Capítulo 23 | Invasão de domicílio

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Permaneci na casa de Travis por dois dias. Meu corpo se recuperava satisfatoriamente rápido. A ferida já estava seca e não precisava tomar mais remédios, porque a dor já não era latente.

Eu me sentia boa o suficiente para partir. Não queria mais permanecer em Nova York, e me recusava a ficar na casa de Travis por mais tempo.

As coisas tinham ficado estranhas desde a primeira noite, e eu passava a maior parte do tempo tentando evitá-lo. Talvez estivesse envergonhada por ter ficado chapada ou simplesmente com medo de Travis e da forma como ele olhava para mim, mas de algum jeito surreal, as coisas conseguiam ficar ainda mais esquisitas à medida que permanecia na casa.

Uma sensação estranha zunia no fundo dos meus ouvidos, advertindo-me ao fato de que ele estava escondendo alguma coisa importante sobre o meu passado de mim. Eu tinha certeza disso, pois ele sabia demais, mas Travis não confiava em mim, e isso, pelo visto, era uma via de mão-dupla, porque eu também não confiava nele.

Havia alguma coisa por trás do que ele e Ernest conversavam aos cochichos à noite, enquanto achavam que eu estava dormindo. Eu não sabia de nada e não fazia questão de sair do escuro.

Por isso, sentia que precisava ir antes que as coisas ficassem piores com eles e o Raymond.

O meu lado racional trabalhava em mil motivos não ficar, mas o meu emocional acabava me enfraquecendo devido ao medo de ficar sozinha, porque Stayce era a minha única família e perdê-la me deixou sozinha e assombrada, e era esse medo que estava me atando mais ainda a este lugar.

Com a mente imersa e distante, sentada no sofá e assistindo à TV, de sobrancelhas franzidas, sobressaltando quando o noticiário da CNN chamou a minha atenção para a reportagem que passava.

... ainda sobre o assassinato do lutador Patrick Pellignton. A polícia continua em busca de informações sobre os envolvidos no homicídio ocorrido nesta sexta-feira. Imagens das câmeras de segurança do apartamento em que a vítima morava foram disponibilizadas, mas a polícia ainda não comenta sobre andamento da investigação... — engoli a seco, assim que as imagens das câmeras de segurança do prédio preencheram a tela. Nossos rostos não estavam nítidos o suficiente, mas eu sabia que era Travis caminhando pelo corredor com a maleta em mãos e eu logo atrás. — O casal — retorci o rosto e revirei os olhos pela forma como o homem se referiu a mim e Travis, um casal. Nós estávamos bem longe disso. Eu o odiava, e ele estava me ameaçando — conseguiu entrar no prédio disfarçado de assistentes da Tecline e juntos, invadiram o apartamento da vítima — a jornalista que estava ao lado do apresentador se manifestou, completando a informação. — É importante lembrar que a vítima é primo de Brandon Pellignton, o criminoso foragido desde 2012 que com inúmeras acusações cabeceia a lista dos mais procurados do FBI. Aliás, existem suspeitas também de que o Patrick estava envolvido nos esquemas. A Divisão de Homicídios está trabalhando no caso e suspeitam que possa ter sido uma operação... — não consegui prestar atenção no que foi dito a seguir, pois Travis abriu a porta da sala, chamando a minha atenção ao avançar em direção ao sofá.

O peso do corpo dele ergueu suavemente a parte em que eu estava e depois, senti os olhos dele sobre mim antes que ele se pronunciasse.

— O que você está fazendo? — perguntou, analisando a TV.

— Somos nós no noticiário.

— Eu sei. — Ele suspirou e se inclinou para pegar o controle remoto, que se encontrava ao meu lado sobre o sofá, trocando o canal em seguida e recostando-se confortavelmente quando uma luta de boxe preencheu a tela. — Jornalistas são uma droga — resmungou. Eu ignorei a sua atitude e pensei logo no que tinha em mente.

TOUGH - CONSPIRAÇÃO [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora