Capítulo 6

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Tarde da noite estacionei o carro na frente da casa de Ruan e liguei para ele. Pedi que viesse me encontrar e ele veio. Entrou no carro e me abraçou, não perguntou ou falou nada, apenas me abraçou. Um abraço sincero e acolhedor, acho que era o que eu precisava nesse momento. Um abraço. Ou talvez, um abraço dele.

_ Quer ir para algum lugar em especial? _ Pergunto olhando para a rua.

_ Qualquer lugar com você está bom. _ Ele diz. Começo a dirigir sem rumo, como fiz a noite toda. Numa praça, pouco movimentada, parei o carro e olhei para ele.

_ Ruan tem um filho. _ Falo de uma vez. Precisava falar isso para alguém, desabafar.

_ Nossa Isa... Eu sinto muito. Não sei nem o que falar, não imaginei que a coisa fosse tão séria assim.

_ Não diz nada então, se apenas me ouvir já estará fazendo muito por mim e vai me deixar melhor. _ Falo sincera.

_ Então pode falar. _ Começa a mexer no meu cabelo.

_ Desde que a ex-namorada do Ruan apareceu por aqui, a gente vive brigando. Ela está morando com ele. Ela e o filho deles. Uma família perfeita, não? _ Abro um sorriso amargo enquanto algumas lágrimas insistem em cair _ Ultimamente tudo tem ido por água abaixo na minha vida.

_ Tudo?

_ Sim, tudo. _ Desvio o olhar para minha mão _ A Vânia viajou, meu pai e Fernanda brigaram, Paloma quer morar lá em casa, você está namorando, Ruan e Bianca tem um filho... _ Respiro fundo. Natan segura meu queijo delicadamente e levanta minha cabeça para o olhar nos olhos.

_ Por que o fato de eu estar namorando faz parte da sua lista de coisas que dão errado na sua vida? _ Pergunta sorrindo de lado.

_ Eu falei isso? Não estou raciocinando direito. Está tudo tão confuso. _ Natan acaricia meu rosto com o polegar enxugando minhas lágrimas.

_ Eu posso resolver um de seus problemas. É só você querer. _ Ele sussurra com seu rosto próximo do meu.

_ Como assim, Natan? _ Se aproxima mais de mim, podia sentir sua respiração se misturar com a minha _ O que está fazendo? _ Ele roça nossos lábios, fecho os olhos esperando que ele me beije.

_ Droga. _ Murmura se afastando de mim. Abro os olhos e o encaro _ Foi mal, Isa. _ Diz me olhando _ Você vem me procurar para falar à respeito de seu namorado e eu faço isso. _ Desvio o olhar dele e encaro a rua. Devo está vermelha de vergonha agora, o que não combina comigo. O que está acontecendo com a Isabella Mendes de antes? Eu, sinceramente, não sei, mas queria muito descobrir.

_ É... Na, Natan... _ Respiro fundo _ Eu... Eu, assim... _ Me enrolo toda, não sei mais o que falar. Natan começa a rir.

_ Está tudo bem, Isa. Esquece isso. _ Respiro fundo _ Você está tremendo? _ Ele pergunta ainda rindo.

_ Não. _ Falo rápido, mas estava mesmo. O que está acontecendo comigo? E por quê?

_ Isa... _ Natan diz sério, mas logo começa a rir novamente.

_ Para com isso, Natanael. Me deixa em paz. _ Bufo irritada e giro a chave do carro.

_ Está irritada, é? _ Não respondo. Espero alguns segundos para me acalmar mais e dou partida _ Isa? _ Continuo calada o ignorando _ Está com raiva de mim? _ Minha atenção está na rua, não consigo olhar para ele. Ouço Natan suspirar. Sem mais nem menos, ele vira o volante do carro para o lado. Com o susto piso no freio fazendo o carro parar bruscamente.

_ O que deu em você, Natanael? _ Quase grito e estava disposta a gritar, mas sou impedida. Natan cola nossos lábios em uma velocidade que não consigo nem raciocinar direito. Assim que me recupero do susto, começo a retribuir o beijo. Um beijo desesperado, muito diferente de um beijo lento e calmo, um beijo como se estivéssemos necessitados disso, como se fosse um oásis no meio do deserto.

Por falta de ar, somos obrigados a finalizar o beijo. Natan afasta seu corpo do meu sentando direito no banco, deixando assim apenas o gostinho de quero mais. Antes que um de nós pudesse falar algo, ouvimos buzinas. Volto a mim e percebo que estamos parados quase no meio da rua.
Respiro fundo e dou partida.

_ Uau. _ Falo depois de algum tempo dirigindo _ Isso foi... _ Penso em alguma palavra para descrever nosso beijo, mas não consigo encontrar.

_ Surreal. _ Ele completa.

_ Pode ser. _ Suspiro lembrando de Ruan.

_ Sinto muito, fiz sem pensar direito. _ Ele diz.

_ Tudo bem. _ Sorrio para ele _ É só que... tem o Ruan, né? E sua namorada, a Valesca. _ Solta uma risada.

_ É Valéria. _ Diz.

_ Tanto faz. _ Dou de ombros _ Não conta para ninguém sobre isso, está bem? Não quero mais problemas para nenhum de nós dois.

_ Não vou contar, também não quero problemas com Valéria ou com meu professor de matemática, ele pode me reprovar na matéria dele para se vingar. _ Fala divertido.

_ Pode mesmo.

_ Ei. _ Começo a rir.

_ Quer ir para casa? _ Pergunto.

_ Você quer?

_ Não sei... _ Suspiro.

_ Lembra da casa na praia do seu pai que fomos ano passado? _ Afirmo com a cabeça _ Vamos?

_ Eu topo. _ Ele sorri.

A Filha Do Diretor (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora