Capítulo 4

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_ A ideia não era você fazer as pazes com ele assim, agora, tão rápido, mas tudo bem. _ Diz meu pai assim que entro em casa acompanhada de Ruan.

_ Como assim, meu sogro? Você quer me ver sofrer, é isso? _ Pergunta Ruan em tom de brincadeira.

_ Sem essa de meu sogro. _ Diz meu pai sério _ Você pisou na bola com minha filha, tem muito o que explicar ainda. _ Continua.

_ Perdão, Rogério.

_ Sem essa pai, depois da explicação dele você pode dizer o que quiser. _ Falo.

_ É você mesma, minha filha? A mesma de alguns minutos atrás?  _ Reviro os olhos.

_ Acho melhor eu ir, seu pai está me olhando estranho. _ Sussurra no meu ouvido a última parte.

_ Tudo bem, amanhã conversamos. Só não faça com que eu me arrependa de ter ido atrás de você. _ Ruan beija demoradamente a minha testa.

_ Eu te amo. _ Se despede de meu pai e vai embora.

_ Pensei que ele fosse ficar mais. _ Diz meu pai, dou de ombros.

_ Pizza? _ Pergunto.

_ De novo? _ Afirmo com a cabeça _ Tudo bem, mas ainda vamos aprender a cozinhar. _ Sorrio.

_ Acho difícil. _ Ele pega o telefone para ligar para a pizzaria.

(...)

Estou na biblioteca da escola, sentada de frente para Ruan. As aulas já acabaram então todos os alunos já foram embora, restando apenas alguns funcionários.

_ Pode começar. _ Falo o olhando sério. Sinceramente, estava com um pouco de medo do que Ruan iria falar.

_ Imagino que você queira saber porque minha ex-namorada está aqui. _ Suspiro cruzando os braços _ A Bianca apareceu no meu apartamento sem avisar, fazia anos que a gente não se via, quatro anos para ser mais exato. _ Começo a balançar a perna direita involuntariamente _ Ela me acusou de ter lhe abandonado e disse que queria voltar, mas em nenhum momento eu pensei nisso como uma possibilidade.

_ Por que foi correndo atrás dela aquele dia e me deixou esperando? _ Pergunto.

_ Era uma emergência, ela estava no hospital. _ Responde.

_ Não tinha outra pessoa para ela ligar? _ Nega com a cabeça.

_ Bianca não tem ninguém na cidade. _ Mordo o lábio inferior com força com medo da resposta para a pergunta que tinha em mente.

_ Onde ela está morando? _ Ruan suspira.

_ No meu apartamento. _ Responde rápido e baixo, quase não consigo entender.

_ O quê? _ Me olha nos olhos _ Você está dormindo todas as noites debaixo do mesmo teto que a sua ex-namorada? _ Altero um pouco minha voz.

_ Ela não tinha mais onde ficar, Bêh. Sinto muito. _ Levanto e ele faz o mesmo. Começo a andar até a porta _ Bêh... _ Segura minha mão e paro de andar, mas não o olho _ Em momento nenhum eu fiquei com ela ou pensei nisso, ela dorme no quarto de hóspedes e eu no meu, mal nos vemos.  Poxa Bêh, eu te amo. _ Me solto.

_ Me deixa pensar, tá? _ Ouço ele murmurar um "tudo bem" desanimado e saio da biblioteca.

À horas estou trancada no meu quarto, sentada no chão e olhando para o nada. Pensei, pensei e pensei mais um pouco. Cheguei a conclusão de que eu não pensei em nada.

_ Isabella? _ Meu pai bate na porta do quarto. Não respondo _ Bella? _ Continuo em silêncio. Ele abre a porta devagar e entra. Varre o quarto com o olhar a minha procura. Assim que me ver, se aproxima e senta ao meu lado _ Tudo bem? _ Pergunta. Nego com a cabeça _ Quer falar sobre isso? _ Nego mais uma vez _ Tudo bem. _ Suspira _ Quer um abraço? _ Afirmo. Meu pai me abraça e apoio a cabeça em seu braço. Passamos um bom tempo assim, não falávamos nada, ele apenas fazia carinho no meu cabelo.

Meu celular começa a tocar. Olho quem é e suspiro pesadamente. Recuso a ligação.

_ Acho que devia falar com ele. _ Comento triste.

_ Te faria se sentir melhor? _ Pergunta.

_ Acho que sim. _ O olho.

_ Então vá. Mas se ele te magoar mais uma vez, já era. _ O abraço.

_ Posso pegar o carro?

_ Pode, aqui. _ Me entrega a chave _ Mas toma cuidado e tenha juízo. Não dirija nervosa, ou chorando. Tudo bem?

_ Sim, pai. Não se preocupe. Vou ficar bem. _ Lhe dou um beijo no rosto _ Tchau. _ Antes de atravessar a porta, paro e olho para meu pai ainda sentado no chão _ Pai?

_ Fala. _ Abro um sorriso.

_ Eu te amo. _ Ele sorri de volta.

_ Também te amo. _ Vou quase correndo até a garagem e saio de carro em direção ao apartamento de Ruan.

A Filha Do Diretor (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora