De volta à Terra, Lard caminha entre a multidão, como Dr. Lau...
Na faculdade onde leciona história do mundo (ninguém melhor que Dr. Lau para conhecer a história do mundo), ele dá de cara com Zoira em um dos corredores do campus.
— O que... Zoira!?
Com as mãos cheias de livros, Zoira caminha apressada para a sala de aula, despercebendo o seu professor.
— Como eu nunca dei atenção... Ela sempre esteve tão perto de mim... — Dr Lau murmura a sós.
E mesmo tentando, Lau não consegue se concentrar em dar aula. E para ninguém em particular se admira de sua beleza.
— Como ela é bonita... Ah, Zoira! se você soubesse...
No laboratório, Nozek pergunta ao seu mestre:
— O Sr. irá manter em segredo sua identidade para Zoira?
— Eu não posso me envolver com ela, muitas mulheres que amei as vi morrer ao passar dos anos, rainhas, guerreiras, deusas... Todas morreram diante os meus olhos.
— O Sr. É imortal... — ressalta o motivo.
— Sim... E esta é a maldição das trevas, não posso amar ninguém. Apenas cuidarei de Zoira.
— O amor é inevitável, senhor, e Zoira é inocente e linda! Ela precisa saber que Lard e o seu professor são na verdade a mesma pessoa, assim ela irá entender. Afinal ela deve está muito confusa com toda essa estória de Lard e o mundo de Gad.
— Você tem razão Nozek, ela precisa saber...
Em outra ponta da cidade...Zoira pensativa caminha em sua varanda.
— Onde ele estará? Em algum outro mundo distante e negro, lutando por alguém? Toda noite o espero, todas as noites, as mesmas luas. Mas, Lard nunca vem. Como posso encontrá-lo?
Já é madrugada, quando um brilho cria forma ofuscando os seus olhos.
— Lard! Pensei que nunca mais o veria.
— Eu estarei sempre perto de você.
— Onde passa os dias? Em algum mundo distante?
— Bem mais perto do que você imagina.
Lard sente uma vontade enorme de se revelar e tê-la em seus braços para sempre...
Mas será que Zoira está preparada?
Zoira também não consegue esconder por Lard os seus sentimentos e sem controle e domínio dos seus impulsos, subitamente surpreende o vigilante das sombras com um beijo, um longo beijo, selando naquele instante o início de uma inesperada paixão. Ambos estão perdidamente apaixonados.
Seu instinto protetor, sempre responsável, fala mais alto que suas vontades.
Em algum lugar próximo ou distante, tem sempre alguém pedindo socorro, afinal esse é o seu ofício, proteger quem sucumbe nas sombras da noite.
— Tenho que ir Zoira. — Lamenta à moça.
No caminho Lard encontra um casal sendo atacado por uma gang de rua. Assaltando e abusando uma moça.
— Larguem a mulher! Grita Lard.
— Quem diabos de cara é esse? Saiu de alguma loja para criança?
O outro, com canivete, tenta atingir Lard, mas, o pobre infeliz não tem noção de quem está à sua frente
Lard com sua força e habilidade, joga-os contra a parede, deixando todos sem ação. Lard não usa a sua magia e poder contra os humanos.
— Vocês estão bem? — Pergunta ao casal.
— Estamos, muito obrigado, muito obrigado. — Responde o rapaz.
— Não esqueçam... Andem sempre sob a luz.
O casal segue seu caminho enquanto os malfeitores continuam caídos como esquecidos da vida.
No outro dia na faculdade...
Dr. Lau ouve uma voz em apuros e ele tem certeza que aquela voz é...
— Zoira!!!
— Largue o meu braço Will, você sabe que eu não vou sair com você!
— Mas, o que está acontecendo com você? — Pergunta contrariado o rapaz.
Lard toca o ombro de Will para afastá-lo de Zoira. E sem mesmo olhar para trás. Will esmurra o professor deixando-o zonzo, caído no chão...
Lau aceita o golpe pois sabe que não pode revidar nem usar seus poderes sem ameaçar a sua identidade. Pois mesmo humano, Lau tem a força e habilidade de Lard. A luz apenas tira o poder dos anéis e de sua magia.
— Seu estúpido!!! Viu o que você fez? — corre Zoira tentando ajudar Lau.
