Invitation

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Já estou caído no sono quando Jungkook liga. Embora eu tenha passado os últimos dois dias tentando convencer a mim mesmo de que não gosto dele, tudo muda assim que ouço sua voz.

Ligação on

É muito tarde? — ele pergunta.

Aperto os olhos para enxergar os números verdes do despertador. Vejo que é muito tarde, sim, mas respondo:

— Não, tudo bem.

Você estava dormindo?

— Quase. — ajeito os travesseiros contra a cabeceira da cama e me recosto neles.

Eu estava pensando... será que eu posso dar uma passadinha aí?

Novamente olho para o despertador, apenas para confirmar a insanidade da pergunta.

— Acho que não é uma boa ideia — digo. Segue-se um silêncio tão demorado que chego a pensar que ele desligou.

Desculpe não tê-lo encontrado no almoço — ele diz finalmente. — Fui embora logo depois da aula de inglês.

— Hmm... sei — resmungo, sem saber direito o que falar, já que não somos um casal nem nada. O cara não me deve satisfação alguma.

Tem certeza de que é muito tarde? — ele pergunta, a voz grave e persuasiva. — Quero muito vê-lo, não vou demorar.

Sorrio, felicíssimo, ao perceber a pequena mudança. É ótimo saber que, só para variar um pouco, agora sou eu quem está dando as cartas.

— A gente se vê amanhã na aula de inglês — digo, e mentalmente me cumprimento com um tapinha nas costas.

Que tal eu passar aí para buscar você? — ele sugere, quase fazendo com que eu me esqueça de Jennie, de Lisa, daquela estranha fuga da festa, de tudo. Por muito pouco não me disponho a passar uma borracha em tudo e recomeçar do zero.
Mas não vou desistir assim tão facilmente. Portanto, obrigo meus lábios a dizerem:

— Hoseok vai de carona comigo. A gente se vê na aula de inglês! — e, antes de correr o risco de mudar de ideia, desligo e arremesso o celular para o outro lado do quarto.

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Na manhã seguinte, Hanyu pipoca na minha frente e diz:

— Ainda mal-humorado?

Reviro os olhos.

— Estou vendo que sim. — Ele ri e se empoleira na cômoda, com os calcanhares batendo contra as gavetas.

— E essa roupa aí, o que é? — pergunto enquanto guardo os livros na mochila. Hoje, meu irmão apareceu de roupas velhas e um chapéu.

— Jack Sparrow — ele diz sorrindo.

— Aquele dos piratas?

— Claro, de quem mais poderia ser? — ele levanta os olhos e faz uma careta. — Então, como estão você e Jungkook?

Fingo que não ouvi. Jogo a mochila nas costas e vou em direção à porta do quarto.

— Você vem? — pergunto.

— Hoje, não — ele nega com a cabeça. — Tenho um compromisso.

— Como assim um "compromisso"? — Mas Hanyu apenas balança a cabeça e pula na cômoda.

— Não é da sua conta — ele diz às gargalhadas, e some através da porta.

[... ]

Hoseok atrasou-se hoje também. Portanto, quando chegamos à escola, o estacionamento já está completamente lotado. A não ser pela melhor de todas as vagas. A que fica lá no fundo, bem perto do portão de entrada, exatamente ao lado do carro de Jungkook.

— Como você fez isso? — pergunta Hoseok, recolhendo seus livros enquanto sai de meu minúsculo carro vermelho fitando Jungkook.

— Fiz o quê? — pergunta Jungkook, olhando pra mim.

— Guardar essa vaga. Pra estacionar aqui, a pessoa tem que chegar tipo, antes de o semestre começar.

Jungkook ri, buscando meu olhar. Mas eu o cumprimento apenas com a cabeça, como se estivesse diante do carteiro ou zelador, não do cara que me deixou obcecado desde o dia em que o conheci.

— O sinal já vai tocar — digo, cruzando o portão apressadamente e observando a rapidez com que ele se move. Sem qualquer esforço aparente, Jungkook chega à porta da sala bem antes de mim.

