Travis estacionou o carro na rua, em frente a um grande e luxuoso prédio no Queen's.
— Você entendeu? — Perguntou Travis pela quarta vez, logo depois de desligar o motor do carro.
Assenti impacientemente com a cabeça em resposta, e ele arqueou as sobrancelhas, parecendo não dar credibilidade a minha resposta.
— Então, repasse o plano! — Ele se ajeitou na poltrona.
De forma impaciente, me remexi na poltrona do carro, mudando a posição, de forma que, ficasse de frente para ele.
— É sério? — rebati franzindo as sobrancelhas.
Travis retorceu o rosto numa expressão que demonstrava desaprovação e suspirou, impacientemente.
— Infelizmente, eu sou obrigado a lidar com uma maluca impulsiva, que, aliás, não sabe receber ordens. Então sim! Repasse o plano.
— Eu não pedi para estar aqui. — Respondi num tom azedo, dando de ombros, ignorando a forma como ele tinha se referido a mim.
Ele apoiou os braços no volante do carro e me encarou, lançando um olhar insistente.
— Nós somos agentes da Tecline — cedi — recebemos um chamado para resolver alguma coisa que deram errado na rede. Você é Jimmy e eu sou Alex. — Repeti o que ele havia dito, indicando o crachá no uniforme azul claro. — Ah... — Sobressaltei com satisfação, de forma irônica — Não posso me esquecer de não falar com ninguém a menos que eu queria ter problemas com você. — Finalizei, saindo do carro e batendo a porta atrás de mim.
Assim que pus os pés no tapete da entrada, a porta dupla de vidro do prédio se abriu automaticamente e Travis e eu irrompemos lado a lado o salão da recepção.
— Boa noite. — disse Travis estranhamente educado, cumprimentando o senhor que estava atrás do balcão.
Analisei a etiqueta branca bordada com o nome "Evans", pregada no bolso direito da sua camisa social preta.
— Boa noite. — O recepcionista respondeu, encarando-nos por cima dos óculos na ponta do nariz. Sua voz arrastada e rouca nos cumprimentou cordialmente com um aceno de cabeça.
— Recebemos um chamado... —Travis tratou de informar, segurando sua grande maleta de ferramentas vazia, enquanto incorporava um seu personagem educado. — Parece que está havendo uma queda na rede da internet.
O senhor atrás do balcão parou por alguns instantes e ponderou de cenho franzidos.
— Que estranho... — O funcionário do prédio levou a mão magra até o balcão. — Eu não fui informado pelos inquilinos, como também não sabia que vocês faziam plantão. — Argumentou o idoso, observando o relógio que marcava meia-noite e quatro.
— Pelo visto, o senhor não fica sabendo de muitas coisas por aqui, não é mesmo? — Travis soltou, com as sobrancelhas arqueadas e um meio sorriso quase zombador.
Era uma piada de muito mau gosto.
O senhor Evans encarou Travis por um longo tempo, lançando lhe uma expressão séria e desconfiada.
— Quem fez a solicitação? — O funcionário perguntou.
— Patrick Pallington. — Travis respondeu.
Algo de muito estranho naquele nome tinha me chamado a atenção, mas não permiti que aquilo me incomodasse e continuei em silêncio.
Arrisquei a cogitar, por alguns instantes, que o homem se recusasse a permitir a nossa entrada, no entanto ele abaixou o olhar para o balcão e depois voltou a nos encarar.
— A sala de rede fica nos fundos, é só seguir pelo corredor, na última porta. — Informou, voltando a mexer em seus papéis.
— Algo mais? — O idoso perguntou, sem tirar os olhos da papelada, quando notou que ainda estávamos no mesmo lugar, atrás do balcão.
Travis engoliu a seco antes de prosseguir.
— Vamos precisar do cartão de segurança do prédio...
— Tudo bem, pode levar o meu — disse, enquanto abria uma gaveta e estendia o cartão. — mas não se esqueça de devolvê-la antes sair.
— Obrigada, senhor Evans. — Eu disse, lendo a tarja de identificação em sua camisa, e ele abaixou a cabeça em um aceno discreto.
