Daquele momento em diante, eu só conseguia me questionar se os meios poderiam justificar os fins? Estar sendo ameaçada e chantageada justificavam esse ato hediondo? Usar isso como desculpa seria capaz de amenizar o que eu acabara de fazer?
Eu precisava daquele homem vivo; ele tinha respostas e agora, eu tinha conseguido estragar tudo.
— Nós precisamos sair. — A voz de Travis não passava de um ecoar distante em minha cabeça, parecendo um zumbido.
O meu cérebro ainda estava trabalhando para assimilar o estrago que eu tinha acabado de fazer.
Eu tinha matado uma pessoa.
O que isso faz de mim agora?
Uma assassina?
Não. Eu me recusava a ser esse tipo de pessoa, mas tinha acabado de fincar os meus dois pés na lama e não conseguiria sair limpa disso.
— Amy! — Era a voz dele novamente, mas estava muito difícil me livrar da inércia. Distante. Completamente incapaz de me mover ou de formular uma resposta.
Era como se os ponteiros do relógio girassem diante dos meus olhos numa maldita câmera lenta, esfregando na minha cara o que eu me recusava incessantemente a enxergar.
Eu o matei! O meu subconsciente se recusava a processar isso. Por vingança ou para salvar Travis?
Qual das duas seria mais tenebrosa de assumir?
— Qual é a porra do seu problema? — O berro de Travis, dessa vez, soou bem mais perto, autoritário e afobado, me fazendo chacoalhar a cabeça e voltar a mim.
— Eu o matei — A minha voz era apenas um lamento sussurrado.
Olhei, ainda incrédula, pela última vez para o corpo sem vida, ensanguentado e estirado no chão, e depois voltei o meu olhar para Travis, analisando o seu rosto surrado pela primeira vez depois de tudo. Uma pequena fenda havia se aberto em seu supercilio, liberando um pouco de sangue que começava a coagular em volta.
Engoli a seco, desejando perguntar o que aconteceria a seguir. No entanto, a minha língua e meu corpo estavam dormentes, completamente alheios às ordens do meu cérebro.
— Eu quero ir para casa, Travis. — Soltei de repente, mais firme do que acreditava que conseguiria ser, dada as circunstancias.
Eu precisava tomar uma decisão. Uma que colocava tudo, inclusive a minha própria vida em risco, mas ainda assim, para a minha sanidade, era o melhor a se fazer.
Fugir, ou morrer tentando.
Avancei até a porta, em uma atitude impensada e levei a mão à maçaneta.
Eu não podia estar mais fodidamente louca...
Ouvi o passo de Travis atrás de mim, e a mão dele segurou a minha sobre a maçaneta de porta.
— O que você está fazendo? — Ele indagou, de costas para mim.
Cravei o olhar para sua mão sobre a minha. O meu coração pareceu congelar por alguns instantes e a minha garganta contrai-se secamente.
— Eu não posso fazer isso... — soltei, com voz trêmula. — Ou você acaba logo com isso... — pausei com receio do que essas palavras poderiam causar a mim — ou você me deixar ir.
Ele se manteve em silêncio por um tempo que se tornou inquietante.
— Como você faz para conviver com isso? — Indaguei, interrompendo o silêncio, esperando que ele me desse uma resposta que solucionasse o problema que isso me causaria.
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TOUGH - CONSPIRAÇÃO [Concluído]
ActionLIVRO I | série CORAÇÕES CORROMPIDOS. E se você sentisse a morte te abraçar e ela sussurrasse no seu ouvido dizendo que ainda não é a sua hora? Se você perdesse tudo, e todas as suas memórias fossem fragmentadas até não existir absolutamente mais na...