23. De volta a rotina

1.1K 97 91
                                    

16/09/19 ~ Um ano depois

No momento dedicava toda a minha vida ao futebol e a Maria, enquanto a Ainê... bem, eu e ela estávamos separados perante todos, ela era uma boa amiga e eu pretendia manter aquela amizade para sempre.

O que era de se esperar, aconteceu. Eu e Neymar não demos certo, na verdade nunca daríamos. Ele era imaturo, ciumento e um pouco pegador, eu não tinha paciência.
Terminamos por nada. Simplesmente por nada. Em um dia qualquer, enquanto assistíamos nós chegamos a conclusão de que não dava mais, não houve discussão e nem nada do tipo. Porém, a amizade não era mais a mesma, isso se ainda tinha amizade. Não nos víamos a mais de 10 meses, não tínhamos contato, ele fez aniversário nesse tempo e eu também, nenhum de nós desejou felicidades um ao outro e isso foi normal. A tempos não pensava mais em nossa relação, não pensava mais em nós.

Eu acreditava ter superado tudo, o ver e tratá-lo como velho conhecido, mas no fundo eu sabia que talvez recaísse, talvez eu sentisse angústia de ver ele com outra pessoa, na verdade em qualquer momento que eu cogitace essa ideia meu coração acelerava. Realmente, ainda não tinha superado, mas eu não iria permitir alimentar a ideia de se apaixonar novamente. Claro que ele não me queria mais, e eu tinha que demonstrar o mesmo. Eu necessitava demonstrar o mesmo.

Como já disse, a tempos não pensava nisso, mas ao lembrar que os treinos estavam de volta e ele estaria lá, me deixavam nervoso.

Nesse momento, estou no aeroporto, me preparando para ir ao hotel aonde a seleção estava hospedada. Durante esse tempo todo, não falei com ninguém, não mantive contando com ninguém. Nem com Firmino, Gabriel, Paquetá, Alisson, ninguém e ninguém. Minhas atuais amizades era com os meninos do Barcelona, eles me faziam sentir a vontade. O único da seleção que eu realmente ainda mantinha contato, era com Arthur. Meu único e verdadeiro amigo, isso por que nos aproximamos, além de estarmos juntos na seleção, também frequentamos o mesmo clube.

- Olá, qual o número de meu quarto? - Perguntei ao recepcionista após entregar meus documentos.

- 381, Sr.Coutinho.

Suspirei aliviado por finalmente chegar ao meu destino, mas assim que vi ele com o celular apoiado nas orelhas sorrindo feito bobo, meu coração falhou uma batida. Não era possível, ele tinha outra pessoa? Essa foi a pior sensação da minha vida, ver que ele mudou o destinatário de seus sorrisos apaixonados, saber que eu perdi o cargo em sua vida... A meses eu sabia disso, mas presenciar aquilo doeu mais que um chute no saco. Doeu muito mais.

Não irei negar, talvez eu também tenha outra pessoa. Há tempos converso com outra pessoa, ele me fazia bem, me fazia esquecer a confusão que minha vida havia se formado. Alguns meses atrás eu sofri uma lesão em minha perna durante o jogo do Barcelona, os médicos da equipe me ajudaram, e um em especial chamou minha atenção. Ele foi tão atencioso, querido e tinha um charme incrível. Mantivemos contato a partir dali, viramos grandes amigos. Porém, como meu tempo era disputado por poucas vezes nos encontramos.

Voltando a falar do abençoado, eu o vi entrando no hotel, fiquei de costas tentando evitar qualquer contato. Ele se direcionou a recepção e pude ouvir pedir as chaves de seu quarto. Assim que as pegou, pousou o celular nas orelhas e voltou a sorrir.

- Voltei filhote, vai vir quando visitar o papai? - Ele perguntou entrando no elevador.

Suspirei aliviado, sinceramente nunca havia me sentido tão aliviado assim. Parecia que uma tonelada havia sido retirada de minhas costas.

Mas... Eu não devia me importar se ele tem outra pessoa, realmente não devia.

Isso significa que eu ainda não superei, e me dói saber disso.

Mixed Feeling - NEYTINHOOnde histórias criam vida. Descubra agora