Party

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Faltam apenas alguns dias para o Halloween, e estou dando os retoques finais em minha fantasia. Tae vem de vampiro e Hoseok de pirata — mas só porque eu o convenci a não vir com uma fantasia ridícula. Quanto a mim, não vou contar nada. O problema é que a minha ideia inicial, ótima, aos poucos foi se revelando ambiciosa demais, difícil de fazer, e já não levo a menor fé nela.

Tenho que confessar: fiquei bastante surpreso quando Namjoon disse que queria dar uma festa. Em parte, porque ele nunca parece dar realmente muita bola para essas questões, mas, sobretudo, porque, considerando nosso círculo de amizades, seria bastante difícil juntar mais de cinco convidados. Mas, aparentemente, Namjoon é muito mais bem-relacionado do que eu imaginava: rapidamente preencheu duas colunas e meia de nomes. Minha lista, por outro lado, estava praticamente menor: consistia nos únicos amigos que tenho, dois, e seus possíveis acompanhantes.

Pois bem. Meu tio contratou um bufê para cuidar das comidas e bebidas, e o restante ficou por minha conta. Pedi a Hoseok que assumisse a parte audiovisual, e Tae, providenciasse os cupcakes. Portanto, para o comitê de decoração, sobraram só eu e Hanyu. E, como Namjoon me entregou um catálogo e um cartão de crédito com ordens estritas para não economizar, passamos os últimos dois dias transformando a casa: um tenebroso castelo cheio de criptas e esqueletos. E tem sido muito legal, fazendo-me lembrar o passado, quando nós decorávamos nossa casa para o Natal ou qualquer feriado. Além disso, Hanyu e eu estamos tão ocupados e concentrados no trabalho que mal temos tempo para as picuinhas de sempre.

— Você devia se fantasiar de vampiro — ele diz — ou, então, como um daqueles dos doramas.

— Caramba, não me diga que você ainda assiste isso — digo, precariamente equilibrado no penúltimo degrau da escada enquanto penduro mais uma teia de aranha.

— A culpa não é minha. É da internet que só reconhece homens bonitos.

— Você tem internet? — pergunto, curioso. Qualquer informação sobre a vida no além é sempre bem-vinda, já que meu irmão raramente deixa escapar algum detalhe. Mas ele apenas ri e diz:

— Poxa, como você é ingênuo! Acredita em qualquer bobagem! — Hanyu balança a cabeça e revira os olhos, depois tira um fio de pisca-pisca da caixa de papelão a seu lado. — Quer trocar? — pergunta, desatando os nós. — Quero dizer, é ridículo você ficar aí, subindo e descendo escadas, quando posso simplesmente levitar e resolver o assunto.

Faço que não com a cabeça. Mesmo sabendo que seria bem mais fácil para Hanyu, ainda gosto de fingir que levo uma vida mais ou menos normal.

— Então, do que você vai se fantasiar, afinal? — ele insiste.

— Esqueça, não vou dizer. — Desço da escada para ver melhor a teia que acabei de pendurar. — Se você pode ter segredos, eu também posso.

— Isso é injusto! — Hanyu cruza os braços e fica de um jeito que sempre derretia o papai, mas nunca a mamãe.

— Relaxa, na festa você vai ver — digo e separo os membros de um esqueleto fosforescente.

— Quer dizer que eu posso vir também? — ele pergunta, com a voz aguda, os olhinhos brilhando de alegria.

— Como se eu pudesse fazer algo para impedir... — respondo, rindo. Penduro o esqueleto próximo à porta de entrada, de modo que ele possa receber os convidados.

— Seu namorado também vem?

— Você sabe que eu não tenho namorado algum — respondo, revirando os olhos e respirando fundo, já irritado pelo que está por vir.

— Ah! Me poupe, não sou nenhum idiota — ele diz, irritado. — Ainda não me esqueci da crise do moletom, se você quer saber. Mal posso esperar para conhecer o cara, ou melhor: para ver o cara, porque é claro que você não vai me apresentar. O que é uma grande falta de educação, sabia? Só porque ele não pode me ver não significa que...

— Caramba, não o convidei, ok? — digo aos berros e logo percebo que caí em uma das armadilhas do meu irmão.

— Aha! — ele exclama, olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas, lábios curvados em um sorriso de deleite. — Eu sabia! — Hanyu joga as luzinhas no chão e começa a pular, rodar e rebolar, sempre rindo e apontando o dedo para mim. — Eu sabia, eu sabia, eu sabia! — ele cantarola, dando socos no ar — Aha! Eu sabia! — e dá um último rodopio.

— Você não sabe de nada, garoto! — digo. — Ele nunca foi meu namorado, tá? É só um... só um cara novo na escola, que no começo achei bonitinho e tal, mas quando vi que ele só brinca com as pessoas, perdi completamente o interesse. Quer saber? Nem acho mais ele bonito, sério. O entusiasmo durou, tipo assim, uns dez segundos, só isso. É só porque eu não o conhecia melhor. Portanto, por que você não para com essa palhaçada e volta a trabalhar, hein?

Quando fecho a boca, vejo que fui bem defensivo para ser levado tão a sério. Mas agora não há como voltar atrás. Só me resta ignorar meu irmão, que está cantarolando e dando voltas na sala.

— Eu sabia, eu sabia, EU SABIA!!

Na noite de Halloween, a casa está incrível. Hanyu e eu pregamos teias em todos os cantos e janelas, com enormes aranhas pretas no meio; penduramos morcegos de borracha pelo teto; espalhamos braços e pernas ensanguentados por diversos cômodos.

— Então, como estou? — pergunta Hanyu, que está vestido de algum vilão que não sei identificar.

— Igualzinho ao seu personagem preferido.

— E a sua fantasia? — ele pergunta. — Conta logo, menino, porque esse suspense todo está me matando — imediatamente, ele irrompe em uma gargalhada. Meu irmão adora fazer brincadeira com a morte, mas não acho graça nenhuma.

— Bem que você poderia sair, sabe? Eu quero me trocar! — digo, e Hanyu sai do quarto atravessando a porta bufando. Vou até o meu guarda-roupa e tiro de lá uma calça colada, um tênis colorido, e uma blusa branca e vermelha. Fiz a maquiagem, e com um spray rosa e azul, fiz algumas mechas em meu cabelo. Com mais alguns detalhes, minha fantasia estava pronta, uma cópia de arlequim (fantasia na mídia).

Assim que Hanyu volta, ele me olha atentamente, analisando cuidadosamente minha fantasia.

— É, você arrasou! Olha só pra isso! Agora sim você parece uma pessoa normal! — ele diz animadamente.

Depois de um tempo, os convidados começam a chegar. Tae e Hoseok já haviam chegado, e levei uma bronca por não ter convidado Jungkook. Já faz duas semanas que ele não conversa comigo. A campainha toca, e eu e Hanyu apostamos quem chegaria primeiro. Eu ganhei, mas não tive tempo de zuar, já que Jungkook estava na porta, sem suas roupas habituais e sim vestido de Joker, o que realmente fico surpreso, pois nossos personagens são compatíveis.

— Você está lindo — ele diz com um dos seus típicos sorrisos. Acho que estou vermelho de vergonha. Não tenho outra alternativa a não ser convidá-lo para entrar. Passamos pela sala de jantar, minhas bochechas ardendo em chamas e o coração batendo a mil. Como isso foi possível? Como arrumar uma explicação lógica para que Jungkook tenha aparecido na minha festa, perfeitamente vestido como minha cara metade?

Muitas pessoas se juntam ao redor de Jungkook, então me afasto em direção a Hanyu, que está pulando.

— Caramba, essa é a melhor festa de todas! — ele diz, a campainha toca. Estava um homem de porte baixo, a pele muito branca e um sorriso amigável nos lábios.

— Ora, ora, o que temos aqui? — ele diz, alternando seu olhar entre mim e Hanyu.

— Posso ajudá-lo? — pergunto educado.

— Desculpe o atraso, o trânsito estava uma mer...bem, você sabe — responde, e em seguida olha para Hanyu como se realmente pudesse vê-lo.

— Você é amigo do Namjoon? — pergunto. De algum modo, não consigo ler seus pensamentos.

— Meu nome é Yoongi — ele diz. — Namjoon me contratou.

— Você é do bufê? — digo, pois ele não estava de fantasia. Ele simplesmente ri e acena para Hanyu, que se esconde atrás de mim, do mesmo modo que fazia quando ficava tímido.

Sou o vidente — ele diz, enfim, e se ajoelha ao lado de Hanyu. — E vejo que tem um amiguinho com você!

O que acharam do yoongi ser vidente? kkk,desculpa o capitulo meio grande ,espero que estejam gostando da fanfic ,votem e comentem 😘😍

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