Capítulo 19 | Rota de fuga

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— Você pegou tudo? — perguntei a Stayce, enquanto descíamos às pressas à escadaria do prédio.

— Acho que sim. — Respondeu, enquanto eu abria o porta-malas do carro dela, um Toyota Matrix prata usado, mas muito conservado, e depositava nossa bagagem ali.

Não se tratava de muita coisa. Eram duas bolsas. Uma minha, outra dela e uma sacola com comida para o caso de emergências. Nós não precisaríamos de muito agora, pelo menos não por enquanto. O mais importante era sair desse lugar, e se prender a coisas demais parecia um erro.

— O que é isso na sua calça? — Stayce indagou, arregalando os olhos e apertando as sobrancelhas ao cruzar os braços diante do peito, encarando a arma enfiada no cós da calça.

A pergunta me fizera lembrar do que tinha acontecido há poucas horas. Meu plano de prender Travis e conseguir informações. Havia roubado a arma dele, suspirei ao me lembrar que era uma história grande demais para ser iniciada àquela altura.

— Longa história — limitei-me a apenas isso, agitando-me em fazer a volta pelo carro. — Eu vou te contar tudo, mas não dá para ser agora.

O olhar dela permaneceu fixo sobre mim.

— Tem certeza que você não endoidou? — ela ainda parecia bastante hesitante em entrar no carro. — Uma pancada na cabeça — franziu o lábio pensativa — um tombo. Sei lá, qualquer coisa.

— Isso é sério. Eu não sou maluca, Stay. Confie em mim — certifiquei ao abrir a porta e sentar na poltrona. — Entra logo. — Insisti num sussurro, inclinando o corpo para olhá-la através da janela do outro lado, varrendo a rua com um olhar apreensivo. — Eu não tenho licença. Você dirige. — Pedi, e ela puxou a porta, olhando ao redor por cima do ombro, antes de entrar. — Não pare até darmos o fora de Nova York.

Eu não podia assumir a direção e não seria sensato atravessar o Estado irregularmente, principalmente depois de ficar a noite inteira acordada, então Stayce poderia cuidar disso.

— Tudo bem. — Assentiu em concordância. — Eu estou contigo, mas você precisa me contar o que está acontecendo. Afinal, eu não vou cruzar o país sem saber o que realmente você arrumou — disse, segurando o volante com determinação ao dar partida no carro e.

O carro entrou em movimento e eu assenti, dando de ombros. Contaria tudo, mas primeiro precisaríamos estar longe.

— Mas eu não arrumei nada — fiz questão de pontuar, puxando o envelope pardo amassado de dentro do bolso da jaqueta. — Aquele cara no bar, na noite em que sumi, foi ele quem me sequestrou.

— O que? — Ela rebateu, desviando o olhar da rua para me fitar com descrença.

— Eles me disseram que o meu nome é Amy Murray — contei — e que eu era uma Agente da CIA. Eles queriam me chantagear para trabalhar para eles. Você acredita nisso?

A expressão no rosto de Stayce se tornou dura e ela me encarou com seriedade.

— Por que, então, ninguém procurou por você quando estava no hospital?

— Ninguém sabe. — Respondi, pegando o passaporte do meu colo, que continha uma foto recente minha.

— "Madison Hill" — estranhei, franzindo os cenhos, ao ler o nome em voz alta.

Peguei a licença para dirigir e vi novamente a mesma foto e nome. Dispensei o papel e segurei o bolo de notas enrolados e amarrados por um elástico fino. Travis tinha falsificado documentos para mim.

— O que é isso? — Stayce questionou, olhando rapidamente para a papelada em cima de mim e o dinheiro na minha mão.

Peguei a carteira de direção e entreguei para ela.

TOUGH - CONSPIRAÇÃO [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora