta preta que deixava em evidência os músculos protuberantes do seu corpo. Ele não era do tipo grande e "bombado". Os ombros eram largos e sua estrutura física era de uma pessoa magra e forte.

— Ataque! — Ordenou Travis, erguendo sua guarda.

— O quê? — Franzi o cenho, rebatendo confusamente ao vê-lo saltitar de forma orquestrada, um pé seguido do outro. As mãos cerradas em punhos diante de seu rosto, como um lutador de boxe.

TOUGH - CONSPIRAÇÃO [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora