E Se Fosse Verdade? ( Sonho )

É verdade, mesmo!

Caminhei com a minha mãe de volta pra casa, agora eu via tudo de uma maneira muito diferente. Minha visão de mundo, estava completamente transformada.
- Entro já, mãe.
- Tudo bem - Disse ela.
Parei em frente ao Richard, e o observei. Ele poderia ficar ainda mais lindo? Sim, poderia!
- Você entendeu? Você... Você compreendeu? Viu, porque eu não poderia contar? Hum? - Perguntou ele, acariciando meu rosto.
- Vi.. Entendi e compreendi. Mas eu ainda quero saber de tantas coisas... Tantas coisas...
- Eu imagino! Você tem uma vida inteira pra descobrir, e eu, quero muito ter a oportunidade de te mostrar, um mundo maravilhoso que existe, paralelo a este em que vivemos.
- Um mundo paralelo... Tá aí, jamais pensei que viveria algo do tipo. Ah, e eu quero muito que você me mostre... Muito! - Me aproximei daqueles olhos cintilantes lindos, e o beijei - Te vejo amanhã?
- Você vai me ver, quando quiser!-
Ele beijou a minha mão e eu entrei. No meio do caminho, podia ouvir os outros olhos cintilantes brincarem com Richard, dando-lhe tapinhas nas costas enquanto riam e tiravam com a cara dele. Enquanto ele, sem vergonha como ninguém, agradecia e entrava na brincadeira. Ao chegar ao meu quarto, olhei pela janela e percebi que os olhos cintilantes estavam novamente sérios e focados, mantendo a atenção voltada para todos os cantos. Ouvi alguém bater na minha porta, para a minha surpresa, eram Joana e Diego.
- Viemos te importunar- Disse Diego - Se você aceitar nossa companhia, queremos ficar com você essa noite.
Abracei os dois, com lágrimas nos olhos. Eu imaginei, quantas vezes eles quiseram me contar algo e não puderam. Quantas vezes, Joana se sentiu mal por não poder me dizer nada.
- Me desculpe não ter te dito nada... Eu não podia.
- Eu sei... A lei dos Nefilins... Eu sei.
- Você deve estar cheia de perguntas, né? - Perguntou Diego.
- Estou. Poderia passar a noite aqui perguntando.
- Manda! - Disse Joana - Estamos aqui pra isso mesmo! Vamos compensar, os 17 anos de silêncio.
Embora eu estivesse um pouco assustada e cansada. Eu estava errada quanto a ficar sozinha. Eu amava tê-los comigo naquele momento, eu amava!
- Todos na cidade são Nefilins?
- De jeito nenhum! - Disse Diego - Sei o que você está pensando, Sophia não é uma Nefilim! Nem o Charles... Se essa for a dúvida, fique tranquila. Temos um grande legado de nefilins aqui, minha mãe diz, que vieram se esconder. Como Atlantic Hills é uma cidade muito pacata, eles imaginaram que os demônios e os seus adeptos não os encontrariam aqui. Criou-se uma barreira que chamamos de " Impenetrus" , é uma magia que impede os demônios de nos identificar . É como se a cidade não existisse pra eles... Mas, ficou claro que eles descobriram e a desfizeram...
- É por isso que não quero continuar em Atlantic - Disse Joana - Agora que você sabe quem é, já pode ir conosco ao mundo paralelo, e viver lá ! Podemos alugar um lugar para morar, arrumar um emprego, sei lá... Aqui não é mais seguro!
-Por que? O que eles querem? - Perguntei apavorada.
- Não sabemos... - Diego respondeu - Houve uma trégua entre nós... Os nefilins nascidos insubs e os nascidos insoluns não brigavam mais por conta dos humanos... Houve um código de ética, instituído por ambas as partes, quando os demônios e os anjos desapareceram... Sabe? Precisamos aprender a conviver com as diferenças quando eles sumiram, criar uma guerra já não fazia mais sentido . Mas, é óbvio que a natureza mágica esteve sempre presente nos descendentes." Insub " é como chamamos os descendentes dos demônios, e eles têm uns costumes péssimos! Os" insoluns "são os descendentes dos anjos, que modéstia parte, sao mais educados e tolerantes! É claro que você não vai decorar tudo isso hoje... Mas com o passar do tempo, as coisas vão ficando mais fáceis e você vai perceber que tudo se tornará mais natural.
- Eu espero mesmo! É muito confuso... Bate um desespero, quando penso que vou ter que reaprender tudo!
- Amiga, você vai se sair muito bem! O mundo paralelo é maravilhoso! Sabe as minhas férias inesquecíveis na casa da vó Jertrudes? Pois bem... É pra lá que eu vou. O chamamos de Ópus, o lugar mais seguro que já conheci.
-Mas, primeiro, temos que fortalecer sua magia! O portal só aceita seres mágicos! Se não conseguirmos aflorar sua magia um pouco mais, você pode ser expelida! - Diego dizia isso, super despreocupado. Como se não fosse nada!
- E como se faz isso? - Perguntei
- Treinando, ué! - Respondeu Joana. -Amanhã, depois que você se organizar na casa dos Sloan's, eu e o Diego vamos para lá, te ajudaremos a descobrir suas principais aptidões e suas fraquezas e principalmente, te ajudaremos a aflorar, todo o poder de dentro de você!
- Por falar dos Sloan's - Interrompeu Diego- O Richard e você...
- Estamos! Estamos namorando... Eu acho! - Respondi animada.
- Finalmente! - Disse Joana.
- Finalmente? ! Ceci, o cara te abandonou no dia do baile... E namorou a garota que mais te odeia, no mundo... Não entendo como você ainda pode sentir algo por ele...
- Sei que ele deve ter uma explicação, Diego... Ainda quero conversar com ele sobre isso, e ter a oportunidade de saber o que realmente houve... Não consigo crer que ele fez o que fez de propósito... Deve haver um motivo...
- Eu espero que haja- Disse Diego- Ele já sabe o seu destino amanhã?
- Ainda não contei.... Mas ele deve saber, né?!
-Amiga, é melhor que você diga logo... Pra evitar suspeitas..
- Joana, evitar suspeitas ? Você acha mesmo??? Não quero estar acima das suspeitas, quero mais é que ele saiba que não estou presa a ele, se formos mesmo ficar juntos, ele vai ter que confiar em mim.Não sou propriedade dele... Nem dele, nem de ninguém!
Nossa conversa foi interrompida, o Liam bateu na porta, desconfiado. Provavelmente estava ali para me levar à mansão.
- Achei que só iria amanhã - Respondi antecipadamente.
- Decidiram de última hora... Mas você pode ficar aqui se quiser, e amanhã decidimos algo.

Claro e direto. Senti um leve peso na consciência... Mas pelo que entendi, as coisas estavam apenas começando... Liam se foi, eu , Joana e Diego, começamos a organizar minhas malas, não dá para explicar o que eu estava sentindo, medo, alegria, amor... Tudo numa mistura de sensações, que me invadiam e se misturavam. Demoramos um pouco a dormir, os assuntos não se esgotavam, mas, por mais que eu quisesse saber sobre todo esse mundo novo, eu ainda era Cecília Little, de carne e osso... Um ser quase mortal, que precisava dormir.