Doubts

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Quando chego à escola no dia seguinte, paro na vaga de sempre, salto do carro e passo direto por Jungkook para ir ao encontro da Tae, que espera por mim junto ao portão.

E apesar de toda a minha aversão ao contato físico, planto as mãos sobre os ombros do meu amigo e o puxo para um grande abraço.

- O.K., O.K., eu também amo você. - Ele ri e me empurra para trás. - Caramba, Jimin, até parece que eu ia ficar bolado com vocês pro resto da vida!

Os cabelos pintados de vermelho estão lambidos e sem vida,as olheiras estão mais escuras que de costume e o rosto está indiscutivelmente pálido. Embora ele afirme que está bem, não me contenho e avanço para mais um abraço.

- Como você está se sentindo? - pergunto, examinando-o com atenção, tentando ler alguma informação nele. No entanto, exceto pela aura cinzenta, fraca e translúcida, não consigo ver quase nada.

- O que foi que deu em você, homem? - ele pergunta, afastando-me dele. - Por que está pegajoso desse jeito? Logo você, que vive se escondendo debaixo de um capuz, ouvindo iPod?

- Fiquei sabendo que você estava doente, e como você não deu as caras ontem... - De repente me sinto ridículo por agir desta forma com o Tae.

- Já sei o que aconteceu - diz Tae, rindo e assentindo com a cabeça. - A culpa é toda sua não é? - Ele aponta para Jungkook. - Foi você que derreteu o coração gelado do meu amigo e o transformou num boboca sentimental, numa manteiga derretida, não foi?

Jungkook ri, mas não com os olhos.

- Foi só uma gripe - ele diz. Hoseok lhe dá o braço, e atravessamos juntos o portão. - Quer dizer, tive tanta febre que até desmaiei algumas vezes.

- Sério? - digo, afastando-me do Jungkook para caminhar ao lado dele.

- Sério. Foi muito bizarro. À noite eu ia pra cama usando uma roupa, depois acordava usando outra, totalmente diferente. E quando procurava pela roupa que tinha usado antes, não encontrava. Era como se ela tivesse sumido no ar ou algo do tipo, entende?

- Mas aquele seu quarto é uma zona, né, Tae? - Hoseok ri. - Ou talvez você estivesse alucinando. Isso acontece quando se está com muita febre.

- Pode ser. Mas todos os meus lenços pretos sumiram. Tive de pegar este aqui emprestado de meu irmão. - Tae pega a ponta do lenço azul que está usando e o rodopia.

- E ninguém estava em casa para cuidar de você? - pergunta Jungkook, surgindo atrás de mim. Ele toma minha mão e entrelaça os dedos nos meus, despachando uma onda de calor pelo meu corpo inteiro.

Tae sacode a cabeça, impaciente, e revira os olhos.

- Pra cuidar de mim? É ruim, hem! Sou praticamente emancipado, que nem você.
Além disso, minha porta ficou trancada o tempo todo. Eu podia ter morrido ali dentro que ninguém ficaria sabendo.

- E Lisa? - pergunto, sentindo um frio na espinha só de dizer o nome dela.

Tae olha para mim de um jeito estranho e diz:

- Lisa está em Nova York. Viajou na sexta à noite. Bem, espero que vocês não peguem essa gripe. Ainda que eu tenha tido uns sonhos muito legais, sei que vocês não vão curtir. - Ele para a poucos metros de sua sala e recosta-se na parede.

- Por acaso você sonhou com um cânion? - pergunto, largando a mão do Jungkook e aproximando-me de Tae, tão perto que ficamos cara a cara.

Ele ri e me empurra para trás.

- Peraí, amigo, você ultrapassou seu limite. Não, não sonhei com cânion nenhum. Só com umas coisas bem góticas, difíceis de explicar. Só sei que tinha muito sangue.

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