A Relação Entre Um Homem E A Sua Égua

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Pov Kristian

09h – 20/01/2017 – Hahoe – Quinta Do Galope

Hoje é um dia importante. Hoje vou ensinar o Luhan a tratar corretamente da égua.

Nós os cinco de cá da casa estávamos sentados à mesa durante o pequeno-almoço e a animação era geral. Todos riamos enquanto tínhamos uma conversa bastante engraçada.

- Ai! Lembram-se de quando o Heechul tinha apenas dezasseis anos e tentou levar a carrinha às escondidas para uma festa? – diz a tia Tae por entre uma gargalhada nostálgica. – Ele bateu mesmo antes de passar pelo portão.

- Ahah, pois foi! – concordou a avó Hyo enquanto batia palmas por entre os risos.

- Tu fizeste mesmo isso, pai? – pergunto com um sorriso incrédulo no rosto. Obtenho a minha resposta quando o meu pai fica completamente corado e o meu primo se junta à sua mãe e à nossa avó na gargalhada.

- Ah, parem! Também foi só uma vez! – o homem de quarenta anos começa a protestar e logo cruza os braços como se fosse uma criança de quatro.

- Mas marcou-te para a vida! – a mãe do meu primo aperta o nariz do meu pai, abanando-o para um lado e para o outro, fazendo-o acenar negativamente com a cabeça. Ela ainda ria.

- Mas não fiquei tão marcado como as tuas inimigas na escola. – depois de a minha tia o largar, ele aperta o nariz e provoca-a.

- A tia batia nos colegas da escola que a chateavam. – pergunto, com um certo brilho no olhar. – Eu devia fazer o mesmo para alguns parvos pararem de me chatear.

- Bem, eu não diria que lhes batia. Eu só exterminava a raça das criaturas. – diz a mulher de cabelo preto, plena e encostada à minha cadeira, enquanto comia uma maça. – Mas a violência nunca é solução querido. Não podes fazer isso na escola.

- Mas a tia fazia- sou interrompido antes de acabar sequer a minha frase.

- Mas agora não faço, mas podemos fazer assim. – ela ajoelha-se à minha frente e diz me uma frase, piscando-me o olho no final. – No dia em que tu me vires andar à porrada, tu também podes andar.

- Bem, a conversa está ótima, - diz o Luhan, agarrando num pano para limpar os beiços enquanto se levanta. – mas eu e o Kristian temos coisas para fazer.

- Oh, é verdade! – ao confirmar, levanto-me e sigo atrás do Luhan. – Até logo!

Nós saímos pela porta da sala e caminhámos na direção dos estábulos onde guardamos os diversos cavalos. Eu dirigi-me ao meu cavalo.

Ele chama-se Mess e, na minha opinião, é o cavalo mais bonito que já alguma vez vi. É o meu lindo Mess.

- Uau! Ele é bué majestoso! – diz o Luhan ao admirar o cavalo branco cuja crina eu acabara de começar a acariciar.

- É, não é? – comento orgulhoso do meu cavalinho.

- Como é que ele se chama? – pergunta o meu primo, completamente vidrado no Mess.

- Mess!

- Ai! Eu prefiro o Ronaldo! – comenta o Luhan.

- O quê? – pergunto confuso.

- Alô? Liga espanhola! – diz o loiro como se fosse a coisa mais obvia de sempre.

- Ai, Luhan! O nome dele não é Messi. É Mess. M-E-S-S! Mess! – soletro para ver se ele entende de uma vez por todas o nome do meu quadrupede lindo e cheiroso.

- Bem, que confusão!

- Estás a tentar ser engraçado?

- Ai! Vamos a isto de uma vez por todas. – afirmou o rapaz da cidade.

- Isso! A primeira coisa que eu tenho que te ensinar é a confiança. – digo, aproximando-me do Mess e montando-o, saindo logo em seguida de cima dele. – Para que ele te deixe montá-lo, tu tens de confiar nele e ele tem de confiar em ti.

