Capítulo 9 (Bônus Natan)

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Abro os olhos devagar e demoro um pouco para me acostumar com a claridade. Assim que consigo, olho ao redor e me pergunto onde estou. Ah claro... É um hospital.

_ Chato. _ Fala Isa meio que sorrindo.

_ Um chato que você ama. _ Falo convencido.

_ Talvez mais do que devia. _ Ouço ela dizer e a olho surpreso.

_ Como? _ Ela parece pensar um pouco, mas algo em nossa frente chama sua atenção.

_ NATAN. _ Grita e, assim que olho para a frente, giro o volante rapidamente tentando evitar a batida, mas o carro está perto demais e é em vão.

_ Isabella... _ Tento levantar para procurá-la, mas uma enfermeira entra no quarto.

_ Ei, você não pode levantar. _ Diz e empurrando devagar para que eu deite novamente.

_ Sim, mas eu preciso ver a Isa. _ Falo.

_ Eu vou chamar seus pais, vão gostar de saber que acordou. _ Fala saindo. Minutos depois, minha mãe entra chorando e me abraça apertado.

_ Meu filho, que bom que acordou. _ Me olha nos olhos e sorri.

_ Onde está a Isa, mãe? _ Pergunto. Ela olha para Rogério parado na porta e ele se aproxima de nós.

_ Tudo bem, Natan? _ Pergunta.

_ Se vocês me disserem onde estão a Isa, talvez fique melhor. _ Rogério suspira e troca olhares com minha mãe. Ele sai do quarto em seguida me deixando totalmente confuso e preocupado.

_ Filho, a Isa...

_ Ela morreu? _ Pergunto a interrompendo e com medo da resposta. Fico mais tranquilo quando ela nega com a cabeça.

_ A Isa está muito mal, Natan. Ela está em coma, os médicos falaram que precisamos está preparados para qualquer notícia que vier, seja boa ou ruim. _ Diz devagar. Olho para o teto e fico alguns minutos assim.

_ É tudo culpa minha. _ Falo baixo.

_ O que disse? _ Minha mãe pergunta.

_ É tudo culpa minha. _ Falo um pouco mais alto.

_ Não Natan, não é. Você não tem culpa de nada, entendeu?

_ Tenho sim. _ Começo a chorar _ Eu estava dirigindo, mãe. Se eu não tivesse tirado os olhos da estrada, nada disso teria acontecido. A Isa estaria bem. _ Aumento um pouco meu tom de voz. As lágrimas também aumentam. Choro igual uma criança.

_ Não é culpa sua, meu filho. Fica calmo. _ Minha mãe me abraça e tenta me consolar, mas eu não quero ser consolado. Por minha culpa a Isa está em coma e pode até...

Não quero pensar nisso como possibilidade, isso não pode acontecer, nunca me perdoaria.
Continuo chorando desesperadamente, minha mãe também chora enquanto tenta me conforta em um abraço forte e acolhedor.

(...)

Uma semana já se passou desde que acordei naquele hospital. Recebi alta logo em seguida e fui obrigado a voltar para casa mesmo não querendo.
Minha mãe estaciona o carro na frente do hospital pela terceira vez desde que saí daqui. Isa continua em coma e eu me sinto pior a cada dia por vê-la assim.

Cumprimento Rogério ao entrar no quarto em que Isa está. Ele não sai desse hospital nem para comer.

_ Como ela está? _ Pergunto com esperança.

_ Na mesma. _ Diz desanimado e se aproxima da filha acariciando seu cabelo _ Como eu queria está no lugar dela. _ Diz quase num sussurro.

_ Não quer tomar um banho e comer alguma coisa? _ Pergunta minha mãe entrando na porta do quarto.

_ Não vou deixá-la. _ Responde Rogério. Podíamos ver em seu rosto como estava sofrendo.

_ Natan fica um pouco com ela. Não vamos demorar. _ Tenta convencer ele.

_ Ela pode acordar a qualquer momento. Eu quero está aqui. _ Diz sem tirar os olhos da filha. Me parte o coração ver isso.

_ Não adianta, Fernanda. _ Ruan adentra o quarto _ Ele não vai sair de jeito nenhum.

_ Como você está? _ Minha mãe inicia uma conversa com Ruan. Não presto atenção. Me aproximo de Isa e seguro sua mão.

_ Acorda logo, por favor. _ Sussurro o pedido. _ Acorda. _ Aperto os olhos com força para evitar que as lágrimas caiam. Beijo sua mão carinhosamente e olho para Rogério que também me olha.

_ Sei que se culpa por isso, mas você não tem culpa de nada Natan. _ Ele diz _ Tenho certeza que faria o possível para evitar que isso acontecesse e que gosta muito da minha filha. Não se culpe mais. _ Suspiro.

_ É difícil... _ Falo baixo e deixo algumas lágrimas escaparem.

Ouvimos o monitor cardíaco apitar de forma estranha e todos olhamos para Isa. Minha mãe sai do quarto correndo e no mesmo instante ela volta com um médico. O quarto começa a encher de enfermeiros que nos expulsam do local.

Olhando pela janela transparente, vemos o médico pegar o desfibrilador cardíaco. Ele prepara e dá o primeiro choque, nada acontece. Espera um pouco e vai o segundo, nada. Não aguento ver isso. Rogério chorava, Ruan chorava, minha mãe chorava. Começo a chorar também e as esperanças vão diminuindo. Olho novamente para dentro do quarto e a certeza do que aconteceu vem quando médico e enfermeiros se olham decepcionados.

A Filha Do Diretor (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora