Passamos uma semana embalando as coisas, tanto o que iria ficar, quanto o que iria conosco. As meninas se tornaram insuportáveis de tanto que falavam em como seria na corte, eu acredito que elas acham que lá é mágico e que ao pisarem os pés na terra onde a realeza passa as farão se casar.
Meu tio perguntou se poderia me achar um pretendente e eu quase tive que o implorar para ele desistir da ideia de me casar com o primeiro barão ou duque que aparecesse.
- Lizandra? - minha irmã Laís me acorda dos meus pensamentos.
- Oi Laís.
- Tio Zé disse que vamos partir tem que descer agora.
- Tudo bem, vá na frente estarei indo em seguida. - digo virando para pegar meu livro em cima da cama.
Dei uma última olhada no meu amado quarto, simples e bonito, lembro que papai deixou que eu colocasse uma prateleira no lugar da penteadeira e eu amei poder estar com meus livros tão perto de mim.
Não havia de quem se despedir, estávamos indo sem avisar os amigos. Sempre me pergunto se é melhor ter muitos ou poucos amigos, mas não sinto falta de nenhum pois tenho meus livros e minhas irmãs.
Quando eu desci percebi que haviam muitas malas e pensei em como minhas irmãs poderiam ser exageradas e ter colocado muito mais que o necessário nos baús.
- Vamos meninas o trem não espera por ninguém. - disse tio Zé já em cima da carruagem.
- É Lizandra que passa um ano para vir do quarto até aqui. - diz Laís.
- Já estou aqui meninas! - digo revirando os olhos.
- O que faz com esse livro na mão? - Pergunta Laura.
- É para ler no caminho. - respondo abraçando meu livro.
- Eu não quero só ler romances eu quero viver romances. - ela diz subindo e se aconchegando ao assento.
- Teremos sorte de encontrar um marido que não seja romântico com o nosso dote. - diz Laís.
- Não Laís, teremos sorte de encontrar marido para vocês que reconheçam as mulheres que são.
- Fala como se não fosse se casar. - Luiza fala.
- E não vou irmã, prefiro ver vocês se casar e continuar com meus romances.
- O que lê. - pergunta tio Zé.
- Esse é Orgulho e preconceito de Jane Austen.
- Hum parece bem sua cara, orgulhosa demais para achar que terá um rapaz a sua altura para se casar. - alfineta Laura.
- E pode acreditar irmã que será bem difícil existir um Sr. Darcy na minha vida.
Seguimos viagem caladas, logo chegamos na estação de trem, eu percebia que Laura não estava satisfeita com a resposta que havia lhe dado, porém não falou mais nada. Fizemos nosso embarque na mais pura ordem e logo estávamos no vagão que nos levaria a corte. Ao longe sentado numa mesa eu vejo tio Zé com um semblante preocupado e decido me aproximar para ver se descubro o motivo.
- Não quer comer tio? - falo apontando para os bolinhos.
- Não tenho fome querida.
- Pode dizer o que te deixa com tanta rugas na testa? Está escrito aí nesse papel que parece que decora?
- Não é nada menina, só coisas de velho.
- Me diga tio, é sobre nossa ida a corte não é?
- Você me conhece muito bem senhorita Marinho.
- Obrigada tio, mas pode falar logo.
- Sua tia Ada me mandou uma carta a alguns dias.
- Ela desistiu de nos receber?
- Não, quem dera fosse isso.
- O que seria pior que isso?
- Ela achou um meio da fazenda ficar na nossa família sem termos que vendê-la.
- Onde isso é ruim tio?
- Tem um duque na corte que precisa casar o filho mais velho e sua tia quer casar ele com você em uma espécie de contrato.
- Como? - falei espantada.
- Calma não quero que suas irmãs saibam disso agora.
- Minha tia quer me vender? - falo baixando a voz mas sem esconder a raiva que estou.
- Não é bem vender, deixe eu tentar explicar pelo que entendi na carta.
- Tio por favor não me diga que está de acordo com isso.
- Posso tentar lhe explicar a proposta do Duque?
- Sim tio desculpa por ter interrompido. - falei arrependida por não ter deixado ele falar.
- O filho dele tem a mesma idade que você 22 anos, é um jovem que gosta de bailes e festas com mulheres.
- Ou seja é um libertino. - conclui tirando do meu tio um suspiro.
- Por aí, mas o caso é que, para o rapaz receber o título do pai de Duque quando esse morrer terá que estar casado, caso contrário o título passará a outra família.
- Não tem moças na corte para isso?
- Sim tem, mas nenhuma que queira um casamento arranjado.
- Como assim? As moças não se casam pelos maridos escolhidos por seus pais na corte?
- O rapaz não quer casar, ele quer continuar livre para fazer o que quer, os pais querem uma moça que não queira se casar para não correr o risco dela se apaixonar e sofrer na mão dele. Então como eu disse a Ada que você não quer casar ela pensou em você e já falou para a família do duque que talvez teria a moça certa.
- Mas tio, e-eu não suportaria.
- Você é mais forte que suas três irmãs juntas e outra coisa além da fazenda permanecer na nossa família com esse casamento o duque irá dar o dote de suas irmãs.
Nesse momento eu olhei para as minhas irmãs e uma lágrima rolou em meus olhos. Como eu poderia deixar elas sem um dote?
- Esse duque está desesperado para casar o filho hem? - falei secando a lágrima. - Prometo pensar tio, ao chegarmos lá conversaremos tudo bem?
- Obrigada minha menina, eu te amo.
- Eu também te amo tio Zé.
Nos abraçamos e mais uma lágrima rolou nos meus olhos. Fiquei pensando em tudo que eu teria que sacrificar para ver minhas irmãs bem, como será que seria meu futuro com um libertino ao meu lado?
E agora meninas? Um contrato de casamento? Será que ela vai aceitar?
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Por acaso
RomanceLivro 8 Esta é uma história de um amor que surge por um contrato, um acordo entre duas famílias para beneficiar a dois jovens acaba unindo dois corações. Haverá resistência e luta para não cumprir a vontade de todos que é o casamento, mas em meio ao...