27. Meu lugar

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Philippe

Apesar de todos estarem de ressaca, nós teríamos o maldito treino. Isso deixou alguns intrigados, já que Adenor não impediu que alguns bebessem até não terem o controle do próprio corpo.

Porém, eu não me importava com isso, Neymar mostrou mudanças, até pareceu que tomou jeito. Mas, como eu já estava acostumado com essas idas e vindas de maturidade, preferi não me iludir.

Após o ocorrido de manhã, não nos falamos mais. O treino foi de lascar, todos estavam exaustos. Fui para o box, sedento de um banho quente.

Ao terminar meu banho e me vestir, me sentei no banco em frente aos armários e esperei que ele viesse para conversarmos ou então só dar um oi.

Passou alguns minutos e ele não deu nem sinal de vida. Cansado e frustado de aguardar algo que eu não tinha certeza que aconteceria, fui para a saída do CT, onde o ônibus nos aguardava.

- Gabriel? - O chamei discretamente, ele se virou para mim e sorriu - Viu o Júnior?

- Voltaram? - Indagou extasiado chamando a atenção de alguns que passavam ao nosso redor.

- Não. Só conversamos, acho que somos amigos de novo. - Dei de ombros, no fundo estava desapontado com minha resposta.

- Ah! Mas já é um início, não é? - Perguntou me transmitindo esperança, assenti cabisbaixo. - Massss respondendo sua pergunta, não sei onde ele se meteu, mas me parece que ele já foi embora pra casa do Andreas. Vai ter uma resenha lá, todos convidados.

- Andreas? Eles são amigos? - Perguntei preferindo não mostrar que estava enciumado.

- Bom, quando vocês se afastaram, mesmo sem demonstrar o Ney ficou bem pra baixo, aí o Andreas começou a se aproximar tentando ajudar. Acho que já são até melhores amigos. - Gabriel respondeu sem jeito por me decepcionar. - Mas não 'tá rolando nada não, o Neymar só é gay quando se trata de você.

- Aí, Gabriel. - Tentei rir pelo comentário do mais novo.

Mas não consegui nem sorrir direito, por mais que eu não quisesse, a aproximadade de qualquer pessoa com Neymar, me afetava.

Quebra de tempo

Quando cheguei a mansão de Andreas, me senti meio confuso se a calça colada e a polo estavam adequadas para tal evento. Mas ao entrar na casa, percebi que todos estavam com o estilo parecido ao meu. Percorri meus olhos por todo o salão, até encontrar ele. Seus olhos estavam direcionados aos meus, um calafrio tomou meu corpo e então abaixei o olhar. Há tempos eu não sabia como agir quando estava ligado a ele, sentia como se meu corpo não estivesse sobre meu controle.

Mas então tomei a decisão de ir até ele, no meio de tanta gente, ninguém notaria nós dois, e assim seria melhor.

O observei alguns passos a frente, estava de costas para mim, apoiado no balcão. Quando faltava poucos metros para eu estar de encontro ao loiro, Andreas chegou e o puxou pelo braço o levando até duas mulheres, que eu imagino sendo sua diversão da noite, meu estômago embrulhou só de imaginar tal acontecimento.

Me sentei de costas para o Júnior, pedi uma dose de qualquer bebida forte o bastante para me fazer esquecer a imagem anterior. Quando estava prestes a levar a dose a minha boca, uma silhueta se sentando em minha frente parou meus movimentos.

- Vai ficar bêbado antes da festa começar, se tomar isso aí. - A voz rouca de Neymar, me arrepiou todos os pelos.

Por impulso virei o shot e o encarei, talvez a bebida me desse coragem.

- Ainda não começou? - Indaguei me referindo a festa.

- Não, falta muita gente ainda.

- Mas você já tem suas acompanhantes da noite, 'né? - Arrisquei tirar a dúvida, sobre a mulher em que Andreas o apresentou.

Neymar virou um shot e passou a encarar meus olhos, eu observava todos os movimentos do loiro, apreensivo.

- Não, não mesmo. Tenho um acompanhante. - Comentou e arrastou seu banco para mais perto do meu.

- Andreas? - Indaguei com medo da resposta.

- O quê? - Neymar quase cuspiu as palavras e me olhou confuso - Da onde tirou isso?

- Vocês estão tão próximos que parecem namorados, talvez seja por isso. - Minha resposta fez com que Neymar revirasse os olhos e risse sacana.

- 'Cê só pode estar brincando, sério mesmo.

- Então são o quê?

- Sei lá, melhores amigos. - Respondeu dando de ombros, cortando nosso contato visual.

- Que nem éramos? - Perguntei sabendo que sim, Andreas ocupara meu lugar.

- Não, Philippe. Com você sempre foi diferente, achei que sabia disso. - Respondeu aproximando seu rosto do meu.

- Diferente como? - Indaguei alternando olhares entre sua boca e seus olhos.

- Eu sempre amei você, mas como eu era bobo nunca percebi que eu sempre te quis como meu. - Respondeu e entralaçou nossos dedos.

- Era? - Brinquei e dei risada.

- Não estraga o clima, Philippe. - Argumentou antes de rir.

- Desculpa, mas é sério. Eu estava com ciúmes dessa proximidade de vocês. Senti como se ele tivesse ocupando meu lugar. - Confessei encarando o chão.

- Ei, - Pegou em meu rosto, me forçando a olhá-lo - Seu lugar é no meu coração, ninguém nunca vai ocupá-lo porque ele não está vazio. Não importa o que aconteça, você sempre estará aqui. - Ele levou minha mão ao seu coração e sorriu.

E eu, sorrindo que nem bobo, ganhei minha noite.

Mixed Feeling - NEYTINHOOnde histórias criam vida. Descubra agora