Ele é um deus, criatura ridícula.

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O vento matinal batia em seu rosto, suas mechas negras voavam molhadas pelo suor e garoa que começava a se formar em resposta tinha um sorriso fino e bochechas avermelhadas. Kageyama admitia, ele não era muito de sorrir, não sentia motivos para fazer isso, mas momentos, pequenos momentos como aqueles, mereciam um sorriso e um espaço no peito.

Na última semana passou treinando com arco, não que ele fosse ruim, sua mira era impressionante, mas seu corpo não era um dos melhores, sua resistência era baixa e sua força não era nem um pouco invejável como a de um rei deveria ser. Nisso passou a praticar lutas de corpo a corpo, não era tão ruim como na espada, Ukai notou isso e concluiu que não era impossível, passou passos simples para começar, chutes e socos, que mesmo sem força foi melhorado. Para resistência e força começou a carregar sacos com diversos materiais, de arroz à tijolos. Kageyama odiava cada segundo principalmente quando o cavalo começou a 'zombar dele', ele era o burro de carga agora. E a pior parte era a sua imagem, teve momentos que Ukai teve a mera tentação de cortar seus cabelos para ficar parecidos com o do meio-irmão, Tobio quase matará o mais velho. Para sua imagem ele iniciou com conversas simples com plebeus, aqueles que costumavam insulta-los, no fim acabou apenas amedrontando crianças com seu sorriso forçado. A semana e os jogos do Reino Alfa estariam tão perto quando o Baile ABO.

Sentado em um galho alto, Tobio observava o sol tomar espaço no céu. Em sua mão havia um livro das histórias dos deuses, pareciam infantis, mas totalmente possíveis. Respirou fundo e desceu do carvalho. O chão estava molhado pela chuva mais cedo, sentiu o cheiro da grama molhada aliviar a tensão nos seus ombros. Caminhou pela rua de barro até os estábulos atrás do castelo, onde seu cavalo ficavam. Entrou e viu o animal sacudir sua cabelo e relinchar, caminhou até ele e acariciou o topo da cabeça, pegou o balde de água e foi até o poço pegar mais para o companheiro.

Sua mente divagava sobre o arco preso em seu peito. Ele em seus treinos usava arcos normais, depois de descobrir que Ukai estava o observando, o mais velho pediu para trocar o objeto já que não queria colocar fogo na floresta, ou no castelo. Sentia que não era a mesma coisa que atirar com um arco normal, ele precisava de mais concentração e sua insegurança se tornava quase totalmente presente, até mesmo depois de Ukai ensiná-lo como manipular um escudo a insegurança permaneceu, ela apenas se foi quando teve o objeto perto de si alguém, nesse dia se sentiu uma criança amedrontada por um pesadelo que só se acalmaria se tivesse seu cobertor por perto. No livro que lia nenhum deus usava um arco, e nem sequer uma lenda sobre tão objeto, sentia-se confuso, talvez tudo aquilo fosse um engano, ou que aquele arco não havia nenhuma lenda, pois ninguém havia vivido uma com ele e esta fosse sua vez. De todas as suas teorias absurdas que anotará nenhuma delas teve certeza, sentiu-se tão preso nos pensamentos que mal notou o cavalo se aproximar, riu baixo sentindo cócegas na sua nuca feitas pelo companheiro. Se virou e acariciou o cavalo, logo puxou o balde e deixou o animal beber. Enquanto o cavalo bebia, Kageyama tocou na crina dele, havia pequenas tranças feitas nele, olhou elas confuso, normalmente o cavalo não deixava ninguém se aproximar, a última pessoa que tentará acariciá-lo, Ukai, foi jogado para longe. Se aproximou para ver se havia algo que pudesse ser uma pista, mas logo ouviu um grito atrás de si:

-Então, como está indo? -Oikawa, seu meio irmão, o primogênito destinado a ser rei, que foi expulso do trono por sua causa, algo que não gostou nem um pouco. Mesmo que odiasse assumir aquilo, o seu meio irmão era muito mais qualificado para isso, além de Kageyama não querer nem chegar perto do trono, mas a brincadeira de um deus acabou com o sonho dele de sair daquele reino, provavelmente iria clandestinamente até o Reino Beta, ou para Assima.

-O que quer? - disse arrogante, não tinha paciência para o mais vê-lo.

-O que? - abriu os braços e deu seu velho e sarcástico sorriso- não posso ver como meu irmão está indo.

Beta War: O surgimento das asas.Onde histórias criam vida. Descubra agora