''Lu.''

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Minha mente criou expectativas, mas acabou com elas tão rápido quanto ''um incêndio em pasto seco'' como dizem. Quando o vi no domingo com a expressão de cansaço, com olhos pesados sem o mínimo de desafio ao me encarar, me deixou sem estado de reação. O tempo que me olhou foi por no máximo três segundos, mas esse tempo foi mais que suficiente pra ele me fazer me contradizer.

Eu não o conhecia, não sabia nada á seu respeito e estava criando situações ridículas e sem fundamento a seu respeito sem levar em consideração o seu real querer. Ele havia ficado excitado uma vez ou duas, a ultima não pude confirmar, mas eu não sabia o motivo, afinal pessoas bêbadas podem ficar excitadas sem motivo. Ele retribuiu um beijo meu, mas talvez não fosse o que ele realmente quisesse, e isso fez minha mente escurecer.

Eu tinha cometido um erro, foi estúpido de minha parte achar alguma coisa a respeito dele. Mas isso era a menor das minhas preocupações, a maior estava dentro de mim, uma inquietação sem precedentes me atingiu naquela tarde, só fui pro quarto, escrevi o recado na folha de papel e joguei embaixo da porta dele, não sei se tinha tomado a decisão correta naqueles últimos dez minutos, mas iria me guiar por aquilo, não o incomodaria mais e arrumaria um jeito de mudar o mais breve possível.

Segunda feira, acordei cedo, não tinha jantado no domingo e tanto faz, não tinha apetite pra nada. Apenas me arrumei e saí, encontraria um emprego de qualquer jeito, ou não voltaria naquele apartamento exceto a noite. E foi o que fiz, fracassei, achar um emprego naquele lugar não era fácil, mas não significava minha desistência. Não o encontrei no final do dia e dei graças a deus por isso, só me arrumei e fui pra faculdade encarar o que chamamos de começo de rotina e não foi surpresa o que encontrei a menina atracada com outro cara, alguns colegas que eu não tinha visto. Na saída respondi algumas mensagens do novo grupo de amigos no zap e voltei para o apartamento, ou melhor, direto para o quarto, não queria encontrar com ele, e também não facilitaria tal acontecimento.

Dormi e no outro dia usei a mesma tática de sair cedo pra procurar emprego, segundo dia sem vê-lo e segundo dia de fracasso, meu padrinho ligou a noite e eu menti sobre a convivência com o Eduardo, falei que tínhamos chegado a um consenso, não era totalmente mentira, uma vez que ele não fazia mais bagunça e também não fazia seus shows sexistas, ou eu não percebia, pois chegava tão cansado e desanimado que simplesmente dormia. Quarta feira eu acordei completamente destruído e não estou dizendo a forma física, era meu emocional, um desanimo e um tédio anormal, meus pensamentos eram só em vê-lo, mas eu não faria isso, não importa o quão ''acabado'' ficaria.

Mudei de ideia na tarde de quarta feira, eu precisava vê-lo e foi por isso que fui ao jogo do grupo, porem não o encontrei;

-e aí sem emoção, os amigos chegam e você nem vai comemorar, o que era aquela mensagem ''estou cansado gente, depois comemoramos''?

Rick com mais uma de suas brincadeiras;

-desculpa amor, eu não tenho tido tempo pra nós ultimamente, se quiser terminar eu entendo.

Brinquei e fiz cara de triste pra algazarra de todo;

-não é pra tanto também, sabe que sua gostosura não é algo fácil de encontrar e é por isso que não da pra terminar.

Mais risadas e a brincadeira continuou por pouco tempo. Os times foram formados, Eduardo não foi então jogamos em cinco, o que sobrou era substituído e continuávamos jogando. Ao final do jogo o gibi se ofereceu pra me dar uma carona até em casa e eu aceitei, fomos conversando besteiras enquanto eu fingia que estava tudo bem, pra minha sorte ele não percebeu meu fingimento. Não encontrei Eduardo no apartamento e não sabia se ficava triste ou se me alegrava, não decidi nada, apenas fiquei com os dois, me alegrei por não encontrá-lo e me entristeci pela mesma coisa, mas enfim, não fiquei parado remoendo aquela dupla emoção só me arrumei e parti pra faculdade e foi lá que minha primeira ou quase primeira confusão se armou.

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