Tratei de abaixar a cabeça, permitindo que o boné em minha cabeça cobrisse o meu rosto ao passar pela câmera da recepção e segui rapidamente em direção a Travis, que não me esperava, seguindo para o elevador com discrição.
Quando me pus dentro do elevador, tomei uma postura defensiva e tensa enquanto estávamos sozinhos no pequeno espaço que havia entre nós. Travis pressionou o botão que nos levaria para a cobertura e me encarou antes de se pronunciar.
— Tudo bem. Estamos dentro... — Anunciou, esperando a porta do elevador se abrir. — Eu só preciso passar alguns arquivos para o computador dele, vai ser bem rápido.
Já estávamos de frente para a porta luxuosa do apartamento da cobertura e eu não sabia ao certo o porquê de estarmos fazendo isso, mas observei atentamente enquanto Travis levava o cartão de segurança ao leitor que havia ao lado da fechadura, fazendo a porta se abrir.
— Não se preocupe. — Ouvi Travis dizer, enquanto avançava com pressa para dentro do cômodo que eu presumi ser a sala de estar. — Vai ser jogo rápido.
— E o que eu devo fazer?
Travis me encarou por cima do ombro e revirou os olhos.
— Fique com isso — disse, pegando a pistola que ele guardava por dentro do macacão e estendeu-a para mim. Precipitei em pegá-la de sua mão — e me avise se ouvir algum barulho... — articulou. — Não me decepcione. — Concluiu, me fazendo encarar a arma por algum tempo.
Quanta ironia! — Pensei, guardando a arma por dentro do macacão.
Não o decepcionar seria o que exatamente? Não usar a sua própria arma contra ele mesmo? Ou será que seria deixar o seu rabo seguro, enquanto ele faz sabe-se lá o que na casa de um desconhecido?
Que se dane!
Não fazia a menor ideia de quanto tempo havia se passado, mas foi tempo suficiente para eu desejasse olhar ao redor, procurando algo para ocupar a mente.
Ergui o olhar, focando na estante com uma estatueta estranha de luvas de boxe e liguei a televisão, procurando o controle. A tela da TV se iluminou, barulhos embaraçosos de gritos e gemidos tomaram conta do ambiente e a cena de peitos de mulheres nuas preencheu a tela.
Apertei no botão de desligar do controle no momento seguinte, quando a minha garganta se apertou, forçando-me a olhar para trás a fim de constatar que ninguém havia presenciado isso além de mim.
— Mas que merda você está fazendo no meu apartamento? — Sobressaltei num pulo, instintivamente. Pensei em capturar a arma da minha cintura assim que ouvi a voz trovejar por atrás de mim.
Que.Merda!
Não houve tempo suficiente para que eu conseguisse empunhar a arma ou sequer me virasse na direção de quem quer que fosse.
— Se ousar mexer nessa merda aí, eu mato você! — A voz era firme demais para me fazer questionar a sua coragem, então por via das dúvidas, ergui as minhas mãos, quando ouvi as engrenagens da arma sendo engatilhadas.
— Vire-se... — ralhou — bem de vagar, mantenha as mãos para cima... — Ordenou, mantendo a sua voz grave no mesmo tom.
E foi assim que eu fiz, cautelosamente e de vagar, sem demonstrar hostilidade ou resistência, ficando de frente para o homem que havia me encurralado. Encarei a pistola, que ele empunhava a uma distância, que poderia dizer com bastante certeza ter margem erro praticamente nula.
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Oi Genteeee!!!
Capítulo fresquinho para vocês! O que acharam???
Eu só posso dizer que estou muito, muito, muito ansiosa pela continuação desse capítulo!!
Beijos e até amanhã, com o próximo capítulo <3
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TOUGH - CONSPIRAÇÃO [Concluído]
ActionLIVRO I | série CORAÇÕES CORROMPIDOS. E se você sentisse a morte te abraçar e ela sussurrasse no seu ouvido dizendo que ainda não é a sua hora? Se você perdesse tudo, e todas as suas memórias fossem fragmentadas até não existir absolutamente mais na...