Autobiografia

Dormindo Junto...

...

Superficial é claro, a garrafa quebrada passou de raspão no meu braço e caiu encima da mesa atrás de mim. Abriu um corte superficial, parecia mais um arranhão, tive sorte, pois se não tivesse tirado o ferrugem e feito um movimento brusco no processo, aquilo se alojaria nas costas do Ferrugem, e eu considerava isso um motivo pra matar aqueles desgraçados e ia sair pra fazer isso, radical? Talvez, mas eu não estava raciocinando direito aquela hora, pensar que alguém machucaria alguém que estava comigo e sairia ileso me deixava possesso, no entanto Luana entrou na minha frente, e o individuo tinha corrido pra fora;

-Luana, sai, por favor.

Pedi e ela;

-não, para um minuto Fernando, já foi, relaxa.

Ferrugem se aproximou de novo e dessa vez, foi para olhar meu braço, mas eu disse que estava bem e Jorge se aproximou de nós, com guardanapos de papel pra secar o pouco sangue do arranhão da garrafa;

-relaxar? Essa garrafa ia fazer um estrago se tivesse acertado o João...

Ela me cortou;

-mas não acertou, vamos parar, esquecer essa ultima hora, tudo bem? Só mantenha a calma.

Não, não tava tudo bem, mas concordei com uma respiração pesada, no final das contas eu não encontraria os caras, tinha demorado muito ali;

-Ok, como quiser, vou ao banheiro lavar isso aqui.

Falei e fui na direção no banheiro me moendo de raiva por dentro, lavei o ferimento e quando retornei, usei mais do guardanapo pra secar, o sangramento até já havia parado. O dono não nos expulsou e o casal foi embora no meio da confusão e eu não tinha percebido. E resolvemos ir embora, eram uma duas e meia da manhã. Cedo? Talvez, mas eu já havia causado problemas demais. Ferrugem chamou Ubers e logo depois rachamos a conta. Os ubers chegaram e nós nos despedimos e partimos, fui com ferrugem em um e Luana com o Jorge no outro, e antes dela ir, ela deu uma olhada pra mim e depois pro ferrugem com um sorriso sugestivo no rosto, mas eu neguei com a cabeça.

Já no carro, estávamos no mais absoluto silencio e a perna dele discretamente se arrastou ate a minha e ele começou a passar ela na minha sem me olhar, provocação? Eu considerava isso bem claro, mas nunca fui bom em fazer tal coisa, enfim, eu estava ficando excitado com aquilo e por isso tirei minha perna de seu alcance e ele me olhou com aquele costumeiro sorriso, sim, dava pra ver já que ele tinha baixado o vidro, estava um pouco calor aquela noite, enfim era uma merda, ele estava penetrando a minha mente com aquilo, definitivamente havia mais do que a sensação que o Eduardo me causava, era diferente, difícil descrever, não era como se tivesse me desafiando ou me irritando, não sei o que era, e isso me assustava e ao mesmo tempo me instigava, pois eu queria saber o que era.

Ele sacou o celular e me mandou uma mensagem, acho que não queria constranger o motorista ou só queria manter a própria descrição, enfim, recebi a mensagem e a visualizei;

''dorme La em casa?Tipo, sem maldades?'', não era exatamente isso que ele estava fazendo naquele momento, eu não sabia se aquilo era sarcasmo, por isso o olhei, ele estava completamente sério, e eu resolvi acreditar na seriedade dele, respondi; ''hoje não, mais tarde'', mais tarde estava sendo usado pra descrever outro dia quem sabe, ele recebeu a mensagem e me olhou, mas não disse nada e nem demonstrou nada, só continuou serio. O uber me levou em casa primeiro e nos despedimos, subi para o apartamento e fui direto para o quarto. Cai na cama de roupa mesmo e apaguei.

Acordei naquele mesmo dia, às dez da manhã, liguei para meus pais para o caso de um deles ficar preocupado, conversei com meu pai por vários minutos e logo depois fui tomar um banho, não vi vestígios do Eduardo quando saí, e não julguei nada, não achei bom ou ruim e também não me preocupei. Fiz um café forte e meu celular tocou enquanto eu o tomava, e dessa vez não era mensagem, era uma ligação do ferrugem e eu atendi, a conversa foi assim;