A caminho da carteira, passo efusivamente por Jennie e Jisoo, chutando a mochila de Jennie sem a menor piedade. Tão logo vê Jungkook, ela diz:

— E aí, cadê minha rosa? — e morde a língua assim que ele responde:

— Desculpe, hoje não vai dar. — Já acomodado na carteira, ele lança um sorriso irônico em minha direção e diz:

— Alguém acordou com o pé esquerdo hoje. — E ri.

Mas apenas dou de ombros e jogo a mochila no chão.

— Pra que tanta pressa? — Jungkook se inclina para o meu lado. — O professor não vem hoje.

— Como foi que... — digo, mas não consigo terminar a frase. Quer dizer, como ele pode saber o que eu sei, isto é, que o professor ainda está em casa, de ressaca, remoendo o fato recente de ter sido abandonado pela mulher e filha?

— Vi a substituta enquanto esperava por você — ele diz sorrindo. — Ela parecia meio perdida, então fui com ela até a sala dos professores, mas a mulher estava tão confusa que provavelmente vai se perder de novo e parar no laboratório de ciências.

Sei que Jungkook está dizendo a verdade, pois, assim que fecha a boca, vejo a tal substituta se confundir e entrar na sala errada.

— Então diz aí, o que eu fiz para aborrecê-lo tanto?

Levanto o rosto a tempo de ver Jennie e Jisoo cochichando no ouvido uma da outra, ambas olhando torto pra mim e balançando a cabeça.

— Não ligue pra elas, não, são duas idiotas — ele sussurra, inclinando-se um pouco mais e colocando a mão sobre a minha. — Desculpe se não tenho sido mais presente. É que tive uma visita. Não deu pra fugir.

— Você está falando da Lisa!? — Quando acabo de perguntar, morro de vergonha do tom de ciúme que involuntariamente deixei escapar. Adoraria ser capaz de dar uma de tranquilo, como se não tivesse notado como a conjuntura mudou depois que a tal de Lisa entrou em cena. Mas não dá: não levo jeito para agir assim. Sou paranóico mesmo, e pronto.

— Jimin... — Jungkook tenta se explicar, ele respira fundo, balança a cabeça. — Jimin, não é o que você está pensando!

Você não sabe o que estou pensando, é o que me vem à cabeça, e me esquivo.

— Por favor, me dê uma chance de me redimir. Quero levar você a um lugar especial. Hm. Por favor!

Sinto na pele o calor do olhar dele, mas não vou correr o risco de olhar de volta. Quero jogar duro, deixá-lo na dúvida. Prolongar esse momento o máximo possível. Portanto, depois de me acomodar melhor na cadeira, olho rapidamente na direção dele e digo:

— Vamos ver.

Quando saio da aula de história, no quarto tempo, encontro Jungkook à minha espera na porta da sala. Achando que ele está ali para me acompanhar até a mesa do almoço, digo:

— Só um minuto, vou guardar a mochila no armário.

— Não precisa. — ele sorri e passa o braço na minha cintura. — A surpresa começa agora.

— Surpresa? — e, quando olho nos olhos dele, o mundo inteiro vai sumindo aos poucos. Agora estamos apenas dois aqui, cercados de estática.

— Vou levá-lo a um lugar muito especial. Tão especial que você vai perdoar todos os meus erros.

— Mas... e as aulas? A gente vai matar os últimos tempos, é isso? — apoio um dos braços na cintura, como se estivesse muito preocupado com as matérias que vamos perder. Pura encenação. Jungkook ri. Chega mais perto e, roçando os lábios em meu pescoço, sopra a palavra "sim", recuo assustado ao me ouvir perguntar como, em vez de dizer não.

— Não se preocupe — ele diz e sai me puxando pela mão. — Comigo você estará sempre seguro...

forever :the immortals  Onde histórias criam vida. Descubra agora