Eu começo a coçar o meu cavalo atrás da orelha, onde eu sei que ele gosta de receber carinho. Ele começa a relinchar de prazer e a roçar a sua cabeça em mim.

- Agora experimenta com a Lulu, mas lembra-te; não podes demonstrar medo nem fazer movimentos bruscos. – explico para que não aconteça o mesmo que da ultima vez.

Ele aproxima-se cuidadosamente da égua com uma coloração castanho-claro e uma alternância em algumas madeixas na crina que são em tom de mel. A égua recua um centímetro, mas logo para para ver aquilo em que toda a situação vai dar.

Acho que ela está a aceitar o Luhan.

Ele toca-lhe e começa a acariciar-lhe docemente a crina. Também lhe coça atrás das orelhas e a égua rapidamente se mostra deliciada com as ações do chines.

- Outra coisa que cria laços entre a égua e o seu dono é a alimentação. – digo isso, pegando numa maçã que acabo por dar ao cavalo branco que se encontrava ao meu lado. – Por isso, tenta dar-lhe uma maçã.

Ele agarra numa maçã e dá o fruto à Lulu. Após ser alimentada, a égua de pelos castanhos roça a sua cabeça muito gentilmente no peito de Luhan e ele abre um sorriso apaixonado muito especial. Um sorriso de conforto que transparece toda a estima e o carinho que ele acabou de desenvolver pelo animal.

Acho que eles estão a criar laços.

- Boa, primo! Estás a conseguir! – eram já quatro da tarde e nós ainda estávamos de roda dos nossos cavalos. A Lulu desenvolveu uma ligação bastante afetuosa pelo Luhan, mas também qualquer um se encanta pela doçura daquele rapaz. Ele estava a montá-la pela primeira vez e até se estava a safar muito bem.

- Sim! Estou a conseguir! – um sorriso pueril estava esboçado no rosto do gaiato. – Como é que faço para acelerar o passo?

- Simples! Bates lhe ao de leve com os calcanhares e dizes "trote" com firmeza. Ela já está bem amestrada.

O Luhan faz o que eu lhe disse e a Lulu começa a andar mais depressa em círculos. O Luhan agarra-se à cela já que era eu que estava a controlar a égua com as rédeas no meio da arena.

Eu posso ser ingénuo, mas eu não vou deixar o Luhan andar a cavalo sozinho por uns bons tempos.

Ele fica mais uns tempos a alternar entre "passo" e "trote" e eu dou ordem à LuHannah para parar onde estava pois estava na hora dos cavalos recolherem aos seus estábulos. Eu guardo a égua no seu devido sítio e começo uma conversa casual com o meu primo.

- Então, divertiste-te?

- Bastante! Nunca pensei que andar a cavalo fosse tão revigurante! – Luhan explica à medida em que estica os braços para se espreguiçar, iniciando graciosamente o tronco da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. – Eu realmente estava a precisar de algo assim.

- Mas a semana foi assim tão má? – não me contenho e deixo a curiosidade falar mais alto.

- Nem fazes ideia. Aquele Sehun é do piorío. – desabafa o meu primo, muito chateado apenas por ter de pronunciar o nome do tal rapaz. Coitado. Gostava de o poder ajudar.

- Já sei! – digo ao ter uma epifania. – Este domingo eu vou pedir a Deus, quando for à igreja, para que vocês os dois se comecem a dar bem. Não te preocupes.

- Ai, Kristian, não sejas parvo! – diz o loiro bastante aborrecido. – Isso nunca iria resultar porque Deus não existe. É só uma grande fantochada.

- Existe sim! – digo irritado a bater o pé por ele estar a atacar a minha crença.

- Ai, como queiras! Não vamos discutir por causa disso! – ele pede e eu consinto.

E caminhamos até casa num completo silêncio. O clima ficou estragado por completo.

Controvérsias RuraisOnde histórias criam vida. Descubra agora