Vendo a atenção de Zoira para com o professor se exalta.
— Então é com esse professor idiota que estás saído?
— Chega Will! — grita Zoira — Saia daqui!
O rapaz se afasta levando toda sua ira enciumada.
— Doutor, o senhor está bem?
— Sim.
Me desculpe, pensei que ele estava te machucando.
Lard levanta-se, fingindo-se tonto.
— Will é apenas um tolo que pensa que todas as garotas gostam dele.
— E você não? — Pergunta como se não quisesse nada.
— Claro que não doutor. Meu coração pertence a alguém que não é desse mundo... — fala meio baixinho.
Lau por um instante se contenta em saber que Lard é o dono daquele coração puro e sonhador.
— E quem é o rapaz de sorte?
— Minha aula está começando, até logo doutor — Zoira tímida escapa da pergunta correndo para a sala de aula
Zoira caminha em direção a sala de aula deixando ali o seu amor misterioso, tonto e meio sem jeito.
Após a aula, no caminho para o laboratório, Lau não vê, mas pressente que alguém das profundezas está ali com ele. Caminhando entre as pessoas, analisando e planejando o seu terror.
Lau observa atentamente ao seu redor, todos andam felizes e apressados, cada um no seu rumo.
"Quem estará aqui?" se pergunta.
Cada vez mais próxima e forte, a presença deixa Dr. Lau ainda mais curioso e atento.
A criatura vê que aquele homem tem algo a mais que um simples humano, fareja seu inimigo, passa e desaparece.
O monstro grande, olhudo, braços longos e grossos, chifres e cara de animal... É mais um dos discípulos do mal que vem à Terra aterrorizar.
À noite Gog se materializa e sua presença diabólica espalha medo até mesmo aos habitantes das sombras.
Gog entra em um estabelecimento onde muitas pessoas se divertem. E evoca Lard
— Apareça Lard! Ou veja como Gog esmagará impiedosamente toda essa gente deprimente.
Uma energia sai das suas mãos destruindo parte do ambiente. Todos apavorados se esbarram tentando, juntos, a mesma saída. Gritos desesperados tomam conta do espetáculo.
— Chega Gog! Estou aqui.
— Hahaha! Lard o vigilante das sombras, o protetor desses animais indefesos, hoje Gog levará as últimas confissões do seu fim. — Provoca Gog.
Uma luz violeta sai dos seus olhos atingindo em cheio e jogando Lard contra a parede deixando-a em escombros.
Lard enfrenta um inimigo poderoso e mau, não será fácil baní-lo da Terra. Mas, Lard luta com força e determinação.
O monstro destrói tudo que vê como se fosse simples brinquedos. As pessoas correm por entre os destroços. Uns choram, outros gritam
— Meu Deus! É o fim do mundo! — Alguém grita em meio à multidão. E outros
correm em direção aonde o medo os levar.
Gog não dá descanso, proferindo golpe após golpe deixando Lard enfraquecido, sem chance de usar a magia dos anéis. Lard sabe o momento certo.
— Este é o filho de Hor? — continua provocando a criatura — Levarei noticias para seu pai. Um filho tão fraco e covarde quanto os humanos que protege.
E continua.
— Venha! Enfrente a fúria de Gog! Seus dias de guardião acabaram. Hoje você não passará de tristes lembranças para este planeta.
Lard se prepara para finalizar aquela batalha, quando um portal se abre entre os dois. Primeiro Gog é arrastado pelo círculo luminoso, Logo Lard também segue seu inimigo.
Um vácuo frio e escuro, nada de existência e luz.
Depois de algum tempo vagando no nada, ambos caem num imenso salão de portas e arcos imensos, imagens, estátuas nas paredes... A casa do mal.
Um altar de degraus desalinhados, um trono e uma fera, uma besta sentada. Entre eles, uma enorme vala sem fim deixando o trono impenetrável. E como um caçador, exibe várias cabeças de monstros nas paredes, como se empalhados.
A besta grita em direção a Lard.
— Levanta-te foi para isso que te dei o poder das trevas, a imortalidade!
Lard reconhece aquela voz grave forte como um trovão.
— Hor, meu pai.
No outro canto, Gog também se recupera da sua brusca chegada.
— Por que nos trouxe? Justo no momento em que estava acabando com ele!
— Cale-se! — ordena Hor — Você terá a sua chance de provar o que está dizendo.
— O que quer de mim, Hor? — Lard pergunta sem paciência.
— Tive o domínio e a obediência de Nero e todos os Cezares maus dignos de sua honra, sobre os continentes que se degladeiam, sobre os mares revoltos, os abismos, os tiranos, dráculas, ciclopes e todos os anticristos. Um reino que se estende por todo o universo e um único senhor, eu! Hor.
Hor continua seu discurso.
— Você é o herdeiro de todo esse domínio, milhões de escravos a seu serviço. É hora de assumir o que é seu de direito. Gad terá seu novo rei! Ele será cruel, impiedoso e devastador, continuará a dinastia e quando completar a milésima lua negra, perderás totalmente sua parte humana. Tornando-se puro sangue mau.
Foi por isso que eu o trouxe...
Lard o interrompe.
— Esqueça Hor! Você sabe que eu não pertenço mais à sua família, eliminei o último vestígio de parentesco diabólico com você.
— Isso mesmo Hor! Eu, Gog, serei o novo rei!
— Cala-te monstro infeliz, ou te acorrento por mil anos.
Hor volta-se apara Lard.
— Tu serás sempre o meu filho, o herdeiro. Porque assim está escrito, serás deificado entre os súditos e honrarás as sagradas escrituras e teu pai. Tudo virá a ser teu.
"Que insídia esta que me acomete?" se pergunta Lard.
— Se tu dizes que és meu pai, porque então armas tamanho jogo contra o teu filho? — indaga Hor. E prossegue.
— Já me rebelei contra ti e teu império. Hoje tenho o poder da revelação. A magia dos anéis que me foi dado pelos anjos das trombetas para combater o teu poder. As trevas serão um dia iluminadas e minha maldição, a tua maldição, cairá ao chão, então serei livre à luz do sol e da magia negra. As noites serão livres do mal. Os teus discípulos serão aprisionados nas crateras profundas e ferventes do inferno, onde não haverá como fugir.
A Terra viverá seus dias em paz! Como foi o objetivo da criação. E o teu reino virá as ruínas.
Inconformado com o discurso do filho, Hor solta um berro assustador, levantando-se do trono.
— Ah! Obedecerás o teu pai ou sentirás a sua ira. Somente esta escolha definirás o teu futuro e o futuro do teu povo. O reinado das trevas nunca terá fim. As trombetas cairão e tu cairás com elas se não estiveres do meu lado.
— Esqueça Hor, eu sou Lard, o vigilante das sombras, eu vivo porque tu vives e mais ainda para desfazer e impedir a tua maldade. Lutarei, se preciso, por toda a eternidade para que não domines a Terra. É melhor que retire todos os teus discípulos e que não penetrem mais lá. — Ameaça Lard.
— Muito tarde Lard, eu sempre escravizei os humanos. Existem muitos humanos maus, esses são meus verdadeiros discípulos. O ódio, a ira dos deuses, a ambição, o orgulho, o desejo da carne que trai e descontrola a mente... Essas são as minhas principais armas aos homens. Penetro em sua consciência e as domino. Não os forço apenas provoco e observo. Eles mesmos se deixam dominar. São fracos, incompetentes, inservíveis.
Porém Lard não desanima.
— Mas enquanto existir um só... Um só homem bom, que não deixe se tocar pelas tuas facilidades, tuas visões, eu lutarei por ele. E, enquanto houver uma fresta sequer de luz, eu estarei lá para ampliar e espanai-la por sobre a escuridão.
— Se esta é tua vontade, não terás outro caminho. Te tornarás tão fraco quanto os humanos e te destruirei feito um rato.
Diante disso, Hor se prepara e usa seu poder contra Lard.
Lard vê que ali poderá ser o seu fim. Hor é muito poderoso, seu poder não há comparação. Lard não vê outra saída. E com um salto se deixa cair na vala escura sem fim...
— O que ele fez? — grita Gog — Ele nunca mais sairá do precipício. Meu mestre, estou aqui a tua disposição...
Enquanto isso, Lard cai mais e mais na negrura do vale profundo.
— Saia Olhos de fogo! Leve-me para o alto!
O falcão abre asas, sai do anel prateado com seus olhos brilhantes, agarra-o pelos braços. Com suas longas asas negras sob Lard, levando-o para o outro lado do abismo: O trono de Hor!
— Obrigado olhos de fogo... — Lard agradece ao falcão.
Gog espantado pergunta:
— Como ele fez isso?
— Eu sabia que não terminaria assim! — Diz Hor levantando-se do trono — Somente você, sangue do meu sangue, com sua astúcia, coragem e inteligência poderia vir até mim. Você é muito destemido meu filho — Admite Hor — mas, não é o bastante para me confrontar.
Da beira do abismo se ergue uma grade fechando todo o círculo. Mesmo como filho de Hor, Lard nunca esteve tão perto do trono. Nunca se atreveria vivendo sob suas ordens.
Por isso, Lard está num lugar desconhecido e sabe que um passo em falso pode lhe ser fatal.
Hor tenta atingir Olhos de fogo. Mas este mergulha no abismo desaparecendo na negrura da vala. Lard observa vários degraus para chegar até Hor e cada um pode revelar uma surpresa.
Lard sente a magia do lugar muito forte. Dali sai todo mal que penetra cada lar, cada ser vivo. A busca nunca esteve tão próxima de acabar. E o desenlace dessa busca pode ser aqui, com Lard tendo o seu fim.
Lard sabe que Hor subestima o seu poder, ignorando sua coragem.
E com a espada de dois gumes Lard rasga os degraus que dão subida ao trono, destruindo todas as surpresas que poderiam vir contra ele.
Hor atento, vê que Lard não é tão néscio quanto esperava...
Do lado de fora, o vilarejo e em toda Gad, todos já sabem do confronto de Lard contra Hor. Os espíritos do mau se unem para se juntar ao seu rei. Enquanto os pobres escravos anseiam pela destruição.
Raios cortam o escuro do céu, os pântanos se agitam, feras descontroladas nas rochas e selvas... Será o fim de Gad?
Em outro lugar, bem mais quente que Gad, bem mais profundo que as trevas, onde o mal não é apenas mal, o inferno.
O inferno que Dante caminhou. O inferno dos homens perdidos, a morada do demônio. Onde as bestas-feras dormem, os anjos malditos passeiam. Os vulcões não descansam. Gemidos e "ais" suplicam nas chamas dos poços de lavas escaldantes.
Um lugar onde pesadelos não existem, caveiras são gente e gente não é nada...
Buracos sem fim. Onde a morte julga e condena, onde não chove, onde não correm os rios, onde tudo queima. O inferno que nenhuma mente pode imaginar. A besta de longa calda, chifres e patas vorazes. O anjo que virou serpente, Lúcifer, o demônio, o satanás, não importa o nome, são todos um e estão em todo lugar.
Arconk, seu filho, o enviado para dominar a Terra, o inimigo infernal de Lard, se prepara para controlar a Terra e ter o seu encontro final com o vigilante das sombras.
Arconk não pode desapontar seu pai. Ele sabe que com o demônio não se tem perdão.
Sua vinda deverá ser tão aterrorizante e destruidora que não haverá salvação...
No início, Gabriel (Lúcifer) caminhou sozinho por entre as montanhas e abismos, depois de perder a tal batalha contra o bem. Caminhou durante séculos juntando em toda parte soldados para o seu exercito. Fincou seu reino nas trevas ardentes, no fogo e tornou-se dominador dos fracos.
Ele criou suas armas e penetrou na mente dos homens. Lançou contra o universo toda sua ira e revolta. Domou feras e dragões, esculpiu seu castelo nas rochas ferventes. Revelou sua imagem aberrante, lançou seu cetro na Terra espalhando maldade em cada grão de areia.
Foi lá que ele gerou seus filhos das ninfas rebeldes, filhas das sombras e deu nome a sua morada... Ali completou o seu reino...
Lúcifer está acima de todos e de tudo o que se refere ao mal, até mesmo de outro anjo rebelde que saiu da mesma revolução e tornou-se tão mau quanto ele, formando seu próprio mundo, Gad.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lard - O Eclipse
AdventureRegistro de Obras: 312234957 Um herói que tem a capacidade de voltar ao passado em pontos importantes da história e poder assim salvar ou melhorar a situação, devido aos seus conhecimentos como terráqueo, de ser professor de história de uma univers...