CAPÍTULO 6

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São seis da manhã e eu estou de pé ( não por vontade própria), a governanta Genevre teve que me arrastar para fora da cama.
Depois do banho eu já estava extremamente feliz , até minha ficha cair, e eu me lembrar do motivo de estar sendo acordada as seis da manhã, depois de um baile.
Os jogos começavam hoje.
Quatro meses de luta, entre pessoas de vários reinos diferentes, uma tradição de Sarabely.
Hoje é a estréia, e quem iniciará as lutas dessa temporada será eu e Olívia.
Aproveitando que estava sozinha no quarto, me joguei na cama , o pânico já lançando suas garras sob mim , um nó foi se formando em minha garganta. Pisco para afastar as lágrimas que já se acumulavam.
Eu iria participar.
Treinei a vida inteira, para na minha primeira luta pública, estar com vontade de chorar como um bebê. O capitão Zion estaria decepcionado, agora eu tinha 17 anos, e tinha por obrigação, trazer a vitória para meu reino.
Isso era muito ruim, uma obrigação a qual eu não tinha o poder de decidir se queria ter ou não. Não havia escolha para mim.
Sento-me rápido, do modo mais recatado possível , assim que ouço passos no corredor, passo as mãos no cabelo tentando tirar um pouco do volume. Ouço as batidas na porta poucos segundos depois.

- Pode entrar!

Duas servas entram no quarto carregando objetos de limpeza, com as cabeças abaixadas, junto da  governanta Genevre que parecia um tanto animada .

- Com licença alteza - uma das servas diz, antes da governanta me arrastar até a cadeira em frente a
penteadeira.
Ainda com o coração pesado, observei através do espelho Genevre, que era como uma segunda mãe para mim e Olívia, penteando meus grandes cabelos brancos com uma delicadeza que só ela tem, depois de desembaraçar, ela fez tranças.
Essa mulher tem a mãos milagrosas.
Vou para trás do lençol pendurado, onde a armadura está, visto a camisa e a calça de linho.

- Genevre,a senhora poderia me dar uma ajudinha aqui ! - grito de trás do pano .
Logo ela surge através do tecido que esconde minha quase nudez. Genevre me ajuda a colocar o camisão chemise, que era quase um enchimento , feito de couro, que protegia a pele e absorvia o impacto de  golpes. Um pouco mais trabalhoso foi a cota de malha, feita de vários aros de aço entrelaçados,mas para combater as armas de corte. A armadura feita de metal leve era bem sofisticada e segura.
Vestida com a armadura (coisa que usei mais que vestidos ao longo de minha vida, mas jamais me acostumei), agradeci a Sra Genevre e as servas que continuavam a arrumar o quarto e saí as pressas do quarto, afinal, eu não era louca de entrar em uma luta de estômago vazio.
O corredor ainda estava cheio de tochas para iluminar o caminho, fui andando em direção ao salão, já que lá que seria servida todas as refeições durante as competições.
O salão estava cheio de nobres, e servas andando de um lado para o outro com bandejas na mão. Mas no centro do salão, como sempre, estava uma mesa enorme, que era para a realeza. Papai estava na ponta da mesa com mamãe na lateral ao seu lado, e tia Audri conversava toda sorrisos com mamãe da outra ponta da mesa. Nojenta .
Na lateral direita de papai, duas cadeiras vazias esperavam por mim e Olívia.
Foi quando percebi que na outra ponta , o rei de Barker estava com a cabeça inclinada e falava com seu filho.
De repente o ar me falta, e já não existe rei de Barker ou tia Audri e sua falsidade. Há apenas Dylan e seus cabelos de fogo ,seus olhos azuis concentrados no pai e a cabeça acentindo em concordância enquanto seus cabelos balançam indomáveis como labaredas .
Uau ele está mais bonito do que eu me lembrava.
Respiro fundo e ando em direção a mesa .
Aí meu Deus!!! Será que ele se lembra de mim? Ou estava mais bêbado que eu??
Eu estou nervosa, muito nervosa, eu quero que ele olhe para mim e me reconheça,mas também desejo que ele estivesse tão bêbado ontem e assim não se lembrasse de mim, então eu poderia seguir a minha vida sem sentir aquela sensação estranha no peito sempre que ele estava por perto.
Era algo novo, e desconhecido.
Antes que eu estivesse no campo de visão dos nobres, uma mão agarrou meu braço e me puxou para trás de uma parede.
Era Olívia.
Vestida com armadura e os cabelos presos em uma confusão de tranças.
Aí meu bom Deus, que ela não me mate !!
Assim que olho em seu rosto , já preparada para levar uma tapa ( que seria bem merecido, depois do que fiz com ela ,) mas para minha surpresa, ela está sorrindo.
Olívia sorrindo já é estranho,mas sorrindo depois de eu ter deixado ela plantada ontem é assustador.

- Lívia, que bom que te encontrei, preciso falar urgentemente com você! - diz ela dando pulinhos de alegria.
Isso é muito estranho.

- Que bom, porque eu também queria falar com você,e pedir desculpas pela noite passada...

- Deixa isso pra lá, está tudo bem, não, está tudo maravilhoso ! - ela me dá um sorriso grande e brilhante . Com sua empolgação, ela está me contagiando.

- Anda , agora me conta o que te deixou tão feliz- pergunto cheia de curiosidade .

- A pergunta não é o que, e sim quem !! - fala piscando o olho para mim.

- A não acredito que alguém conseguiu conquistar seja lá o que você tem aí no lugar do coração - digo rindo.

- Muito engraçada você Srta Lívia, mas saiba que estão todos comentando, que você - semicerra os olhos e aponta o dedo acusadoramente para mim - estava toda caidinha por um príncipe aí.

Arregalo os olhos, surpresa por essa notícia já ter chegado aos ouvidos dela.

- Bem.... Hum...

- Sem palavras? Talvez a fofoca seja verdadeira...

- Bem ... humm ... é... talvez os rumores estejam certos - digo, dando uma risadinha sem graça.

- Não é possível, quem foi o sortudo a ganhar esse seu coração molengo ?!

- Príncipe Dylan Barker ...

- Que! O príncipe de Barker?! O mais novo reino aliado de Sarabely?!

- Sim, este mesmo!

-  Não acredito Lívia, me conta,como é que ele é?

- Meu Deus Olívia!! Não tenho nem como descreve-lo ! O homem é perfeito! - digo, dando um suspiro dramático , agarro seu pulso e a levo até a entrada do salão - você tem que ver com os próprios olhos!

Ela olha para a mesa enquanto aponto discretamente na direção de Dylan, que agora balança a cabeça enfaticamente para o pai .
Vejo quando Olívia fica ereta,com os ombros tensos,o sorriso desaparecendo. Meu cérebro já entra em estado de alerta.

- Lívia, é ele .

Ela não precisa me dizer mais nada.
Eu entendo.
O homem de cabelos de fogo era o motivo tanto da minha felicidade quanto da dela.

...
...

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Lívia (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora