Indiscretion

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Tae se recusava a atender nossas ligações, mas conseguimos falar com Hoseok. Depois que o convencemos a nos encontrar após o ensaio, ele apareceu com um dos seus amigos , e passamos uma noite deliciosa, nós quatro, comendo, nadando e vendo filmes trash de terror. Foi ótimo estar na companhia de amigos de uma forma tão relaxante. Quase me esqueci de Hanyu, Tae,Lisa e da praia.

Quase não percebi a expressão distante no rosto de Jungkook sempre que ele achava estar sozinho.

Quase ignorei a tensão que ele tão habilmente tentava esconder.

Quase, mas não totalmente.

E embora eu tenha deixado bastante claro que Namjoon estava fora da cidade e que ele poderia passar a noite aqui se quisesse, Jungkook se mandou sorrateiramente assim que peguei no sono.

Então, quando ele apareceu à minha porta hoje de manhã com café, muffins e um sorriso no rosto, confesso que fiquei um tanto aliviado. Ligamos de novo para o celular de Tae, deixamos mais de um recado, mas ninguém precisa de poderes mediúnicos para saber que ele não quer falar com a gente.

Então ligamos para a casa dele e falamos com seu irmão, que diz não ter a menor ideia de por onde anda o mais velho. Não tenho motivo algum para duvidar dele.

Passamos o dia quase todo na piscina, e já estou discando para pedir mais uma pizza quando Jungkook toma o celular de minha mão e diz:

- Sou eu quem vai fazer o jantar.

- Você sabe cozinhar? - pergunto. Nem sei por que estou surpreso, pois até agora não vi nada que Jungkook não fosse capaz de fazer, e bem.

- É você quem vai dizer - ele responde sorrindo.

- Precisa de ajuda? - ofereço, muito embora meus dotes culinários se resumam a ferver água e despejar leite no cereal.

Ele faz que não e vai para o fogão. Subo para tomar banho e trocar de roupa. Assim que ele me chama para dizer que o jantar está pronto, eu desço. Fico impressionado quando chego à sala e deparo com a mesa toda posta com a melhor toalha, a melhor louça e os melhores talheres da Namjoon, além de velas e um vaso de cristal repleto de... Tulipas vermelhas, quem diria?

- Alteza - ele diz, com entonação e sotaque perfeitos, e puxa uma cadeira para mim, sorrindo.

- Não acredito no que estou vendo! - exclamo, admirado com a quantidade de pratos alinhados, com tanta comida à frente, o que me fez pensar que estaríamos esperando mais gente.

- Só para você - ele sorri, respondendo à pergunta que sequer tive tempo de fazer.

- Só pra mim? E você, não vai comer?

Jungkook serve meu prato com legumes perfeitamente cozidos, carne grelhada e um molho tão diferente que nem sei o que é.

- Claro que vou - responde sorrindo. - Mas fiz pensando, sobretudo em você. Um garoto não pode viver só de pizza, não é?

- Não tenha tanta certeza disso - digo rindo, dando uma garfada na carne suculenta.

Ao longo do jantar, noto mais uma vez que Jungkook mal toca na comida. Aproveito a oportunidade para fazer as perguntas que sempre tive vontade de fazer, mas das quais sempre acabo me esquecendo no momento em que ele olha para mim. Questões sobre a família, a infância, as inúmeras mudanças de cidade, a emancipação. Em parte, porque tenho curiosidade de saber, mas em especial porque acho estranho namorar alguém sobre quem sei tão pouco. E quanto mais falamos, mais fico surpreso com a quantidade de semelhanças entre nossas vidas. Por exemplo, ambos somos órfãos, embora Jungkook tenha perdido os pais bem mais cedo que eu. Ele não dá muitos detalhes sobre nada, mas também não sou lá dos mais falantes quando o assunto é o passado. Portanto, não insisto.

forever :the immortals  Onde histórias criam vida. Descubra agora