CAPÍTULO 16

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Eu a olhava fixamente, tentando memorizar cada detalhe de seu rosto que eu jamais percebera. Deitada naquela enorme cama ela parecia tão pequenina, eu estava com medo de toca-lá depois do que havia acontecido,era como se a um pequeno toque meu ela fosse desmanchar,temia que uma leve brisa a levasse para longe de mim.
Era como se eu pudesse ouvir seus fracos batimentos.
Eu podia ver o quão frágil ela estava.
Eu podia sentir a vida se esvaindo.
E não havia nada que eu pudesse fazer. O sentimento de impotência se instalou em mim nas últimas horas, era como se uma nuvem escura estivesse pairando sobre mim, trazendo a escuridão e levando-me ao torpor.
Não sei exatamente a quanto tempo estou aqui, deitada ao lado de Olívia, na verdade, eu não sei de mais nada das últimas horas. Depois que colocamos água na banheira para Olívia e a governanta Genevre apareceu...bem, ela meio que expulsou Dylan do quarto.
Eu gostaria que ele tivesse ficado. Me sentia segura quando ele estava por perto,de alguma forma ele conseguiu me fazer sentir como se nada de mal fosse acontecer, como se eu fosse imune aos problemas. Dylan Barker tirava todo o peso das minhas costas por poucos minutos, eu me sentia alguém perto dele.
Eu me sentia especial.
Mas depois que ele ia embora, vinha o vazio,o terrível e profundo vazio. Então eu estava sozinha de novo, com todos os problemas e ainda desejando vê-lo novamente.
Eu queria muito ver ele de novo, queria aquela sensação de paz que ele me trazia, porque só assim eu poderia respirar sem o peso da culpa por Olívia estar naquele estado ao meu lado, respirar sem o peso dos problemas.
Eu estava deitada na cama junto de Olívia quando a senhora Genevre apareceu.

- É hora de trocar os curativos dela , Lívia - disse, parando ao lado da cama.

- Tudo bem - levantei-me da cama com um suspiro e me dirigi a porta.

- Lívia ? - me virei para a governanta quando ouvi ela me chamar - tente descansar um pouco, você precisa se recompor - disse, os olhos castanhos me fitavam cheios de carinho e com um sorriso bondoso ela gesticulou para que eu partisse.
Apesar de saber que a senhora Genevre estava certa em me dizer para descansar, isso não era uma opção para mim, estava inquieta demais para tentar descansar, apesar de me sentir um tanto cansada.
Eu poderia me sentar na frente da porta como sempre fazia, mas agora eu queria ficar o mais distante possível do quarto e de tudo relacionado ao castelo.
Eu queria correr.
Talvez aquilo aliviasse o peso em minhas costas.
Então andei pelos corredores até a saída do castelo, tirei meus sapatos e corri.
Disparei pela estrada que levava a floresta, a mesma estrada que onze anos atrás eu percorrera com Olívia, e alí, enquanto o vento batia em meu rosto, me perguntei como tudo seria hoje se eu não tivesse sido orgulhosa e desafiado Olívia para uma corrida.
Talvez tudo teria sido diferente.
Talvez mamãe ainda fosse a mesma de antes .
Talvez papai continuasse sendo um herói para mim.
Talvez, talvez, talvez.... Infinitos talvez.
Mas eu jamais iria saber, eu não poderia voltar no tempo, mas também não podia me conformar com tudo o que vinha acontecendo.
Quando entrei na floresta iluminada pelos raios de sol, aumentei o ritmo, até sentir minhas pernas arderem pelo esforço e meus pulmões implorarem por uma pausa.
Mas eu não iria parar.
Eu queria esquecer tudo, e me livrar daquelas lembranças, uma corrida de leve não faria isso, eu precisava passar do meu limite...ir ao extremo, porque só a dor física afastava àquelas malditas lembranças, então corri mais rápido, até a dor nas pernas ficar mais intensa, então apertei o sapato na mão com mais força, saltando as pedras e raízes de árvore , enquanto os galhos arranhavam meu rosto.
Cada vez eu me aproximava mais do rio.
Cada vez mais eu me esforçava.
Eu já podia ouvir o som da água do rio, quando minhas pernas cederam , me levando ao chão.
Fiquei esparramada na terra até minha respiração se acalmar e minhas pernas ficarem firmes o suficiente para eu chegar até a beira do rio. O suor escorria pelo meu corpo fazendo o vestido grudar em meu corpo. Joguei o sapato no chão e com muita dificuldade tirei o vestido e minhas peças de baixo, e entrei no rio.
A água gelada fez minha pele arrepiar, mas logo me acostumei a temperatura,e mergulhei de cabeça. Foi um alívio sentir a água me cobrir,e quando voltei a superfície, com a água gelada escorrendo pelo meu corpo, foi como se estivesse levando consigo todos meus problemas.
Então voltei a afundar, indo cada vez mais fundo quando as lembranças de Olívia comigo brincando naquele rio vinham. Permaneci lá embaixo até meus pulmões gritarem por ar, então subi, e quando enfim meu corpo emergiu, puxei o ar com toda força e desesperadamente.
Foi quando um galho se partiu atrás de mim.
Virei- me rapidamente para a margem do rio.
Então eu o vi.
Encostado em uma árvore a poucos metros da margem estava Dylan Barker.
Meus braços voaram na tentativa de cobrir meus seios, e logo senti meu rosto esquentando de tal maneira, que devia ter feito a água esquentar.
- O que você está fazendo aqui !?- minha voz saiu esganiçada, me fazendo sentir mais vergonha ainda.

- Bem...eu estava admirando a vista - havia um sorriso sacana em seu rosto, e tive a enorme vontade de tirá-lo a tapas daquele rosto. Ele continuou parado lá, me olhando de forma intensa

- Ora ! O que está esperando! Vire-se para eu poder sair - seu sorriso se alargou enquanto ele erguia as mãos em rendição e virava de costas.

- Por mim tudo bem você permacer assim!

Nadei até a margem xingando baixinho, enquanto pegava minhas roupas em cima da pedra.

- Não ouse espiar!

- Isso é realmente tentador Lívia.

Me vesti rapidamente, deixando as meias de fora, já que elas estavam todas enlameadas.

- Pode olhar!

Ele se virou, para mim, olhando-me lentamente dá cabeça aos pés, então começou a andar em minha direção.

- Tenho que confessar que prefiro você como estava antes - ele parou na minha frente, estendeu a mão e tirou um fio de cabelo molhado do meu rosto, fazendo meu coração galopar no peito.

- Cavalheiros não deviam ficar espiando damas nuas - digo tentando disfarçar o efeito que seu gesto me causou

- Os espertos sim - disse piscando para mim - principalmente quando a dama é tão irresistível.
Corei com suas palavras,que só fizeram meu coração bater mais rápido.

- B-bem...o que você estava fazendo por aqui!? - digo, querendo me bater por suas palavras me afetarem tanto ao ponto de me fazer gaguejar.

- Eu estava te procurando.

Olhei para ele surpresa.

- A mim !?

- Sim, você . Uma dar servas viu você vindo para cá.

- Para que está me procurando Dylan?
Suas palavras seguintes me deixam atônita

- Bem....eu gostaria que você me desse a honra de me acompanhar no baile de hoje.

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Lívia (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora