Chegando perto

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Sentada na cama quebrada do velho quarto que se residia, suspirou. Havia chegado ao amanhecer na cidade e passará o dia todo procurando pela rebelião, contudo tudo que achou foi dor nos calcanhares. O quarto no quão estava fazia parte de um velho homem, já de idade, ele permitirá ela passar a noite lá se costura-se suas calças velhas. Olhou ao seu redor e respirou fundo, o quarto estava coberto de poeira e a janela tinha uma fresta quebrada trazendo o frio do lado de fora, os tecidos das camas estavam beges pelo tempo, o único objeto ali além da cama era um armário a coberta por pó. No chão ao seu lado a espada ficou lá, apenas com a mistura de sangue e sujeira. Kiyoko estava sentada na cama sem sono enquanto costurava as calças, sua barriga roncava, contudo não tinha aonde arrumar comida; sua aparência estava a tornando uma desconhecida, seus cabelos comumente soltos e lisos, estavam presos em um coque e frisos fazia ele flutuar sobre sua cabeça, além do seu rosto estar suado e com marcas escuras de sujeira, os cabelos que não se contentavam com o coque grudaram em seu rosto, seu vestido que era azul, estava amarrotado e sujo por terra e lama; suas pernas tinham marcas de arranhões, seus braços igualmente, e onde ainda havia tecido estava rasgado, terminando por seus sapatos, que estavam na frente da porta, sujos e molhados e seus pés com bolhas. Contudo ela não se importava, ela tinha que a achar uma saída encontrar a rebelião. Por um minuto se deixou duvidar, o que havia acontecido com Yachi? Estremeceu com o pensamento. Tinha medo do que a outra estava passando.

Terminou a última calça. Olhou para o vestido sujo que usava, tinha que encontrar outra coisa para vestir. Levantou e foi até o armário na expectativa de ter algo, havia um muda de roupa e uma bota desgastada. Pegou e começou a se vestir. O tecido fez ela expirar pela poeira, mas não tinha escolha. A camisa cinza de linho tinha um colarinho pequeno e no fim de suas mangas havia babados desnecessários, nem pensou duas vezes antes de rasgar essa parte; havia uma calça grossa escura de camurça, uma túnica vermelho escuro, quase vinho com detalhes em prata, logo um sobretudo cinza escuro com capuz, simples apenas com um botão dourado; por última luvas grossas e confortáveis com detalhes em dourado sobre o marrom. Colocou a roupa e pegou a bota simples preta que ia até um pouco abaixo do joelho. Sua barriga roncou e resolveu procurar por comida, mesmo que ainda fosse de noite.

Pegou a espadas e desceu as escadas da velha casa e se assustou com o homem na cozinha, iluminada por apenas uma vela. Ele segurava algo brilhante nas mãos, Shimizu percebeu que era a moeda que a capitã havia lhe entregado:

-Então, quando entrou vi que você derrubou isso - ele fala enquanto encara o objeto.

-Sim - ela levantou o braço empurrando o tecido negro e estendeu a mão - por favor me devolva, já terminei com as suas calças.

-Por que você não me contou sobre eles? - Ele coloca o objeto sobre a mesa.

-Eu não sei de quem fala - ela diz enrijecendo a postura

-Sobre a rebelião - ele solta um riso fraco e pega sua bengala velha de madeira - todos aqui conhecem eles, mas poucos sabem quem eles são.

-Eu - ela hesitou, não tinha certeza que deveria falar com ele sobre aquilo, contudo era sua chance de obter informações - sabem onde eles estão?

-Mais ou menos - ele puxou uma cadeira - sente-se.

Ela acenou a cabeça e se sentou, ele caminhou até o armário e tirou um pão e um cantil de lá. Colocou na mesa a frente de Shimizu e caminhou de volta ao armário, a mesma apenas observava o mais velho com atenção, ele pegou uma navalha, um fraco e um objeto que parecia uma escova, porém diferente das que havia visto, tinha apenas algumas linhas para escovar. Ele voltou até ela:

-Coma - ele disse atrás dela.

-Obrigada - respondeu antes de pegar o pão - pode me dizer onde eles estão?

-Primeiro você deveria se preocupar com a sua segurança - pronunciou com a voz rouca.

-O que quer dizer? - ela se virou confusa.

-Seu cheiro alerta cães em metros - ele suspirou - eu vou consertar isso agora vire-se.

Ela sabia que o 'cheiro', era nada menos que a aura de cada ABO em todo o reino, que qualquer um poderia sentir, alguns poderiam usar suas auras sobre outros, contudo isso normalmente requer muito treinamento, era verdade que um alfa tinha uma aura forte, mas se um beta treinasse sua aura poderia ser tão forte quanto a do outro, mesmo que isso nunca tivesse acontecido antes, era possível.

O mais velho soltou os cabelos delas e escovou eles, colocou um pouco do líquido do frasco e passou sobre os cabelos delas que adquiriam um leve brilho, enquanto ela comia sentiu algo estranho quando aquilo tocou sua cabeça:

-O que é isso? - ela fala sem se virar.

-Isso - ele colocou o frasco na mesa ao lado do prato dela - você vai passar isso todos os dias com cuidado. É óleo de alfazema, é difícil de encontrar, mas não impossível. Esses frascos são puramente feitos com essa planta, ela cresce somente em Assima, é normalmente espalha o 'cheiro', as pessoas confundem a sua aura com o cheiro da flor. Claro, isso só funciona aqui, mas ainda é muito útil para sua missão.

Ele depois de passar o líquido pegou a navalha e passou na nuca dela com cuidado, deixando a parte nua, além de cortar dois dedos do cabelo dela:

-Por que esta cortando meu cabelo? - ela questiona mesmo não se importando.

-Em lutas como espadas cabelos longos desse jeito não são nada bons, principalmente soltos - ela mordeu o último pedaço do bolo.

-Entendo - ela disse olhando o objeto em suas mãos.

-Por último - ele pegou uma faixa preta e puxou o cabelo dela, fazendo um rabo de cavalo alto, mas não o bastante para ficar estranho.

-Obrigado- ela disse depois de beber a água do cantil.

-Espero - ele caminhou até um pequeno armarinho e pegou um cinto para ela com espaço para pendurar suas coisas, lá nele já tinha uma bainha e uma adaga.

-Não precisa - ela diz antes dele entregar.

-Garota, essas roupas - disse apontando para ela- foram de um garoto que teve grandes sonhos de libertar todos desse lugar - ele suspira - ele falhou e virou um velho, apenas com meros conhecimentos - ele pega a mão dela e entrega o cinto - por favor, faça o que esse velho homem sonhou um dia em fazer.

Ela sorriu e acenou com a cabeça. Puxou o sobretudo e colocou o cinto e guardou o espada em um bolso e o cantil em outro:

-Agora sobre a rebelião - ele disse se sentando - você sabe aonde que o sol nasce?

-Ao leste - respondeu.

-É aonde que a lenda diz que foi toda a grandeza dos reinos depois da guerra de mil anos?

-Para o sul - ela falou confuso colocando a mão no rosto.

-Exatamente - ele sorriu.

-Eu devo ir para o sudeste? - ela questiona.

-Lá você vai encontrar um pedra e - entregou a moeda - saberá o que fazer.

-Entendi.

Ela se levanta e vai até a porta, mas antes para:

-Obrigada senhor - ela não sabia o nome dele.

-Yasufumi Nekomata - falou sorrindo.

-Kiyoko Shimizu - acenou com a cabeça e saiu da casa.

-Hum - ele pronunciou sozinho - Kiyoko lembra-me uma valquíria que um dia conheci.

Beta War: O surgimento das asas.Onde histórias criam vida. Descubra agora