Seja bem vindo a rebelião.

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Kiyoko caminhava pela floresta seguindo em direção ao sudeste. Caminhava segurando sua espada firme, tinha medo de soltar. Desde a casa do velho homem, tinha passado por uma pequena plantação, as frutas parecia morrer lentamente, e cada planta ali parecia estar no seu último dia. Aquela terra era morto e seca, quase não parecia ter vida. As pessoas tinham faces cansadas e deprimidas, todos os dias a mesma rotina, esperando uma salvação que nunca viria. Shimizu se sentiu um tanto mal por todos ali, contudo nada poderia fazer por enquanto, apenas no futuro, na qual se juntaria a rebelião.

Ela seguia para o sul pela pequena e escura trilha da mata. As árvores não tinham folhas e eram altas. O frio só parecia aumentar, por um momento sentiu que deveria sair dali, contudo não desistiu. Quase não via para onde ia, muito menos sabia onde estaria.

Lentamente caminhou até o mais longe que conseguiu, mas algo a impediu. Sentiu seus pés enroscar em algo, uma raíz que saltou da terra, seria normal se ela não brilhasse de maneira surreal. Quando se aproximou, corvos foram ouvidos e uma música começou.

Sentiu que estava girando, e a música aumentou em suas orelhas, não sabia identificar os instrumentos, apenas era belo. Uma ventania começou a rodar sobre o local, ela se segurou na árvore para não cair, logo sentiu a ponta da sua mão queimar. No local da árvore morta, havia a marca da sua mão em azul. Ele encarou o brilho azulado que iluminou seu rosto, suavemente ela se aproximou do local confusa. A árvore era morta como todas as outras, mas era grossa e suas raíz saltavam para todos os lados. A música aumentou e se sentiu atordoar, a espada em sua mão começou a tremer. Como um clarão ela viu a floresta renascer, mas era diferente. Os animais, não era normais, alguns tinham assas e havia pequenas pessoas coloridas, era diferente, como um mundo que nunca conhecerá. Ela não conseguia se mover, mas quando olhou para árvore era mil vezes maior, nem mil homens conseguiriam rodea-la, havia cachoeiras saindo do topo de seus galhos, suas folhas brilhavam em dourado e verde, era exalava vida. A música, Kiyoko sabia de onde vinha, na árvore havia algumas mulheres (?), suas peles eram esverdeadas e tocavam instrumentos que ela nunca havia visto, no meio delas, havia outra, mas não dava para vê-la era apenas um brilho indescritível. A sua frente onde havia a marca da sua mão sumira, tudo que restará era um brilho azulado, e sua espada tinha o mesmo incandescer, por um momento, se viu vestida de uma armadura branca e dourada, com uma capa fosca, tinha um elmor branco e tinha algo em suas costas, algo diferente, ela conseguia mexer aquilo, era como se outro membro tivesse nascido ali. Ela lentamente olhou para trás, eram assas, grande e volumosas asas cinzas. Seus olhos brilharam com aquilo, mas logo sentiu algo tocar seu rosto, a mulher sem rosto que cintilava no topo, estava a sua frente. De repente como se mil toneladas de penas caíssem sobre seu corpo, ela se ajoelhou perante a moça. Em resposta a mulher nada disse, ela apenas parecia sorrir, Shimizu conseguia sentir isso. Ela segurou na mão da garota e a ajudou a levantar, sem dizer nada ela levantou a espada de Kiyoko e posicionou na frente na qual resplandecia o azulado, dessa vez, mais forte que antes. Ela respirou fundo e segurou com as duas mãos o punho da espada, e com leveza ela encaixou a espada na árvore. A música agora era ensurdecedora, o brilho voou por todos o ares, todo o local cantava e a alegria parecia apenas aumentar. Logo a divindade sorriu e beijou o topo do elmo de Shimizu e nesse instante tudo acabou.

Ela estava novamente sozinha naquela floresta escura, sua armadura tinha sumido, a música parado, e não havia mais nenhum corvo. Shimizu olhou para as próprias mãos confusas, como se algo estivesse prendendo suas mãos, mesmo sem entender o que estava acontecendo ela se virou a floresta e voltou a andar. Aquela cena poderia ser apenas loucura da sua cabeça, mas parecia realmente tão real. E aquela mulher? Quem seria? E aquelas coisas? Pessoas talvez? Nunca havia visto antes. A confusão em sua mente dominava, mas deveria continuar com sua missão.

