E Se Fosse Verdade? ( Sonho )

Nada de novo!

Aquele era sem dúvidas o quintal mais maravilhoso de todos. O lugar estava todo aceso, com pequenas luzinhas que iluminavam o caminho até o pequeno lago. Havia ali uma ponte, que também estava iluminada com pequenas luzes vermelhas. Brinquei muito naquele quintal ...

- Calada demais... - Liam me analisou - Tá tudo bem?

- Tudo sim! É esse lugar... Esse lugar me traz umas lembranças estranhas da minha infância...

- Eu sei... - Agora eu tô assustada! - Sua mãe... Minha mãe... Amigas de infância... Histórias são contadas, Cecí... Não sou um assassino de mocinhas !- Ele sorriu com os olhos.

- Nem poderia ser... Provavelmente todas se apaixonariam por você- Flertei

- Você se inclui nessa frase?- Ele me encarava, e eu certamente estava ficando vermelha - Talvez... - Deixei no ar!- Qual é a sua, Liam? O cara novo na cidade, todo charmoso, misterioso...Sabe, caras como você não existem, então, é melhor contar logo!

- Contar logo? Você quer que eu entregue meus defeitos sem nem ao menos me conhecer? ... Acho que não! Se você quer saber a"minha", você vai ter que descobrir, Cecília.

Caminhamos até a ponte pequena que ligava duas partes do quintal. A vista naquele lugar, estava simplesmente incrível! Pequenas luzes sob o lago, o céu completamente estrelado, uma música anos 90 como fundo musical... Acho que era a Cristina Aguilera cantando... Muito cafona! Mas, quando eu olhava pra ele, nossa... Parecia uma visão bem cínica de tudo o que eu acho bonito em alguém... Tipo, como assim? Esse cara não pode ser real!

-Então me conta sobre você - Quebrei o silêncio - Quem é você, Liam Sloan?

- Eu... Bom, nada de interessante... Tenho 18 anos, sou filho único, precisamos nos mudar pra cá junto com meu pai... E minha mãe, que também atua no jurídico ...

- Sua mãe também é do jurídico ? ! Você não tinha mencionado isso antes... E porque precisávamos de um novo juiz com tanta urgência? Nunca houve nada de muito grande nessa cidade... Um roubo de chocolate aqui, uns latidos de cachorro ali... Nada preocupante.

- Não sei... Acho que vieram ajudar na área administrativa, ou algo do tipo, mas preciso dizer, eu gostei daqui, moraria aqui o resto da minha vida, sem sombra de dúvidas.

- Que bom! - Sorri desconfiada.

Ele, que estava ao meu lado, encostado no corrimão da ponte, agora levantou sutilmente, e parou na minha frente, ainda com os braços no corrimão, mas dessa vez, envolvendo a minha cintura. Agora sim, eu podia sentir o toque amadeirado do perfume dele, que bagunçava um pouco meu cérebro! Permaneci do jeito que estava, um pouco mais rígida, dura como uma pedra, tentando disfarçar meu nervosismo. Se eu não estava apaixonada por ele antes, agora, tranquilamente poderia ficar! Um vento frio jogou meus cabelos para o lado, deixando meu pescoço a mostra... Ele o encarou por um segundo e começou a se aproximar... A sensação... Era indescritível!

- Nervosa?- Sussurrou

- Por que ficaria?- Eu estava completamente arrepiada

- Não deveria!- Ele passou o narizinho pela lateral do meu rosto.

Sorri. Ele retribuiu.

- Você acharia precipitado, se eu quisesse...

Ele não conseguiu finalizar a frase, ficou todo esquisito, olhando de um lado para o outro, como se alguém estivesse esperando por ele, ou algo parecido.

- Tudo bem? - Interrompi - Você precisa ir? Não tem problema.

- Precisamos, na verdade! Vem comigo.

Ele colocou os braços nos meus ombros, e segurou meu braço com uma das mãos, havia uma certa tensão, que eu não conseguiria explicar, mesmo que pudesse. Saímos dali caminhando rápido, quase correndo.

- Tá acontecendo alguma coisa?

- Não.. Não fica assustada, sou um pouco super protetor... - Ele sorriu, um sorrisinho falso. Entramos novamente na festa - Fica aqui ! - Obviamente eu não ficaria! Mas, me sentei e esperei ele desaparecer no meio da multidão dançante. Procurei por alguém, e dei a enorme sorte de encontrar a Joana no meio das pessoas, com duas taças de espumante nas mãos, claramente doidona!

- Amiga!!!!! - Ela gritou na frente de todo mundo! - Você está linda demais!!!!! Nossa... Olha esse cabelo penteado e essa "make" de leve! Amei... A-MEI!

- Você tá bêbada, sua louca!

- Não tô não...Mais alegre... Com certeza mais alegre! - Ela sorria sem parar. Eu também não me segurei... Claro que ri junto com ela! - Vem ! -Joana colocou as duas taças em uma mesa qualquer e me puxou para o meio do salão - Vamos dançar! - Aceitei na hora!

Fomos para o meio do salão, e eu dancei como se nunca o tivesse feito antes, a maior pagação de mico! Olhei de relance e achei ter visto alguém... Richard ! Era o Richard! Olhei novamente e ele não estava mais... Parei um pouco a minha dança maluca e senti de novo algo ruim, eu definitivamente ainda estava perdida e "imbecilmente", apaixonada por ele. Decidi que era hora de ficar maluca... - Vou pegar uma bebida!

- Também quero! - Respondeu Joana.

Caminhei o mais rápido que pude em direção ao barman, quando fui abordada por um estranho,um cara baixinho, de paletó, cabelos pretos, um bigode esquisito, óculos escuros...Óculos escuros?! Enfim, completamente transtornado, segurando uma caixinha cor de rosa.

- Pra você! - Disse ele, sem me dar a chance de recusa. Praticamente jogou a caixinha em cima de mim. Tirou os óculos escuros, arrancou uma das lentes, e quebrou atrás da minha cabeça, esmagando- a entre meus cabelos, colocou a lente que sobrou na minha mão direita, tendo o cuidado de fechá-la. O homem virou-se rapidamente, correndo para a saída, atropelando todos que estivessem na sua frente. Eu o segui, corri atrás dele... Quem era esse maluco? O que ele queria comigo? até que, por um minuto eu parei, ouvi uma coisa estranha... Um Tic tac que vinha de algum lugar... Parei o que estava fazendo e me concentrei no barulhinho, era a caixinha, que foi tomada da minha mão rapidamente por alguém. Richard, eu sabia que ele estava lá! Ele jogou a caixinha cor de rosa para cima e abaixou-se me protegendo com seu paletó,apertando-me em seus braços, em segundos ouvi a caixa explodir no ar, despedaçando o candelabro de vidro preso ao teto da mansão.

Olhei pra ele assustada, completamente transtornada. A música parou.

- Vamos encontrar sua mãe e dar o fora daqui. - Ele permaneceu com o paletó nos meus ombros, me abraçando com força , como se estivesse me escondendo de algo.

- A FESTA ACABOU! - Alguém gritou.

A pessoas saíram correndo, todos assustados . E com razão!