✔️Fifty Two

653 58 17
                                    

Faltavam exatamente três dias para o fim das aulas, e pela primeira vez, Samyra teve quase certeza do que faria.

— Você enlouqueceu?! – Manuela quase gritou. — Samy, pelo amor de Deus! Você demorou anos pra falar com ele, e agora que vocês estão conversando você quer contar que é você?

— Eu acho que ela devia fazer isso. – Luiza se meteu. — Não é muito legal ficar escondendo isso, e pelo que está ficando notável, o Finn gosta dela.

— O Finn gosta da Hope. – Manuela rebateu.

— E a Hope por acaso é a Samy. – Luiza devolveu e encarou Samyra, que olhava fixamente para o chão. — Samy, se você quer contar, vai na fé. Isso seria o melhor a se fazer agora.

— Mas e se... – a cacheada foi interrompida por Lívia, que levantou seu rosto colocando as mãos em suas bochechas.

— "Mas e se" é o caralho. Você quer contar pra ele, então você vai. Porra, da pra perceber que você já tá ficando incomodada de esconder isso dele. Depois da festa você não dormiu pensando se aquilo era certo ou não. Então, Samyra, se você quer mesmo que ele saiba, não é esse "mas e se" que vai te dar certeza. – a loira soltou o rosto da amiga, que suspirou assentindo. — Temos 30 minutos até o jogo, e só falta você pra ficar pronta.

____________________

Finalmente, o jogo começou. Tudo corria normalmente, mas o nervosismo de Samyra (e, consequentemente de suas amigas) era notável.

O primeiro intervalo veio rapidamente, deixando claro que tinham apenas mais alguns longos minutos para se acalmarem.

— Samy, sossega. Daqui a pouco você não tem mais unhas. – Lívia sussurrou para a amiga, que logo afastou os dedos de sua boca.

— Isso não vai dar certo. Se eu contar tudo isso acaba e eu vou ficar sem falar com ele de novo. Eu tenho certeza que é melhor desistir. – a mais nova disse, recebendo um tapa na nuca logo depois.

— Samyra, porra! A gente veio assistir esse jogo justamente pra você contar pra ele. Então, quando isso acabar e formos pra comemoração, você vai chamar ele pra conversar, olhar no fundo dos olhos deles e dizer: Finn, eu sou a Hope, você querendo ou não. Entendeu? – Lívia falou, e Samyra assentiu hesitante. — Agora presta atenção nessa merda de jogo.

Em um período de pelo menos 50 minutos o jogo acabou. Como comemoração (que não fez muito sentido, já que a escola perdeu) todos escolheram ir em um tipo de bar que ficava ali por perto. Quando chegaram, Lívia foi para um canto com Jaeden, Manuela sumiu junto à Noah, Wyatt se sentou em uma mesa com Luiza e Samyra... Bem, ela escolheu ficar sentada nos banquinhos em frente ao balcão do bar.

A musica alta tocava alta o bastante para a única coisa a ser ouvida era o barulho dos copos de vidro se chocando em brindes completamente desnecessários.

Depois de um único gole na cerveja barata do bar, Samyra se levantou e começou a andar pelo local em busca do garoto de cabelos cacheados que tomava seus pensamentos.

E ela o encontrou. Novamente com Iris. 

— Você só pode estar zoando com a minha cara... – sussurrou para si mesma e suspirou, continuando em direção ao "casal".

Quando a garota finalmente chegou em frente aos dois e abriu a boca para deixar as palavras saírem, Iris o beijou.

— Você realmente tá de brincadeira comigo. – dessa vez, a fala saiu em voz alta. Iris se virou para Samyra com o rosto retorcido em uma expressão que aparentava... Nojo?

— Ah, desculpa... Estamos atrapalhando? – a garota perguntou, e Samyra sorriu.

— Na verdade, você está atrapalhando. Licença, mas eu preciso falar com o Finn por um minutinho. – Samy puxou o garoto pelo braço, indo até fora do bar.

— Precisa de tudo isso pra falar comigo? – Finn perguntou.

— Cala a boca e me deixa falar. – Samyra falou por cima, quando Finn ia refazer a pergunta. — Faz um tempo que eu quero falar sobre isso com você, e eu não sei qual vai ser sua reação, mas eu não quero que você pare de falar comigo.

— Continua...

— A primeira coisa é: você e a Iris formam uma casal ridículo. – Samyra soltou tranquilamente.

— Voce me chamou aqui pra falar sobre quem eu fico ou não?

— Cala a boca, eu não terminei.

— Cala a boca você! Isso é ridículo. – Finn se virou para voltar para dentro do bar, mas foi impedido pelas mãos de Samyra segurando seu pulso.

— Eu só falei a verdade. E se você for ficar com a Iris, toma cuidado pra ela não te colocar chifre igual sua outra namorada fez.

— Porquê você se preocupa tanto com quem eu saio ou não? — Finn perguntou, se livrando das mãos da garota.

— Porquê sou eu, caralho! Eu sou a Hope! – Samyra gritou. Não pelo fato de estar estressada com Iris ou pelo fato de estar ansiosa. Simplesmente, porquê daquela maneira ela não teria que repetir isso.

— Você... Como você sabe da Hope?

— Porquê sou eu, Finnie. Eu sou a garota louca que te manda mensagens anônimas e que diz que te ama! Eu quero te contar isso a muito tempo, mas nunca tive coragem. — Samy disse, agora em tom normal.

— Você... Tava fazendo isso esse tempo todo?! – Finn riu. — Isso é brincadeira.

— Não é, Finn. Porra, para de agir como se você não se importasse! Eu criei uma puta coragem pra te dizer isso!

E foi aí que Finn não respondeu. Apenas se virou, e voltou para dentro do bar.

Samyra se sentou na calçada e colocou as mãos no rosto. Ela não queria chorar. Ela não iria chorar.

Mas foi inevitável, então, as lágrimas vieram.

___________________

isso ficou muito melhor na minha mente

Crazy Girl [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora