Fuga?

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...quando estava prestes a entrar no corredor para ir ao meu quarto, ele riu, ignorei aquilo e ele disse;

-fico impressionado como existem pessoas sonsas nesse mundo.

Estava disposto a ignorar isso também, mas não rolou;

-está falando comigo?

Perguntei me virando pra ele;

-há mais alguém que se faz de sonso por aqui?

-não me faço de sonso.

-não banque o idiota comigo caipira- falou alterado e logo depois diminuiu a voz- diz aí o que meu pai te ofereceu, e o que mais você pretende tirar de mim, pra ferrar de vez comigo?

-não sei do que você está falando.

-'não sei do que está falando'- ele disse me imitando com uma voz fina e aquilo estava despedaçando o meu autocontrole, principalmente quando ele continuou- não adianta fingir caipira, o que é exatamente? Ele está pagando ''seus estudos''?

-já dei ouvidos demais a essa sua teoria ridícula- esclareci, pois não sabia realmente do que ele falava e depois avisei- e se for pra ficar me insultando, pra seu próprio bem, vai ser melhor fazer isso quando não estiver bebendo.

Ele se levantou numa velocidade bem grande, saltou o sofá e ficou de frente pra mim afastado um metro aproximadamente e depois disse com um sorriso desafiador no rosto;

-eu já disse caipira, não tenho medo de ameaça suas.

-não foi uma ameaça.

Já dei logo um soco sem mais avisos, o soco acertou acima do olho dele, devido a um pequeno desvio, ele devolveu o soco e pela dor e o gosto metálico acho que tinha cortado meu lábio, no outro instante estávamos atracados, rolando pelo chão tentando ficar por cima do outro pra desferir mais socos, mas como tínhamos o mesmo físico e conseqüentemente a mesma força a única coisa que estávamos conseguindo era ficar rolando mesmo e as vezes desferindo socos a esmo, aquilo era bem inútil e numa abertura eu me virei por cima e ele me abraçou com força impedindo meu corpo de sair de perto do dele, uma atitude inteligente, se eu ficasse próximo não teria como armar socos, porem senti uma coisa que me surpreendeu e ele percebendo isso me empurrou pra longe e se levantou rapidamente entrando no corredor, o que ouvi depois foi a porta do quarto batendo.

Me levantei, não estava acreditando que tinha sentido aquilo, ele tinha ficado excitado na nossa pequena luta corporal, só levou dois segundos pra perceber que eu também estava, era possível isso? Ficar de pau duro sem perceber? A resposta pra mim á essa pergunta era um sim, mas não era isso que minha mente estava analisando naquele momento, era outra coisa; a ereção dele.

Estava no quarto, deitado com um pau tão ''acordado'' quanto, a verdade é que ele se recusava a ''dormir'', o vinho que eu bebi junto com meus pensamentos facilitou isso. Não me deixava feliz pensar naquela ereção dele, podia ser a adrenalina ou sei lá o que, mas a minha intuição dizia que a ereção dele era uma conseqüência do desejo que ele sentia por mim, teoria sem fundamento e como nunca segui minha intuição a ignorei, ela sempre esteve errada, nunca que um hetero sentiria desejos por um gay. O resultado por pensar demais foi não dormir, me levantei e voltei para o sofá, fazia um calor abrasador e eu não sabia se ele vinha de mim ou do ambiente, me deitei de bruços no sofá pra esconder a ereção, tentei colocar uma musica, mas desliguei, não estava com cabeça pra isso. O dia já estava amanhecendo quando peguei no sono, porem acordei pouco tempo depois com o celular tocando, atendi;

-oi pai.

-até ''quenfim'' e que voz é essa?

-eu...

AutobiografiaOnde histórias criam vida. Descubra agora