Continuou a andar em direção ao sudeste, e por fim em uma rachadura. Uma terra onde havia partido-se ao meio e um grande abismo havia se formado. Não entendeu quando lá chegou, talvez devesse atravessar? Era longa demais e não havia nenhuma ponte, contudo logo viu uma pedra. Era como qualquer uma, mas era grande quase do seu tamanho, era impossível não notar, ela ficava perto da ponta do precipício, a rocha poderia cair a qualquer momento. Com hesitação, Shimizu se aproximou do objeto, de primeira viu que nada havia. Parecia uma rocha como qualquer, ela se aproximou mais um pouco. E havia, quase invisível, uma escrita nela, parecia ter sido feita por uma faca.

"Eles podem ter as garras da repreensão, mas nós temos as asas da libertação"

A frase era simples, contudo marcante, aquelas nas quais você escuta antes de entrar no campo de batalha. Ela seguiu a linha que o corte na última letra, e atrás da pedra, em um escondido, tinha um buraco para colocar, algo redondo, a moeda. Ela se agarrou à rocha e tomando cuidado para não cair, encaixou a moeda ali. Logo a terra começou a tremer, e uma escadas de pedras se formou. Ela segurou na primeira pedra e começou a descer, ela respirava fundo torcendo para que não caísse, já que não sabia quantos metros até a chegada do solo teria.

Na descida suas mãos doíam. As pedras da descida era pontiagudas e molhadas. Enquanto descia, seu rosto ficava sujo pela terra além das suas roupas se sujarem da mesma forma. Por um momento sua mão escorregou e ela ficou pendurada apenas com uma mão. Com sua respiração ofegante ela tentou se lembrar de todos os motivos para fazer aquilo, mas ela nunca poderia negar que o principal era Yachi. Sorriu com a lembrança da amiga, e que se demorasse demais, talvez nunca mais a veria. Tinha tanto medo de perder a outra. Respirou fundo e segurou a pedra com toda força que tinha e voltou a descer. Ela deveria ajudar as pessoas, não deveria se parar por medo de cair, ela poderia voar.

Sentia seus pulmões revitalizados e sua respiração controlada, seu peito batia forte, mas sem dor. Ela estava quase lá, Shimizu conseguiria, mesmo sendo apenas uma ômega, mulher e serva. Porque ela mostraria do que era capaz. Do que sempre foi capaz, os muros de um castelo nunca mais aprenderiam.

Todos os seus sonhos de ver a neve sempre que podia aconteceria. Ela acordaria cedo apenas pelo amanhecer. Ela sorriria apenas por sua vontade própria. Ela havia perdido seus amigos e a pessoa que amava, mas isso não impediria de conseguir de volta. Daria a eles duas moedas de prata e faria suas almas livres. Ela prometia segurando as pedras úmidas que dificultavam a descida.

Na última pedra, se viu em um local escuro, não havia luz ali. Ela tateou a parede em busca de algo, e achou um tipo de tocha. Sem nada para acender ela procurou por uma pedra, procurando com o pés achou uma perto do local. Sem se preocupar com os pequenos insetos que voavam e pousavam no seu rosto ela pegou sua espada e se sentou no chão. Colocou a tocha entre as pernas e passando a pedra na espada, tentou fazer faíscas. Na quinta tentativa o foco acendeu.

Caminhou até pelo local procurando algo, enquanto tirava o insetos do seu rosto. Viu um buraco na parede, e uma rachadura ao lado dele, quase de sua altura. Ela iluminou o local e viu algo no fundo dele. Hesitou, mas colocou a mão no local, sentiu uma corda e a puxou. Logo a puxou. A rachadura se abriu e logo viu. Diversas pessoas que faziam suas tarefas pararam quando a viram, o primeiro a se mover, foi um garoto baixinho com uma franja loira:

-O que faz aqui? - ele correu para frente dela. Shimizu teve certeza que se ele fosse um ABO, estaria usando seu cheiro para intimidá-la, notou pela afeição dele.

-Meu nome é Kiyoko Shimizu, sou uma ômega do Reino ômega, fui serva da família real por muitos anos, contudo estou aqui para me juntar a rebelião - ela fala na frente do menor, mas alto para todos os outros que estavam ali escutarem- sei que vocês sofreram mais do que eu, contudo sei tanto quanto vocês, que a era do Reino Alfa tem que acabar, que no fim somos todos iguais independente de ser um Beta secundário em qualquer história, um omega abusado em todo livro e um Alfa metido e rico em todo lugar.

-Ah - o garoto riu e sorriu - seja bem vinda a rebelião.

Beta War: O surgimento das asas.Onde histórias criam vida. Descubra agora