A primeira batalha de uma guerra

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Saí do quarto, assustada e sonolenta. Caminhei no escuro, aquele lugar era grande demais, mesmo que eu quisesse, nunca encontraria um interruptor! Andei encostada na parede, passando minhas mãos por ela, na tentativa de encontrar algum modo de acender uma luz. Topei em algo, não sabia o que era, resolvi apalpar e eu não pude acreditar, aquilo parecia... Não... Não podia ser! Me ajoelhei, em meio à escuridão total daquela casa, e comecei uma busca, por algo, por alguém... Esbarrei em uma coisa que mais parecia uma lanterna, e era uma lanterna! Eu a acendi, ela funcionou e acabei dando de cara com o cara de porco... caído no chão, morto... Na verdade, ele estava completamente destroçado! Meu susto foi tão grande, que acabei largando a lanterna no chão. Ela caiu, fazendo um barulho estrondoso e apagou. Corri em direção contrária, dando uma volta no andar de cima, até que ouvi alguém, alguém com passos firmes, o cheiro do lugar mudou rapidamente... E o que eu sentia naquele momento, era uma cheiro terrível de podre, que se aproximava de mim, na mesma velocidade em que o medo aumentava.

- Eu sei, que você está aí... Não pode se esconder, criança...

Meu coração batia tão forte, que eu podia ouvi-lo, em meio aquele silêncio terrível .

- Eu posso ouvir o som do seu desespero e do seu medo! Pobre criança, tão despreparada, tão cega! Você não entende mesmo, não é? Não sabe quem é... Pobre coitada!

Eu continuava andando, na expectativa de encontrar alguém e sair daquele lugar.

- Você sabe quem eu sou? Me chamo Victória! O seu pai, seu querido papai, teve noites maravilhosas comigo! Soube que acabou morto... Mas, não se preocupe, ele era uma ofensa aos Nefilins ! Tão inútil quanto a sua mãe.

Senti meu corpo esquentar... Assim como aconteceu com o Bigode, assim como aconteceu com o Liam... Continuei caminhando até que esbarrei em algo, um vaso de prata que acabou caindo no chão. Aquela coisa horrenda partiu pra cima de mim, era como se... Era como se ela voasse... Era mais um vulto negro. Aquele vulto veio em minha direção, e eu corri, como se eu pudesse de fato me esconder. Algo em meu pescoço começou a brilhar, como uma lanterna mesmo! Sua luz aumentava de intensidade, era como se estivesse tentando me proteger.

- Quem te deu essa pedra?

Pedra?

Toquei em meu pescoço, havia algo lá... Uma pedra transparente, eu tinha ganho da minha mãe quando mais nova, mas não me lembro de tê-la colocado.

- O que você quer?

- Pergunta errada, minha querida... Tire este colar do pescoço, ou eu mato seu namoradinho...

- Richa..

- Sim... Richard! - Ela fez um movimento com as mãos, e eu pude olhar com atenção... Era ele, ele levitava, ensanguentado, ferido, inconsciente... - Seu namorado, me capturou uma vez, mesmo na minha forma humana, ele resistiu, é um homem forte, do jeito que eu gosto... Fui torturada na prisão de Ópus... Tudo por culpa dele! Bom, eu vou ter redenção dupla esta noite, dois coelhinhos apaixonados, numa cajadada só!

- Solta ele, solta ele e eu tiro o colar...

- Não senhora... Me entregue o colar e eu o libero!

Olhei para os dois lados, percebi que estava perto da cozinha. Haviam Insubs por todos os lados, mas o caminho para a cozinha... estava aparentemente, livre. Arranquei a pedra do meu pescoço, respirei fundo, joguei- a próximo a mim, e corri, desesperadamente para a cozinha. Em cima da mesa havia uma coleção de facas, peguei uma e derrubei o restante no chão.

Victória entrou no local e lentamente me procurou, seu cheiro podre a denunciava...

-Você não pode se esconder, sua tola! - Ela parou em minha frente, e sem que eu pudesse me defender, me deu um tapa no rosto, que fez a faca cair da minha mão. Aquele tapa, me lançou para o outro lado da cozinha, e eu caí, em meio aquele chão imundo de sangue. Tentei me levantar, mas senti uma dor terrível que invadia meu corpo, uma dor forte na perna. Victória me esfaqueou pelas costas e rasgou minha perna. Soltei um grito fino e alto, a dor era tão forte, que eu cheguei a achar que morreria, ali mesmo. Continuei tentando me arrastar, enquanto sentia minha pressão baixar. Ela me ergueu pelos cabelos, batendo minha cabeça em um espelho enorme, no bar da cozinha, senti os estilhaços entrarem na minha pele, mas consegui pegar um pedaço pontudo de vidro, e sem que ela percebesse a golpeei no olho esquerdo, rasgando seu rosto.

E Se Fosse Verdade? ( Sonho )Onde histórias criam vida. Descubra agora